Libertadores

Torcida do Fluminense vai do céu ao inferno na Cinelândia, mas tem em John Kennedy o seu salvador

Apreensão, desespero, choro e alívio marcaram o clima do título da Libertadores do Fluminense na Cinelândia, onde a torcida se reuniu

A final da Libertadores foi no Maracanã, mas a torcida do Fluminense se espalhou pelos mais diferentes cantos do Rio de Janeiro. Um deles foi a Cinelândia, onde a Prefeitura da Cidade Maravilhosa posicionou um telão para que os torcedores pudessem acompanhar o jogo com muita emoção. A Trivela estava presente no local e retrata como foi o clima por lá.

Pré-jogo tranquilo e mais cheio do que o esperado

Ao longo da semana, muito se falou sobre o evento aqui na Cinelândia. O telão estaria posicionado de qualquer jeito, mas uma parcela da torcida acreditava que o evento teria pouco apelo popular. Esses torcedores não poderiam estar mais enganados, já que o local estava totalmente tomado por tricolores. Autoridades estimaram cerca de cinco mil pessoas presentes no Centro do Rio de Janeiro.

Apesar do clima de paz antes da bola rolar, a torcida do Fluminense teve algumas reclamações a fazer. Quando Thiago Silva, ex-jogador do clube, apareceu no telão, vieram as vaias. Os torcedores estão na bronca pelas promessas de retorno não cumpridas — até agora —, pelo defensor. O telão também teve um período curto de mau funcionamento, que gerou xingamentos na Cinelândia. Na hora do jogo, contudo, tudo estava alinhado. Havia chegado a hora do show.

Doguinhos roubam a cena na Cinelândia

A torcida do Fluminense tem sido um refúgio para o melhor amigo do homem, especialmente com a Pretinha, que é sensação nas redes sociais. Ela não estava presente na Cinelândia, mas outras a representaram. Domitila e Veronica estavam acompanhadas de seus donos e fizeram a festa no Centro do Rio. A fofura foi demais para o repórter!

Apreensão até o gol, que trouxe o alívio

Antes mesmo da bola rolar, a tensão já era latente na Cinelândia. A torcida presente até puxava alguns gritos clássicos da torcida, mas os cânticos pareciam entalados, tímidos, suprimidos pelo nervosismo. E foi assim ao longo de praticamente todo o primeiro tempo também. O torcedor do Fluminense só pôde liberar o êxtase, a apoteose, aos 36 minutos da etapa inicial.

A jogada foi toda cantada pelo torcedor do Fluminense. Jhon Árias e Samuel Xavier combinaram pela direita e encontraram Keno que, em movimentação decisiva, teve espaço para cruzar. E quem estava dentro da área? Sempre ele, Germán Cano, aquele centroavante que só precisa de um toque. Golaço do Fluminense, para abrir o placar e deixar a festa fluir na Cinelândia.

Fluminense recua, sofre o gol e deixa seu torcedor incrédulo

No segundo tempo, o Fluminense fez a única coisa que não poderia fazer: recuou, chamou o Boca para o seu campo e deixou o time argentino gostar da partida. O clima na Cinelândia voltou a ficar tenso, com pouco focos de cantoria e muitos torcedores tapando o rosto. As reclamações contra a arbitragem do colombiano Wilmar Roldán também se empilhavam. Aos 27 minutos da primeira etapa, veio o castigo.

O gol de Luís Advincula, em falha coletiva da defesa do Fluminense, silenciou de vez o Maracanã e, como consequência, a Cinelândia. O grito voltou a ficar entalado da garganta, e um chute perigosíssimo de Merentiel fez alguns quase perderem as forças. No fim, o gol perdido de Diogo Barbosa trouxe um clima de incredulidade ao Centro do Rio. Durante a pausa antes da prorrogação, orações, choro e confiança de alguns.

O escolhido John Kennedy desafoga os tricolores

Desde que entrou, John Kennedy já dava indícios de que poderia ser decisivo para o Fluminense. Tava diferente, entrou solto. Só precisou de uma chance para desafogar o torcedor do Fluminense. A comemoração foi ainda maior do que no primeiro gol, claro, pelas circunstâncias da partida. E o torcedor tricolor ainda conseguiu comemorar mais, na expulsão de Fabra, do Boca Juniors. Nessa altura do jogo, o autor do gol salvador também havia recebido o cartão amarelo. Faltava muito pouco.

Pelo que o jogo oferecia, o Boca Juniors foi para cima, e cada ataque argentino era sentido pela torcida no Centro do Rio. A confiança aumentou, contudo, e quase que o torcedor finalmente pôde relaxar. Guga acertou a trave e nem arrancou um “uhhh”, mas sim um grito de desespero dos tricolores. Deu para sentir nos últimos minutos o tamanho do título para a torcida do Fluminense. Faltava, mas não falta mais. Uma mistura de choro e gritos acompanharam o fim do jogo.

O alívio que só um título desse pode proporcionar. Acima de tudo, a festa tricolor foi merecida. Pela campanha, pelo ineditismo, por tudo que representou. As voltas por cima de John Kennedy e Diniz, os craques Cano e Árias, a redenção de Fábio e Felipe Melo. A Cinelândia ficou pequena para a torcida tricolor. Agora, eles buscam o Rio de Janeiro inteiro. Preparem-se para o carnaval fora de época.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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