A lista de conselheiros do Corinthians que pedem o impeachment de Augusto Melo
Movimento chamado "Reconstrução SCCP" é liderado por ex-mandatário corintiano, mas também conta com antigos aliados do líder atual
Editorial – 27/08, às 19h39: Desde a publicação desta reportagem, foram observadas ameaças e comentários de ódio relacionado aos conselheiros citados no texto. A Trivela repudia todos os tipos de violência, inclusive a virtual.
A Trivela reforça que a reportagem foi redigida em compromisso com o dever jornalístico de publicar informações de interesse público — neste caso, principalmente, do interesse do torcedor corinthiano e dos mais de 4,5 mil sócios do Corinthians aptos a votar nas eleições do clube. A revolta perante as informações expostas, porém, não justifica qualquer tipo de violência.
O requerimento pedindo a abertura do processo de impeachment do presidente Augusto Melo no Corinthians foi assinado por 81 conselheiros, sendo 48 eleitos e 33 vitalícios.
Na lista, consta a assinatura de nomes como o do ex-presidente Andrés Sánchez e de Rubens Gomes, o Rubão, antigo aliado de Augusto e que ocupou o cargo de diretor de futebol na atual administração corintiana.
Também fazem parte do coletivo que busca a destituição de Augusto Melo: André Luiz de Oliveira, candidato derrotado na última eleição à presidente do Corinthians, e Jorge Kalil, que perdeu a disputa para presidir o Conselho Deliberativo do clube alvinegro no começo deste ano.
Alexandre Husni, que liderou o conselho corintiano no último triênio, também faz parte do grupo.
Além de Andrés Sánchez, outros ex-presidentes corintianos também formam o movimento intitulado “Reconstrução SCCP”, sendo eles Roberto de Andrade e Mário Gobbi.
Gobbi, inclusive, é o líder do grupo, que, embora tenha a maioria dos integrantes ligados a chapas relacionadas à “Renovação e Transparência”, coletivo que administrou o Corinthians durante 16 anos, até o fim de 2023, também conta com antigos aliados de Augusto Melo, rompidos com o presidente corintiano ainda no início do mandato.
Andrés, Rubão, André Negão, Kalil, Husni e Roberto, por sua vez, não desejam se envolver como porta-vozes neste primeiro momento, embora apoiem o movimento.
Confira abaixo a lista dos conselheiros que assinaram o requerimento
Conselheiros Vitalícios
- Alenio Calil Mathias
- Alessio Calil Mathias
- Alex Calil Mathias
- Alexandre Husni
- André Luiz de Oliveira
- Andrés Navarro Sanchez
- Antoine Gebran
- Antonio Jorge Rachid Junior
- Antonio Roque Citadini
- Aurelio de Paula
- Carlos Nujud Nakhol
- Deovaldo do Amaral Carvalho
- Elie Werdo
- Guilherme Gonçalves Strenger
- Ivaney Cayres de Souza
- Jacinto Antonio Ribeiro
- Jorge Alberto Aun
- Jorge Agle Kalil
- José Augusto Cardoso Mendes
- José Edgard Soares Moreira
- Jose Mansur Farhat
- Leonardo Romanholi Filho
- Manoel Ramos Evangelista
- Marcelo Fernandes Atala
- Mário Gobbi Filho
- Mauro de Mello de Oliveira Gasparian
- Paulino Tritapepe Neto
- Paulo Sergio Mendes Pinhal
- Roberto de Andrade Souza
- Rubens Gomes da Silva Junior
- Wagner Caetano Acedo
- Wanda Gomes Carneiro
- Henrique Aparecido Alves
Conselheiros eleitos
- Alexandre Marques Silveira
- Alexandre Sampaio Maurício
- Amir Bertoni Gebara
- Anderson Marcel Gonçalves Campos
- André Gustavo Jorge Rachid
- André Luis Carrijo Ferreira
- Antônio Darci Pannocchia Filho
- Antonio Domingos Fasolari
- Armando da Costa Pacheco
- Caio Silva Nascimento
