Em menos de um ano, dívida do Corinthians com Augusto Melo supera gestões de Andrés e Duílio
Aumento do endividamento do clube motivou abertura de um novo pedido de impeachment contra o atual presidente corintiano
A dívida bruta do Corinthians aumentou em mais de R$ 400 milhões antes do fim do primeiro ano da gestão do presidente Augusto Melo.
No encerramento da última temporada, a dívida total (incluindo os valores referentes à Neo Química Arena) era de R$ 1,968 bilhão, de acordo com o balanço financeiro da equipe alvinegra. Hoje ela está em R$ 2,4 bilhões.
A comparação do déficit do Timão entre o início e o momento atual da administração é de R$ 432 milhões.
Os números são admitidos pela própria gestão corintiana em documento enviado ao presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Fernando Antonio Torres Garcia, com a finalidade de centralizar com urgência as execuções cíveis contra o clube.
Endividamento durante seis meses do mandato de Augusto Melo representa mais do que 50% dos três anos da ‘Gestão Andrés'
Segundo o relatório apresentado pelo Conselho de Orientação do Corinthians (Cori), ao qual a reportagem também teve acesso, o endividamento do clube no primeiro semestre da administração liderada por Augusto Melo foi de R$ 180 milhões.
O valor não contempla as despesas e os investimentos na última janela de transferências. E é superior aos números registrados nos últimos seis anos no período proporcional.
Entre 2018 e 2020, período que marcou a segunda gestão de Andrés Sánchez na presidência corintiana, o endividamento aumentou em R$ 337,6 milhões.
- 2018: R$ 18,8 milhões negativos;
- 2019: R$ 195,5 milhões negativos;
- 2020: R$ 123,3 milhões negativos.
Os primeiros seis meses de Augusto Melo no comando do Timão representam o aumento do endividamento em 53,4% (mais da metade) em relação a todo o triênio da gestão liderada por Andrés.
No período, o déficit registrado foi de R$ 30,3 milhões e resultado final de cerca de R$ 45 milhões abaixo da previsão orçamentária.
Já entre 2021 e 2023, quando o presidente do Corinthians foi Duílio Monteiro Alves, o endividamento não somente deixou de aumentar como os resultados foram positivos, o que ajudou, ainda que minimamente, a reduzir o prejuízo acumulado do período para R$ 315,6 milhões.
- 2021: R$ 5,6 milhões positivos;
- 2022: R$ 15,3 milhões positivos;
- 2023: R$ 1,1 milhão positivos.
Neste período, houve aumento na arrecadação corintiana, gerando números recordes de receita:
- 2021: R$ 502,5 milhões;
- 2022: R$ 778 milhões;
- 2023: R$ 1 bilhão.
Custo operacional do Corinthians supera a marca de R$ 600 milhões
Muito do que motiva o crescimento do endividamento corintiano está nas elevadas despesas operacionais.
Atualmente, a despesa do Timão com o futebol é de R$ 420 milhões. Já referente às partes administrativa e operacional são de R$ 220 milhões. Totalizando R$ 640 milhões.
No documento enviado ao TJ/SP alega que o prejuízo acumulado nos últimos seis anos é um dos motivos para a necessidade de caixa. Porém, em 11 meses, a atual gestão registrou um endividamento proporcional mais elevado que o período referente às duas últimas gestões.
Nos últimos meses, jogadores e funcionários têm recebido os seus pagamentos em dia, mas, de acordo com informações apuradas pela Trivela, os fundos corintianos estão comprometidos já para a segunda quinzena de dezembro.
Na documentação enviada ao Tribunal de Justiça, o clube alvinegro usa o termo “fluxo de caixa estrangulado” e admite insuficiências para cobrir obrigações de curto prazo, como folha salarial e prejuízos operacionais.
Aumento da dívida é um dos argumentos usados pelo Cori em novo pedido de impeachment contra Augusto Melo
Por conta das questões citadas, o Cori classificou os atos da gestão atual como temerários, assim recomendando a abertura de um processo de impeachment contra Augusto Melo. Essa solicitação foi entregue ao Conselho Deliberativo, que repassou à Comissão de Ética e Disciplina. O presidente corintiano terá a possibilidade de se defender através do último órgão citado.
O pedido em questão, no entanto, não tem a ver com a votação marcada para esta segunda-feira (2) e que pode definir pelo afastamento de Augusto caso a maioria mais um dos conselheiros entenda pelo prosseguimento do processo atual — a quantidade é referente aos votos válidos, desconsiderado ausências e abstenções.
Desta forma, ainda que o dirigente “sobreviva” ao processo seja no Conselho ou Assembleia de Sócios, que representa a última instância, ele terá pela frente um novo procedimento que pode levar à destituição, desta vez sob o argumento da gestão temerária.