E as dívidas? Diretor explica de onde vem o dinheiro que Corinthians gasta com reforços
São R$ 1,65 bilhão em dívidas para o Corinthians, que contratou nove jogadores na atual janela de transferências

As dívidas e problemas financeiros não são uma novidade no Corinthians. Na última década, o clube aumentou exponencialmente seu passivo pelas seguintes más gestões e também pela construção da Neo Química Arena. Hoje, o valor chega aos absurdos R$ 1,65 bilhão. Mesmo neste cenário complexo, muitos torcedores, especialmente os rivais, questionam como o Alvinegro consegue contratar tanto? Apenas nessa janela são nove chegadas: Pedro Raul, Gustavo Henrique, Félix Torres, Hugo, Rodrigo Garro, Diego Palacios, Raniele e os mais recentes Matheuzinho e Igor Coronaro, ainda não de forma oficial. Ao todo, foram investidos mais de R$ 100 milhões.
O diretor financeiro do Corinthians, Rozallah Santoro, esclareceu à ESPN que o investimento acontece, principalmente, pela venda de Gabriel Moscardo ao Paris Saint-Germain, em operação que pode chegar até 22 milhões de euros (cerca R$ 117 milhões). O Alvinegro não receberá esse valor a vista e por isso procurou uma forma de antecipar a quantia com uma instituição financeira.
– O que vai financiar esse valor é a venda do Moscardo. E a gente deve receber a antecipação nas próximas semanas, que é um valor na casa de R$ 90 milhões, que a gente deve receber. Então, quanto à aquisição, eu estou acomodando aquisição no dinheiro que eu tenho para receber do Moscardo.
A direção do clube também buscou parcelar algumas das contratações para facilitar no fluxo de caixa. Foi assim com Matheuzinho (R$ 21 milhões em três parcelas), Pedro Raul (R$ 24 milhões, quatro parcelas), Garro (R$ 34 milhões, sendo que 19 já foram pagos e o restante será parcelado). Ainda foram investido R$ 32 milhões em Torres, R$ 13,5 milhões em Raniele e R$ 2,6 milhões para renovar o empréstimo de Maycon. Gustavo Henrique e Coronado chegaram sem custos e o valor das luvas não foi revelado, mas foram espalhados ao longo dos contratos.
Diretor detalhou o perfil da dívida do Corinthians
Esse início de ano não tem sido fácil para o Corinthians. A nova gestão encabeçada por Augusto Melo teve que lidar com diversas cobranças de dívidas anteriores, como do técnico português Vítor Pereira, do Argentinos Junior pela compra de Fausto Vera e até de uma empresa de coleta de lixo. Também foi revelado a assustadora dívida de R$ 217 milhões apenas com empresários. Esse valor com os agentes se encaixaram no passivo a curto prazo, que ainda envolve mais outras quantias que podem totalizar entre R$ 350/400 milhões, conforme revelou o diretor Santoro ao Meu Timão no início de fevereiro.
O executivo ainda apontou que o clube tem R$ 706 milhões a serem pagos pela Neo Química Arena (Corinthians busca renegociar a dívida com a Caixa) e R$ 550 milhões em impostos federais, totalizando os R$ 1,65 bilhão.
– Essa é a parte [de dívida a curto prazo] que asfixia. Se não tivéssemos essa dívida com fornecedores que seguem trabalhando junto com o clube, seria uma situação de falência, porque não posso ter mais da metade a curto prazo vencida. Essa parte foi muito difícil de assimilar [quando viu o cenário financeiro do clube]. Pensando numa dinâmica do dia a dia, não tem nada mais que atrapalha do que abrir o caixa no dia e escolher quem você paga e quem não paga. – desabafou o dirigente ao portal.
Hoje, o Corinthians ainda corre perigo de sofrer o famoso “transfer ban” da Fifa, que impede o clube de fazer novas contratações, por conta da dívida por Vera. A gestão terá que efetuar o pagamento de 3,45 milhões de dólares (cerca de R$ 17 milhões) em 33 dias – passaram-se 12 desde a decisão da entidade máxima do futebol – para não lidar com a sanção.