A recuperação do Barcelona passa por este garoto — e mais motivos que te contamos
Barcelona de Xavi Hernández avançou para as quartas de final da Champions League após quatro anos mostrando evolução - na ida e na volta

O 2023/24 do Barcelona vinha em ebulição quando, em janeiro desse ano, o técnico Xavi Hernández anunciou que deixaria o cargo ao término da temporada. A decisão veio após uma duro 5 a 3 para o Villarreal, resultado que veio depois dos Culés sofrerem 4 a 1 do rival Real Madrid na Supercopa da Espanha e serem eliminados pelo Athletic Bilbao na Copa do Rei. Tomar essa medida extrema deve ter sido muito difícil para o treinador espanhol, ídolo como jogador, mas, ironicamente, parece que causou um bom efeito no elenco.
Desde o revés para o Villarreal, o Barça não perdeu mais: são nove jogos de invencibilidade, com seis vitórias e três empates. Os pontos somados em La Liga garantem praticamente o clube na próxima Champions League, apesar do título nacional ser uma tarefa quase impossível pela vantagem do Real — seja em pontuação ou futebol jogado.
Como Xavi conseguiu tirar a pressão com seu anúncio?
De certa forma, parece que Xavi chamar a responsabilidade para si e anunciar a saída tirou um pouco da pressão insuportável que o elenco e comissão técnica vinham sofrendo. Diminuir essa panela de pressão no clube também ajudou na evolução dos garotos, que hoje tem papel essencial por conta das seguintes lesões vividas no grupo de jogadores.
Um trio de La Masia, em específico, chama atenção no período. Lamine Yamal, que já vem fazendo história nesta temporada ao ser o mais jovem a marcar gol na história do Campeonato Espanhol, se tornou uma peça importante à direita do ataque. O brasileiro Raphinha até foi deslocado para esquerda na última partida por conta da evolução da joia de 16 anos, que se destaca pela velocidade e boa capacidade de mudança de direção nos duelos mano a mano.
O zagueiro Pau Cubarsí, um ano mais velho que Yamal, é outro bom exemplo de como o período sem pressão o ajudou a evoluir no ano de estreia no profissional. Destro, o defensor tem ótima saída de bola, capacidade de lançamentos e joga até pela esquerda da zaga, como na última terça-feira (12), quando foi eleito o melhor em campo na vitória por 3 a 1 frente ao Napoli. Inclusive, nesta partida, o meia Fermín López, de 20 anos, marcou o gol inaugural do placar e, com as ausências de Frenkie de Jong e Pedri, é titular no meio do Barça.
? Pau Cubarsí, ídolo em tempo recorde. ?
? #MadeInLaMasia ?❤️ pic.twitter.com/HppewCcHcR
— FC Barcelona (@fcbarcelona_br) March 13, 2024
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Barcelona passou a saber se adaptar: e isso faz toda a diferença
Para além dos resultados e valores individuais, o time teve desempenhos interessantes e mostrou adaptação a diferentes contextos. A posse de bola, tão marca da filosofia catalã desde que Johan Cruyff e Rinus Michels plantaram a semente na década de 70, ainda é uma realidade. Nos 41 jogos de 23/24, o Barcelona de Xavi teve mais a pelota que o rival em 39 deles. As únicas duas exceções são nas vitórias por 1 a 0 frente a Real Sociedad, ainda em novembro do ano passado — antes da demissão —, e o 3 a 1 no Napoli de ontem, que rendeu a classificação às quartas de final da Champions após quatro anos longe.
Os italianos tiveram levemente mais a bola, mas quem levou mais perigo foi a equipe de Xavi, que preferiu apostar na intensidade para criar chances e sufocar o rival. Em alguns momentos, ao invés de rodar a posse com paciência e ocupando os espaços como pede o jogo posicional, o Barça quis verticalizar o jogo e contra-atacar. Assim que criou o segundo gol, marcado por João Cancelo após chute de Raphinha na trave. No total, foram 24 finalizações dos catalães contra 14 dos napolitanos.
Esse cenário do jogo de volta foi até próximo do que vimos na ida, quando o Barça também jogou melhor, criou mais, só que desligou no fim e permitiu que o Napoli empatasse. Nesta ocasião, a posse ficou 51{62c8655f4c639e3fda489f5d8fe68d7c075824c49f0ccb35bdb79e0b9bb418db} para o lado azul-grená, o terceiro menor índice da temporada. Isolado, o número de quanto tempo a bola passa no pé de um time não diz muito sobre o que acontece nos gramados, mas ao acompanhar o Barça nas duas eliminatórias deu para ver o time que preferiu se adaptar ao adversário e ceder um pouco de campo para segurar a vantagem.
Ainda assim, Barcelona é (muito) zebra na Champions League
Tudo isso, no entanto, não quer dizer que o Barcelona terminará a temporada com o título europeu. Seria uma completa zebra, seja pelo nível regular de 23/24 (apesar da melhora recente) ou pela qualidade dos rivais Real Madrid, Manchester City, Arsenal e outros. Xavi, inclusive, afastou qualquer boato que possa ficar no Barça mesmo que vença a Champions.
— Neste momento, é impossível para mim mudar a minha decisão. Vou deixar o clube no final da temporada. Vocês (jornalistas) ficam me perguntando se ficarei se vencermos a Champions League. Não, eu não vou. Meu futuro não mudará. Minha resposta não mudará. Eu irei embora no final de 2023/24 — garantiu Xavi após a classificação às quartas da competição.
Os Culés ainda não sabem quem enfrentarão nas quartas porque o sorteio só acontece nesta sexta-feira (15). Não há mais bloqueios de país ou grupo, podendo enfrentar qualquer um entre City, Real, Arsenal, PSG, Bayern de Munique, Internazionale ou Atlético de Madrid e PSV ou Borussia Dortmund (os dois confrontos acontecem nesta quarta). Quem sabe uma sorte no chaveamento faça clube avançar ainda mais na competição.
O Barcelona volta a campo neste domingo (17), quando visita o Atlético de Madrid pela 29ª rodada do Campeonato Espanhol.