Como John Kennedy foi de herói a maior problema do Fluminense
Indisciplina faz John Kennedy virar decepção no Fluminense e ir de herói a maior problema do clube em poucos meses
O dia era 4 de novembro de 2023. Em um Maracanã lotado, o relógio marcava nove minutos da prorrogação na final da Libertadores quando tudo mudou. John Kennedy recebeu de Keno, chutou forte e se tornou herói do título do Fluminense. Uma história bonita de reinvenção que parecia terminar feliz. Mas que não só não acabou como poucos meses depois voltou a ser um problema para o clube.
Se foi chamado de Menino Rei pelos tricolores após marcar o gol mais importante da história do clube, John Kennedy preferiu ficar com o rei na barriga. Aos 21 anos e já ídolo do clube, como profetizara, o jogador acumula episódios de indisciplina no dia-a-dia, e agora, voltou na contramão do esperado: foi de herói a problema.
Os atletas John Kennedy, Kauã Elias, Arthur e Alexsander foram afastados em razão de atos de indisciplina cometidos na concentração do jogo contra o Vasco, e não viajarão hoje para a disputa da partida contra o Cerro Porteño, no Paraguai, e contra o Corinthians, em São Paulo. pic.twitter.com/7dUUAv4mx7
— Fluminense F.C. (@FluminenseFC) April 23, 2024
— Em relação aos jogadores, foi algo inadmissível, ainda mais nos tempos de hoje. A gente espera que sirva de correção para esses e para outros, para o futebol brasileiro levar mais a sério o futebol profissional — disse Fernando Diniz sobre a festa na concentração.
Não foi por falta de tentativa do Fluminense ou de Fernando Diniz. O técnico já desistiu do jovem uma vez e o clube chegou a emprestá-lo em 2023. O ano parecia de retomada: John Kennedy aproveitou a chance que teve, foi abraçado por lideranças do elenco e colocou seu nome na história. Mas em 2024, ele vê a indisciplina voltar a lhe atrapalhar, o clima azedar com seus companheiros, suas atitudes caírem mal internamente e sua família sofrer com a exposição.
🐻🏆 John Kennedy, o escolhido!
🎥 O filme da Final da CONMEBOL #Libertadores traz imagens inéditas do herói do @FluminenseFC, ídolo aos 2️⃣1️⃣ anos, como ele mesmo profetizou!
🔗 Assista na íntegra:https://t.co/2Q1Yoybkcb pic.twitter.com/TLlSbOlfqd
— CONMEBOL Libertadores (@LibertadoresBR) December 5, 2023
A Trivela apurou que muito mais do que uma festa na concentração, John Kennedy cometeu diversos outros deslizes, decepcionou o clube e se tornou o maior problema do Fluminense. Todos querem o ajudar, mas o jovem de 21 anos, até aqui, não faz sua parte em 2024.
Clima azeda entre John Kennedy e companheiros
Embora negue a presença na festa, a indisciplina cometida por John Kennedy na concentração não foi a primeira — e nem a última do camisa 9 no Fluminense. Fato que azedou o clima entre o jogador e seus companheiros. Reincidente, ele já acumulava faltas e atrasos a treinos, mas como se esforça e muito nas atividades, o clube fazia vista grossa até os episódios de indisciplina aumentarem.
No @Podpah, Marcelo exaltou John Kennedy e afirmou que o atacante do Fluminense é uma mistura de Ronaldo Fenômeno e Romário.
"O John Kennedy é iluminado, é um moleque que a bola vai sobrar para ele. Eu acho que eu já falei isso. Para mim, ele é a mistura de Ronaldo com Romário.… pic.twitter.com/L3x5Id9dAr
— ⚽ (@DoentesPFutebol) April 2, 2024
Lideranças do elenco como Felipe Melo, Marcelo e Paulo Henrique Ganso haviam abraçado John Kennedy em 2023 após seu retorno da Ferroviária, onde disputou o Campeonato Paulista. Ajudaram tanto que, após o atacante errar muito, o veem como uma grande decepção, conforme a Trivela já publicara na última semana.
Hoje, a relação entre o herói da Libertadores e outros atletas do elenco é fria, para dizer o mínimo. E a gota d'água foi a participação na festa. O que pioraria com a repetição de indisciplinas de John Kennedy mesmo após seu afastamento.
Mesmo afastado, John Kennedy cometeu outras indisciplinas
Após o afastamento pela festa na concentração, John Kennedy, engana-se quem pensa que o jogador mudou seu comportamento. O clube teve ciência de ao menos mais dois episódios de indisciplina do jogador que envolveram excessos na noite, atrasos e faltas a treinos.
Na madrugada de quinta para sexta-feira, ele esteve em uma boate na Barra da Tijuca e o vídeo acabou vazando. À comissão técnica, o camisa 9 afirmou que as imagens eram de outro dia. Pouco importa: no dia seguinte, John Kennedy chegou atrasado ao treino segundo apuração da Trivela.
O que já era ruim piorou no domingo, quando o jogador não apareceu para o treinamento, conforme informação publicada pelo canal Jornada 1902 que foi confirmada pela Trivela. E, até o fechamento desta reportagem, não justificou sua falta para o clube.
John Kennedy desmente clube sobre presença em festa
Em suas redes sociais, na noite de segunda-feira (29), John Kennedy negou ter participado da festa na concentração. À cúpula do futebol, havia confirmado estar no local em um primeiro momento. Dias depois, afirmou que apenas levou uma mulher até o quarto, mas não participou da festa.
John Kennedy negou ter participado de festa na concentração do Fluminense que culminou em afastamento por indisciplina… pic.twitter.com/tQyqWLVdxp
— Caio Blois (@caioblois) April 29, 2024
A mensagem publicada em suas redes sociais pegou mal internamente. O Fluminense não se pronunciou oficialmente, mas fontes ouvidas pela reportagem não gostaram do tom utilizado e nem do fato de o jogador ter desmentido o clube.
Diniz pode ser última ponte de John Kennedy no Fluminense
Se decepcionou a todos no Fluminense, John Kennedy tem em Fernando Diniz uma de suas últimas pontes. Mas ela não está tão firme como no passado. O técnico, obviamente, também não ficou nada satisfeito com as atitudes do jogador, mas tenta fazê-lo cair na realidade.
A principal dificuldade de Diniz, entretanto, não é em convencer John Kennedy a voltar aos melhores dias. É fazer com que o elenco acredite no jovem de 21 anos novamente. O técnico está convicto em tentar e tem o apoio do presidente Mário Bittencourt e dos diretores Paulo Angioni e Fred. Em 2024, o treinador chegou a colocar o camisa 9 como capitão da equipe como demonstração de carinho, mas nada parece funcionar.
— Já conversei com ele duas vezes. E da minha parte vou fazer o máximo que puder por ele. É um grande talento e mais um daqueles jogadores, que, por trás, tem uma história de vida que, no futebol, ao invés da gente acolher a pessoa como um todo, a gente acolhe só o jogador. Essa é uma falha gigantesca que tem no futebol brasileiro — disse Diniz, em 2022.
No CT Carlos Castilho, comissão técnica e chefes do departamento de futebol não dão o jogador como caso perdido. Todos querem recuperar John Kennedy, mas veem a missão ficar cada vez mais difícil.