Corinthians: O que ‘sim’ de conselho significa para pedido de impeachment de Augusto Melo?
Conselho de Orientação reforçou pedido de afastamento contra o presidente corintiano, mas parecer pode não ser usado em reunião decisiva
Por 13 votos a zero, o Conselho de Orientação do Corinthians (Cori) se manifestou favorável a um processo de impeachment contra o presidente Augusto Melo.
No entanto, ainda que o parecer aumente a pressão sobre o mandatário corintiano nos bastidores, ele possui pouca implicação prática em relação à votação que acontecerá nesta quinta-feira (28) no Conselho Deliberativo e pode culminar no afastamento do dirigente.
De acordo com apuração da Trivela, embora Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo corintiano, tenha participado da reunião do Cori, o documento oficial com o parecer ainda não chegou ao líder dos conselheiros.
Desta forma, a conclusão do Conselho de Orientação dificilmente será usada como elemento de sustentação para que o processo de impeachment de Augusto Melo avance na reunião desta quinta-feira (28).
A depender do resultado da votação, o presidente corintiano pode ser afastado do cargo até a assembleia de sócios, que acontecerá somente em 2025, e que configura em última instância.
Documento assinado por Miguel Marques e Silva, presidente do Conselho de Orientação (Cori) do Corinthians sobre a reunião que ocorreu na noite de ontem. pic.twitter.com/GerB7Wpftb
— Fábio Lázaro (@FabioLazaro_) November 26, 2024
Quais as diferenças entre o pedido de impeachment de Augusto Melo e o parecer do Cori?
O pedido de destituição de Augusto Melo da presidência corintiana aconteceu no fim de agosto, quando um grupo de 86 conselheiros assinaram a solicitação e entregaram à direção do Conselho Deliberativo.
Os argumentos apresentados na petição apontam quase que integralmente elementos relacionados ao Caso Vai de Bet, onde são investigados possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na intermediação do contrato com a antiga patrocinadora.
A exceção às alegações envolvendo o “Caso Vai de Bet” em relação ao pedido de impeachment que será votado nesta quinta-feira (28) no Conselho Deliberativo é a briga que Augusto Melo teve com um torcedor do Cruzeiro na partida em que o Corinthians foi derrotado pelo clube mineiro, em julho, pelo primeiro turno do Campeonato Brasileiro.
Já o parecer do Cori aponta possíveis irregularidades na gestão, a configurando como temerária.
O Conselho de Orientação reprovou as contas do primeiro e segundo trimestre, alegando desencontro de informações e inconsistência nos números apresentados.
O órgão se baseia nos artigos 97 e 106 do Estatuto Social do Corinthians que apontam sobre a responsabilidade do Cori em fiscalização a administração do clube, a reprovação das contas e atos de gestão irregular ou temerária.
Para todas essas questões, o presidente Augusto Melo terá direito de ampla defesa da mesma forma que aconteceu em relação às alegações apresentadas no período de impeachment.
Neste caso, o mandatário corintiano se defendeu de forma escrita através da Comissão de Ética e Disciplina e também terá a oportunidade de expor os seus argumentos de forma oral na reunião do Conselho Deliberativo desta quinta-feira (28), antes da votação.
Para Cori, diretoria do Corinthians tentou dificultar a análise de documentos
De acordo com apuração da Trivela, os conselheiros de orientação tiveram dificuldades para analisar as documentações referentes aos dois primeiros trimestres da gestão de Augusto Melo. Isso teria influenciado na demora para a publicação do parecer.
Inicialmente, a direção executiva do Timão não apresentou documentos solicitados, entre eles os contratos com empresas de segurança privada e as consultorias Ernst & Young e Alvarez & Marsal.
Essas documentações só foram entregues ao Cori após deliberação do Conselho Deliberativo.
Ainda assim, conforme apurado pela reportagem, muitos desses materiais eram entregues de forma incompleta, a exemplo:
- Minutas ao invés de documentos e contratos;
- Documentos sem assinaturas e com ausência de páginas;
- Ausências de envios de aditamentos, metas e planilhas.
Algumas informações solicitadas pelo Cori ficaram sem respostas e também sem as devidas prestações de conta.
Porém, por meio de uma comissão interna montada para a verificação, foi concluído pelo Conselho de Orientação que há gastos acima do orçamento com empresas sem perfil para atender o Corinthians e aumento expressivo da folha salarial, qualificando a gestão como temerária.
Mesmo recomendando o pedido de impeachment de Augusto Melo, o Cori reconhece que o presidente corintiano tem direito a ampla defesa.
Procurado pela reportagem, Augusto Melo ainda não se manifestou sobre o parecer do Conselho de Orientação. Caso o mandatário da equipe alvinegra apresente a sua versão, a matéria será atualizada.