Champions LeagueItália
Tendência

Juventus oficializa saída da Superliga e abandona Barcelona e Real Madrid

Dois anos depois do fracasso retumbante da iniciativa de criar a Superliga, a Juventus abandona o projeto e deixa apenas Barcelona e Real Madrid

Em abril de 2021, o mundo ficou chocado com o anúncio da Superliga Europeia. Os 12 clubes que a fundaram tinham o objetivo de criar uma competição que substituiria a Champions League, montando um clube fechado com os clubes mais poderosos e ricos do continente – exceto por Bayern e PSG, que não entraram na insanidade. Dois anos depois do colapso, depois de trocar de presidência e de ser punida por fraude financeira, a Juventus, enfim, anunciou que deixará a Superliga, que passará a ter apenas Real Madrid e Barcelona.

Após anúncio da intenção de saída no dia 6 de junho, a Juventus formalizou o pedido para deixar a Superliga nesta quinta-feira, dia 13 de julho. Na época do primeiro anúncio, o clube fez questão de ressaltar que não sofreu ameaçadas da Uefa para tomar a decisão. O clube está passando por escrutínio na entidade que comanda o futebol europeu pelo caso de fraude que levou à sua punição na Itália e ainda pode sofrer punição, como a exclusão de competições europeias.

“Com relação aos rumores que apareceram hoje na imprensa, a Juventus Football Club SpA (“Juventus” ou “Empresa”) informa que mandou uma comunicação aos outros dois clubes que, como a Juventus, não deixaram o Projeto Superliga (Football Club Barcelona e Real Madrid Club de Futbol) para começar um período de discussão entre os três clubes em relação à possível saída da Juventus do Projeto Superliga”, dizia comunicado da Juventus no dia 6 de junho.

“A Empresa irá proceder com toda a comunicação nos termos da lei após o resultado da interlocução e avaliações relativas ao assunto acima, esclarecendo que muitas das versões reconstruídas publicadas pela imprensa sobre o conteúdo da comunicação (incluindo qualquer referência a alegadas ameaças de potenciais sanções da Uefa) não são verdadeiras”, diz ainda o comunicado.

  • Um dos idealizadores da Superliga, Juventus confirma saída
  • Saída depende de autorização de Barcelona e Real Madrid
  • Sem a Juventus, projeto da Superliga terá só Barcelona e Real Madrid
  • Anúncio do projeto da Superliga durou 48h entre anúncio e colapso em 2021

Saída depende de autorização de Barcelona e Real Madrid

Nesta quinta-feira, em novo comunicado no site da Juventus, o clube ressaltou a sua intenção de deixar a Superliga e formalizou o pedido aos dois clubes restantes na iniciativa. “Em referência ao nosso comunicado anterior datado de 6 de junho de 2023, segundo o qual a Juventus anunciou o início de um período de negociações com o Real Madrid e o FC Barcelona, ​​não tendo os clubes até então anunciado a intenção de abandonar o projeto da Superliga, em relação à decisão proposta da Juventus de saída do referido projeto”, diz o texto.

“Na sequência destas discussões, e tendo em conta algumas divergências de interpretação dos acordos aplicáveis ao Projeto Superliga, a Juventus confirma que iniciou o processo de saída do referido Projeto, lembrando que, nos termos das disposições contratuais aplicáveis, para que a retirada produza seus efeitos, é necessário o consentimento prévio do Real Madrid, do FC Barcelona e dos demais clubes envolvidos no Projeto Superliga”.

A informação sobre a autorização dos demais clubes é nova e adiciona mais uma camada. Barcelona e Real Madrid autorizarão a saída da Juventus? Me parece improvável que tenham força para impedir, mas pode ser uma barreira burocrática que atrapalhe o clube italiano.

A saída da Juventus acontece com dois anos de atraso, já que a Superliga já está mais do que morta. Ficar lá parecia defender o indefensável em um movimento fadado a não só fracassar, mas a passar vergonha. Nunca é tarde para parar de ser ridículo. Mesmo que tenha demorado demais.

Como foi o projeto da Superliga Europeia?

Vamos relembrar essa linha do tempo da patacoada que foi a Superliga Europeia. Na calada da noite do dia 18 de abril de 2021, a Superliga Europeia foi anunciada. A ideia de romper com a Uefa é estudada há muito tempo, mas foi a primeira vez que foi colocada em prática. Eram 12 homens e um desejo: destruir o futebol europeu. Como sabemos hoje, foi um fracasso. Foram muitos protestos de torcedores. Da criação ao colapso, a linha do tempo da implosão da Superliga teve 48 horas.

Daqueles 12 clubes iniciais, nove desistiram. Só restavam Juventus, Real Madrid e Barcelona, que seguiram insistindo na ideia. Joan Laporta e Florentino Pérez, por exemplo, seguiam dizendo que a Superliga “era necessária”.

Andrea Agnelli, então presidente da Juventus, não ficou atrás e continuou defendendo cinicamente a Superliga. Até mesmo quando deixou o cargo de presidente, em janeiro de 2023, Agnelli defendeu a Superliga.

A insistência de Andrea Agnelli para fazer parte da Superliga e seu posterior fracasso deixaram marcas na conturbada relação do ex-presidente com John Elkann, CEO da Exor, holding que controla a Juventus, a Ferrari, a Stellantis, grupo automotivo que inclui a Fiat e a Peugeot, além do grupo The Economist, que possui a prestigiosa revista e site de economia.

O fracasso da Superliga foi encarado como um fracasso também de Agnelli, em particular. O caso das fraudes só reforçou uma ideia dentro da Exor que Andrea Agnelli tinha que sair do comando do clube, o que aconteceu em janeiro, um ano e nove meses depois do colapso da Superliga. Toda a diretoria da Juventus deixou seus cargos.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
Botão Voltar ao topo