Corinthians: Presidente de Conselho não pretende atrasar processo de impeachment de Augusto Melo
Ainda que seja aliado político do mandatário corintiano, Romeu Tuma Júnior vai respeitar o curso natural do pedido de impedimento do dirigente
Presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Romeu Tuma Júnior terá papel cada vez mais importante no clube nas próximas semanas.
Nesta segunda-feira (26), um grupo de 90 conselheiros encaminharam a ele um pedido de impeachment do presidente Augusto Melo, principalmente por conta das supostas irregularidades no contrato com a ex-patrocinadora máster, a empresa de apostas esportivas Vai de Bet.
Desde o início das investigações de corrupção, que estão sendo feitas pela Polícia Civil e Ministério Público de São Paulo, Tuma tem atuado como uma espécie de pacificador nos bastidores do Timão.
Isso fez com que muitas pessoas no dia a dia do clube tivessem a interpretação de que ele estaria atuando como aliado de Augusto Melo.
No entanto, ainda que tenha uma boa aproximação com o presidente do Corinthians, Romeu não pretende dificultar o processo de impeachment.
Pecha de golpista e apego aos processos
Os holofotes a Romeu Tuma Júnior começaram após as denúncias do “caso Vai de Bet”, em que a possibilidade de impeachment do presidente Augusto Melo começou a ser discutida nos bastidores.
Tuma sempre deixou claro que não iria endossar qualquer movimento sem materialidade jurídica para avançar no Conselho Deliberativo.
Apegado aos processos internos, o presidente do Conselho sempre deixou claro que só avançaria na mesa diretiva do órgão petições que estivessem bem fundamentadas.
Nos bastidores, ele se mostrou contrariado a qualquer possibilidade que ligasse a um possível “golpe” para derrubar Augusto Melo.
Aproximação de Romeu Tuma Júnior com Augusto Melo
Neste período, o advogado e ex-delegado passou a ter papel importante e até mesmo influente no cotidiano corintiano.
Romeu passou a figurar com frequência ainda mais no Parque São Jorge, sede social do Corinthians, tendo reuniões no quinto andar, com Augusto Melo e dando opiniões sobre alguns procedimentos internos.
Além disso, Tuma fez algumas indicações de profissionais que passaram a ter cada vez mais influência, sobretudo no departamento jurídico do clube alvinegro.
Condução do pedido de impeachment ao presidente corintiano
Ainda que estivesse por um tempo receoso com uma possível pecha de golpista, Tuma entendeu as movimentações que estavam acontecendo “atrás das cortinas” para pedir a destituição de Augusto Melo da presidência corintiana.
Esses movimentos acontecem há, pelo menos, dois meses, período em que Tuma mudou discretamente alguns posicionamentos.
O presidente do Conselho passou a considerar uma construção dentro da legalidade estatutária do Timão, o que indiretamente aumentou a credibilidade do pedido de impeachment nos corredores do Parque São Jorge.
Romeu, que tem cinco dias para enviar à Comissão de Ética e Disciplina a solicitação de destituição de Augusto, deve fazer isso entre terça e quarta-feira (27 e 28).
Romeu não pretende atrasar o processo e considera que a decisão de desligamento ou não de Augusto da presidência corintiana não vai demorar.
O processo na Comissão de Ética e Disciplina tem um período de 15 dias entre a entrada do pedido no órgão, convocação do presidente para realizar a sua defesa e enviar provas e evidências e envio dos argumentos.
Depois disso, caberá a Tuma convocar uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo para tratar e votar sobre o tema.
Esse processo não possui tempo previsto pelo Estatuto Social do Corinthians, mas o presidente do Conselho não pretende “sentar no processo”, mas dar adiantamento de forma rápida e objetiva.
Romeu entende que atrasar o processo de impeachment não só prejudicará o andamento do clube, como vai atrair para si uma pressão que ele não pretende lidar.
Desejo de ser presidente do Corinthians
Romeu Tuma Júnior já foi vice-presidente do Timão entre 1994 e 1995, e em 2018 se candidatou à presidente do Corinthians, ficando na última colocação no pleito que elegeu Andrés Sánchez.
Embora tenha apoiado Augusto Melo na eleição de 2023, ele tentou apoio para lançar o seu nome como candidato, mas não teve o apoio do seu grupo, a “União dos Vitalícios”.
Não é descartado que no caso de impeachment de Augusto Melo, Romeu busque a candidatura para a presidência através de uma eleição indireta, somente através do Conselho Deliberativo.
Nos bastidores corintianos, entende-se que essa seria a melhor e, talvez, mais plausível forma de Romeu Tuma Júnior realizar o sonho de assumir a presidência corintiana, já que a inexpressiva votação na sua candidatura há seis anos não daria sustentação para que ele buscasse novamente a eleição através da Assembleia de Sócios.