Não dá para dizer que a defesa do Internacional foi boa em 2023 — mas também não foi ruim
Com trocas de peças e estilo de jogo, defesa do Internacional viveu bons e maus momentos na temporada 2023
O Internacional teve um 2023 de oscilações que também valeram para sua defesa. Com dois estilos de jogo distintos, sob o comando de Mano Menezes, até julho, e de Eduardo Coudet, de lá para cá, alguns problemas se repetiram, outros se resolveram, e individualmente jogadores viveram altos e baixos ao longo da temporada.
Como foram os goleiros do Internacional em 2023?
A começar pelo gol. Depois de terminar 2022 em alta, sendo titular e peça importante do time vice-campeão brasileiro, Keiller começou 2023 mal. Falhou já no primeiro jogo, contra o Juventude, pelo Campeonato Gaúcho, e logo deixou claro que daria brecha para John, que veio do Santos no início do ano para suprir a saída de Daniel, o qual rumou para o SJ Earthquakes, da MLS.
Demorou mais do que muitos torcedores queriam, mas John assumiu a titularidade, e em grande estilo, na sofrida vitória por 2 a 1 sobre o Metropolitanos, na Venezuela, pela Libertadores. Não fossem grandes defesas do goleiro, o Inter teria permitido a reação ao fraco adversário, lanterna do grupo. As boas atuações se sucederam, com direito a novo milagre na vitória por 2 a 1 sobre o Vasco, o que fez muitos colorados questionarem a contratação de Rochet, Nacional e da Seleção Uruguaia, na metade do ano.
Mais do que isso, quando retornou para sua segunda passagem no Inter, Coudet já colocou Rochet de cara no time titular, deixando John no banco e abrindo caminho para uma saída para o Valladolid, da Espanha. A escolha se mostrou acertada principalmente na Libertadores, em que o uruguaio foi protagonista nas classificações sobre River Plate, nas oitavas de final, e Bolívar, nas quartas de final. Devido a uma lesão na costela, o goleiro teve final de ano com alguns erros pontuais, como no clássico Gre-Nal, mas que não abalam o carinho rapidamente conquistado junto à torcida.
Como foram os laterais direitos do Internacional em 2023?
Na lateral direita, Bustos foi um dos jogadores que mais decaiu, no primeiro semestre de 2023, em comparação com o segundo de 2022. Não conseguia apoiar com tanta qualidade, e sofria muito defensivamente. Apesar disso, seguia titular porque Mário Fernandes simplesmente não mostrou a que veio, decidindo rescindir o contrato depois de apenas cinco jogos.
Com a chegada de Coudet, Bustos cresceu. E passou a ter a concorrência de Hugo Mallo, que veio do Celta de Vigo por indicação do treinador, com quem havia trabalhado. Mais defensivo do que o companheiro de posição, o espanhol se destacou como zagueiro na ausência de Vitão, e foi titular na lateral nos jogos mais importantes da temporada, na semifinal da Libertadores, contra o Fluminense. Inclusive, marcou gol no jogo de ida, no Maracanã. Porém, perdeu a reta final da temporada devido a uma lesão muscular.
Como foram os zagueiros do Internacional em 2023?
Problema esse que também prejudicou muito Vitão. Ao final desta temporada, o jovem zagueiro já não é mais a unanimidade que era no final do ano passado. Além dos problemas clínicos, apresentou fragilidade na bola aérea em várias partidas. E terminou 2023 vendo o crescimento de Igor Gomes, que apresenta as mesmas características de velocidade e saída de bola, até por ser lateral de origem.
Do lado esquerdo da zaga, Gabriel Mercado é indiscutível. Líder, fez jogos exuberantes na defesa, e também ajudou na frente, marcando gols importantes na Libertadores, contra River Plate e Fluminense, ambos no Beira-Rio. Aos 36 anos, fez por merecer a renovação de contrato por mais uma temporada.
Se Mercado tem carinho da torcida e potencial para ídolo mediante a conquistas, quem outrora tinha esse status viu a carreira degringolar em 2023. Após ser pego no doping na partida contra o Metropolitanos, pela Libertadores, Rodrigo Moledo foi suspenso por um ano, e, com 36, vê prejudicado o final de uma carreira marcada também por lesões.
Completando a zaga, Nico Hernández foi peça bastante utilizada principalmente nos segundos tempos dos jogos, para reforçar a marcação e montar linha de cinco na defesa. O colombiano teve momentos de destaque na Libertadores. Contra o Metropolitanos, na Venezuela, trocou expulsão pelo que seria o gol de empate dos donos da casa. Diante do Bolívar, na altitude de La Paz, ajudou a equipe a sair sem ser vazada. Também foi utilizado como lateral esquerdo em algumas partidas na reta final do ano, quando Renê estava lesionado.
Como foram os laterais esquerdos do Internacional em 2023?
Titular da posição, Renê manteve, durante grande parte do ano, a regularidade vista em 2022. Entretanto, teve jornadas infelizes no principal momento da temporada, na semifinal contra o Fluminense. Em especial no jogo de ida, no qual os dois gols do Tricolor Carioca surgiram de erros seus. Entretanto, segue sendo ponto de equilíbrio na equipe colorada, realizando a saída de três com os zagueiros.
O que colabora para a titularidade indiscutível de Renê também são os seus reservas. Formado nas categorias de base, Thauan Lara recebeu chances no início do ano, com Mano Menezes, mas não aproveitou, com o agravante de apresentar problemas físicos. Com Coudet, entrou muito mal diante do Cuiabá, e foi arquivado. A medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos, com a Seleção Brasileira, parece ter feito o garoto recuperar alguma moral, já que ganhou alguns minutos nas últimas partidas da temporada.
Mas é preciso considerar que Dalbert, contratado para ser o substituto imediato de Renê, teve curta e desastrosa passagem pelo Inter. Depois de mais de um ano sem atuar por conta de grave lesão no joelho, o ex-jogador da Inter de Milão falhou gravemente contra o Coritiba, e teve continuidade inviabilizada depois de bater-boca com a torcida no jogo contra o Fluminense, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro.