O que muda no Corinthians após suspensão da votação do impeachment de Augusto Melo
Presidente corintiano ganha tempo, mas "oposição" tenta derrubar liminar e votar destituição ainda em 2024
Ainda que a votação de impeachment do presidente Augusto Melo tenha sido suspensa por meio de liminar, o bastidor político do Corinthians seguirá conturbado.
De um lado, o mandatário corintiano ganhou tempo para se reorganizar politicamente. Já do outro, a oposição entende que usar um mecanismo judicial para postergar a reunião demonstrou falta de segurança da gestão e apoiadores em relação ao pleito.
De acordo com informações apuradas pela Trivela, o desenho entre os conselheiros presentes nesta segunda-feira (2) indicava que o pedido de impeachment seria aprovado caso a votação acontecesse.
Por isso, a grande celebração dos apoiadores de Augusto Melo com a suspensão da reunião.
O pedido de liminar no Tribunal de Justiça de São Paulo, inclusive, foi feito nominalmente pelo presidente corintiano e não através da instituição Sport Club Corinthians Paulista.
Oposição a Augusto Melo quer votação ainda em 2024
Visto por Augusto Melo e os seus pares como oposição, o grupo que apoia a continuidade do processo de impeachment contra o presidente corintiano trabalha para que a liminar que impediu que a reunião desta segunda-feira (2) acontecesse seja cassada.
No entendimento deles, o objeto judicial utilizado não é forte o suficiente para se sustentar. A expectativa é que ele seja derrubado ainda nesta semana.
De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, a decisão da desembargadora Clara Maria Araújo Xavier teria se embasado no parecer da Comissão de Ética, que possui valor consultivo e não deliberativo.
Outra questão levantada pelo grupo é o grau de parentesco da magistrada com um membro do Conselho Deliberativo. Clara é irmã de Geraldo Euclides Araújo Xavier, conselheiro vitalício do Corinthians.
No entendimento dos “oposicionistas”, a desembargadora deveria se auto-julgar impedida de analisar a liminar pelo princípio de isenção e imparcialidade.
Como não houve anulação, mas suspensão da reunião desta segunda-feira (2), ela poderá ser continuada caso haja a cassação do parecer judicial.
Existe a possibilidade dela acontecer ainda na primeira quinzena de novembro e de forma virtual, por questões de segurança.
Outra alternativa é que os assuntos que seriam discutidos e votados no encontro desta semana passem para a próxima segunda-feira (9), quando está marcada uma reunião ordinária entre os conselheiros.
O principal assunto que será deliberado neste plenário será a votação do orçamento corintiano para 2025.
Enquanto isso, novo pedido de impeachment tramita no Corinthians
A ideia da oposição do Corinthians é votar o pedido de impeachment referente às questões envolvendo o Caso Vai de Bet ainda neste ano. Isso porque uma nova solicitação de destituição de Augusto Melo foi aberta nos últimos dias.
Esse, que é o segundo pedido de impeachment contra o presidente corintiano em menos de um ano de mandato, está embasado no relatório do Conselho de Orientação (Cori) do clube alvinegro, que classifica a gestão do dirigente como temerária.
O parecer foi embasado no aumento substancial da dívida do Corinthians, que saltou em mais de R$ 400 milhões em 11 meses, além de diversas ausências de esclarecimentos em relação a documentos e contratos assinados durante o período da atual gestão.
O novo pedido de impeachment já foi encaminhado pelo Conselho Deliberativo à Comissão de Ética e Disciplina, que receberá a defesa de Augusto Melo e somente após isso emitirá o seu parecer.
Com os prazos previstos no Estatuto Social do Timão, a tendência é que a votação esteja apta a acontecer dentro de um mês.
Augusto Melo tem apoio popular e aposta em reorganização de dívidas para se manter no cargo
Se faltou apoio ao presidente corintiano entre os conselheiros, boa parte da torcida, sobretudo as uniformizadas, apoia Augusto Melo.
Após a suspensão da reunião do Conselho Deliberativo desta segunda-feira (2), o dirigente e uma multidão de apoiadores celebraram junto aos torcedores, que a princípio ficaram isolados a suas quadras da entrada do Parque São Jorge, sede social do clube alvinegro e local onde seria realizada a votação do impeachment.
O ex-jogador e atual observador técnico das categorias de base Dinei foi um dos que estiveram na linha de frente em suporte ao presidente corintiano.
– Acho que 100% da nossa população é contra o golpe. O Corinthians não tem dono. O Corinthians é do povo. E o Augusto foi eleito pelo voto democrático. Todo mundo sabe que eu sou Augusto, mas se estivesse algo errado, tinha que pagar. Mas da maneira que estava sendo conduzido era golpe dessas ratazanas do ca… Aqui é Democracia Corinthiana. O meu ídolo era o Sócrates. Estou representando todos os ex-atletas e atletas. Não é justo o que está sendo feito com ele (Augusto), essas ratazanas do ca… e alguns conselheiros aí. Esses caras deveriam ser expulsos do Corinthians: Andrés (Sánchez), Mario Gobbi, Rubão, todos esses caras aí – disse Dinei com exclusividade à Trivela.
Com a suspensão da votação do impeachment, Augusto está mantido na presidência corintiana e aposta na reorganização das dívidas através de um programa de centralização de execuções.
Nesta segunda-feira (2), o Corinthians conseguiu uma liminar na Justiça que suspendeu execuções e bloqueios judiciais num prazo de 60 dias. Neste período, o Timão terá que apresentar um plano de pagamento que contempla todos os credores.
Em nota, o clube alvinegro se comprometeu a se reorganizar financeiramente e cumprir com os pagamentos aos credores.
– Para o Corinthians agora é focar no Campeonato Brasileiro e no Regime Centralizado de Execuções para iniciar um plano de pagamentos e justamente aproveitar essa janela sem bloqueios judiciais e fazer um grande planejamento financeiro – disse o diretor jurídico Vinicius Cascone.