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Augusto Melo pode sofrer impeachment no Corinthians? Saiba como funciona o processo

Processo será encaminhado ao Conselho de Ética e Disciplina para que o presidente corintiano possa apresentar a sua defesa

Um processo de impeachment do presidente Augusto Melo foi protocolado no fim da tarde desta segunda-feira (26) por um grupo de conselheiros do Corinthians. 

Um documento de 19 páginas foi encaminhado a Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo corintiano, e será repassado para a Comissão de Ética e Disciplina nos próximos dias. 

De acordo com o estatuto do Timão, o repasse precisa acontecer até sexta-feira (30). No entanto, a tendência é que ocorra antes, já que, segundo apurou a reportagem da Trivela, Romeu não deve criar dificuldades.

É através da Comissão de Ética que Augusto Melo fará a sua defesa, inclusive apresentando provas e evidências a seu favor. Essa etapa tem uma previsão de 15 dias de duração pelo estatuto. 

O órgão tem cinco dias para comunicar o presidente que, por sua vez, terá mais 10 para se defender. 

Depois disso, é convocada uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo para tratar e votar o assunto. 

Não existe no estatuto um período mínimo para essa convocação, mas a Trivela também apurou que Romeu Tuma Júnior não vai dificultar esse processo. 

O presidente do Conselho corintiano está sendo pressionado por muitos lados para dar andamento no processo de impeachment e por mais que tentasse ser uma figura pacificadora nos bastidores corintianos, ele não pretende se expor “segurando” o andamento que pode levar Augusto Melo a ser destituído da presidência do Corinthians. 

Quem participa das votações que podem destituir Augusto Melo da presidência do Timão?

Para deixar o comando corintiano, Augusto precisará perder em duas votações: no Conselho Deliberativo e com os associados do clube social — integrantes do programa de sócio-torcedor do Corinthians não estão autorizados a participar da votação.

Assim como nas assembleias que definem o presidente do Timão, estão aptos para votar os sócios patrimoniais ou remidos, que sejam maiores de idade e possuem, pelo menos, cinco anos como integrante do quadro associativo. 

Antes, no entanto, há a votação entre os conselheiros. Se o órgão já definir por não dar continuidade no processo, ele nem vai chegar para decisão dos sócios. 

Em ambos os casos, a vitória se dará por maioria simples e contabiliza somente os votos válidos — nulidades, abstenções e ausências de participações não serão consideradas nas duas situações. 

Em caso de aprovação do pedido no Conselho, a mesa diretiva do órgão tem cinco dias para convocar a Assembleia de Sócios. 

Em caso de impeachment de Augusto Melo, quem assume a presidência do Corinthians?

Inicialmente, Osmar Stabile, que ocupa a vaga de primeiro vice e segue como aliado de Augusto, é quem passa a comandar a presidência do Corinthians. 

No entanto, ele tem 30 dias para convocar novas eleições, mas dessa vez indireta — somente entre os conselheiros. 

Nela, o próprio Osmar pode se candidatar, bem como outros membros do Conselho Deliberativo que sejam vitalícios ou possuam, pelo menos, dois mandatos no cargo. 

Armando Mendonça, Augusto Melo e Osmar Stabile
À direita, Osmar Stabille é o primeiro vice-presidente do Corinthians e responsável por assumir o clube provisioriamente em caso de Augusto Melo ser destituído (Foto: Divulgação/Ag.Corinthians)

Quem participou do pedido de impeachment de Augusto Melo no Corinthians?

O documento que pede a destituição de Augusto na presidência do Corinthians conta com 90 assinaturas. 

Entre elas, estão conselheiros de diversos espectros políticos. 

O movimento chamado de “Reconstrução SCCP” é liderado por Mário Gobbi, que presidiu o Timão entre 2012 e 2015. 

Ainda que Gobbi seja próximo a Andrés Sánchez, líder do grupo “Renovação e Transparência”, que governou o Corinthians durante 16 anos, até o fim de 2023, quando perdeu a eleição para Augusto Melo, o coletivo também conta com a assinatura de conselheiros que apoiaram o atual mandatário, mas romperam durante o primeiro ano da gestão. 

Líder do movimento que pede o impeachment de Augusto Melo, Mario Gobbi era o presidente do Corinthians na conquista da Libertadores, em 2012 (Foto: Icon Sport)

A ideia é a formação de uma aliança apartidária que dificilmente será mantida após o possível impeachment de Augusto. 

Diversos artigos do estatuto social do Corinthians são apontados para solicitar a destituição de Melo, mas o caso principal que deu sustentação ao documento, que possui 19 páginas, é o “Caso Vai de Bet”, onde há investigação de irregularidade e corrupção no repasse da comissão no contrato com a antiga patrocinadora máster. 

Entre as situações citadas como evidências consideradas suficientes para desligar Augusto Melo do comando corintiano estão:

  • Perda do patrocinador usando uma cláusula anticorrupção;
  • Saídas de diretores dos departamentos financeiro e jurídico após o início da apuração através da Justiça. 

Como pormenor também é mencionada a agressão de Augusto Melo a um torcedor do Cruzeiro, em Belo Horizonte, durante uma partida entre os clubes paulista e mineiro, pelo Brasileirão, no início de julho. 

Foto de Fábio Lázaro

Fábio LázaroSetorista

Nascido em Santos, criado em São Vicente e entregue à São Paulo. Na Trivela desde junho de 2024, como setorista do Corinthians. Passagem pelo Lance! entre fevereiro de 2020 e maio de 2024, onde cobriu Santos e Corinthians. Por lá, também coordenou pautas e estratégias digitais. Atualmente, também é repórter na rádio 9 de Julho, comentarista no programa Esporte por Esporte, da TV Santa Cecília, e narrador freelancer.
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