- Carlos Henrique Ros Salas De Lima
- Cassio Fernandes Augusto
- Cláudia Carlos de Oliveira
- Corinto Baldoino Pereira e Costa
- Edmilson Parra Navarro
- Eduardo Almgren Ferreira
- Fábio Luiz Petrillo
- Fernando Luiz Mateus
- Flavio Martins Capitão
- Hélio Castanheira Junior
- Hélio Nasri Abou Madi
- Hernani Agnolon
- Hussein Hassan Yktine
- Joaquim de Souza Gonçalves
- José Luis Cecílio
- Jose Virgolino Sobrinho Junior
- Karen Hadlik
- Leandro Martins da Silva
- Luis Carlos da Silva
- Luiz Wagner Alcantara
- Marcelo Bastos De Melo
- Marcelo Da Silva Lima
- Marcio Antonio Augustilnelli
- Marcos Costa Linguitte
- Matias Antonio Romano De Avila
- Maurício Vara Felippe De Oliveira
- Paulo Antonio Barrios Couto
- Paulo Sergio Palombo
- Pedro Luis Soares
- Renato Ramires
- Richard De Paula Oliveira
- Robson Luis Ramos Bujato
- Sergio Luiz Janikian
- Simone Martins Dos Anjos
- Tomas Jorge Traldi Kalil
- Vilson Bermudes
- Warlei dos Santos
- Wilson Missão Yoshimoto
Qual são as alegações deste grupo para pedir o impeachment de Augusto Melo?
Diversos artigos do estatuto social do Corinthians são apontados para solicitar a destituição de Melo, mas o fato que deu sustentação ao documento, que possui 19 páginas, é o “Caso Vai de Bet”, onde há investigação de irregularidade e corrupção no repasse da comissão no contrato com a antiga patrocinadora máster.
Entre as situações citadas como evidências consideradas suficientes para desligar Augusto Melo do comando corintiano estão:
- Perda do patrocinador usando uma cláusula anticorrupção;
- Os depoimentos do suposto intermediário Alex Cassundé, do ex-diretor de futebol Rubens Gomes e do vice-presidente Armando Mendonça, ambos rompidos com Augusto Melo, à Polícia Civil durante a investigação do caso;
- Saídas de diretores dos departamentos financeiro e jurídico após o início da apuração através da Justiça.
Como pormenor também é mencionada a agressão de Augusto Melo a um torcedor do Cruzeiro, em Belo Horizonte, durante uma partida entre os clubes paulista e mineiro, pelo Brasileirão, no início de julho.
Quais são os próximos passos no processo de impeachment de Augusto Melo?
Para deixar o comando corintiano, Augusto precisará perder em duas votações: no Conselho Deliberativo e com os associados do clube social — integrantes do programa de sócio-torcedor do Corinthians não estão autorizados a participar da votação.
Assim como nas assembleias que definem o presidente do Timão, estão aptos para votar os sócios patrimoniais ou remidos, que sejam maiores de idade e possuem, pelo menos, cinco anos como integrante do quadro associativo.
Antes, no entanto, há a votação entre os conselheiros. Se o órgão já definir por não dar continuidade no processo, ele nem vai chegar para decisão dos sócios.
Em ambos os casos, a vitória se dará por maioria simples e contabiliza somente os votos válidos — nulidades, abstenções e ausências de participações não serão consideradas nas duas situações.
Em caso de aprovação do pedido no Conselho, a mesa diretiva do órgão, liderada por Romeu Tuma Junior, tem cinco dias para convocar a Assembleia de Sócios.
Antes, no entanto, o requerimento de impeachment precisa chegar à Comissão de Ética e Disciplina, que tem cinco dias para dar a Augusto Melo o direito de se defender.
O presidente corintiano, por sua vez, tem mais 10 dias para apresentar a defesa, incluindo materialidades, como provas e evidências, que vão além da argumentação.