Eliminação custa caro (literalmente) ao São Paulo e agrava rombo no orçamento
Sem vender jogadores, São Paulo depende de premiações para fechar contas do orçamento previsto em 2023

Dorival Júnior já age desde a última quinta-feira (31) para fazer o São Paulo superar a queda nas quartas de final da Copa Sul-Americana com derrota nos pênaltis para a LDU. Mas o clube precisará de muito mais tempo para se recuperar do baque que a eliminação terá em sua saúde financeira até o final do ano.
A diretoria conta muito com as receitas provenientes de premiações para fechar as contas de 2023. Especialmente porque o São Paulo pretende atender ao pedido de Dorival Júnior de não vender titulares até o fim da temporada, para ter o elenco completo nas finais da Copa do Brasil. Trata-se de uma promessa expressa do presidente Julio Casares.
– Dinheiro sempre é importante, mas o São Paulo trilha caminho de quem sempre espera legado esportivo. Não vendemos ninguém na janela, não vamos vender ninguém – disse o presidente.
O planejamento orçamentário do São Paulo para 2023 previa receber um total de R$ 265.750.000 em receitas de vendas de atletas, bilheterias e premiações nas quatro competições da temporada. Até hoje, o valor realizado pelo clube é de R$ 194.240.045. Será preciso tirar uma diferença de R$ 71.509.955 sem negociar atletas.
São Paulo está abaixo da meta em três competições
O problema é que com a eliminação na Sul-Americana, o Tricolor não atingirá a meta prevista no orçamento da temporada para a competição. A expectativa era de chegar à final e embolsar um total de R$ 24,6 milhões. Com a queda nas quartas de final, o valor recebido é de R$ 12,4 milhões – pouco mais da metade do esperado.
O mesmo já aconteceu com o Campeonato Paulista. A expectativa era receber R$ 1,65 milhão, mas o clube ficou com apenas R$ 450 mil após ser eliminado pelo Água Santa nas quartas de final.
A CBF ainda não divulgou qual será a premiação para o Brasileirão deste ano. Mas com base nos valores oferecidos no ano passado, o Tricolor também está bem abaixo do esperado.
O orçamento prevê receber R$ 33,7 milhões no Campeonato Brasileiro – prêmio para o sexto colocado. Atualmente, o São Paulo está em 11º, o que dá direito a uma premiação de R$ 19,3 milhões.
Orçamento do São Paulo para 2023
Fonte de receita | Valor previsto | Valor alcançado |
Venda de atletas | R$ 142 milhões | R$ 44 milhões* |
Bilheteria | R$ 54 milhões | R$ 69,4 milhões* |
Premiação no Paulista | R$ 1,65 milhão | R$ 450 mil |
Premiação na Sul-Americana | R$ 24,7 milhões | R$ 12,41 milhões |
Premiação no Brasileirão | R$ 33,7 milhões | R$ 19,3 milhões** |
Premiação na Copa do Brasil | R$ 9,7 milhões | R$ 48,7 milhões |
Valores totais | R$ 265,75 milhões | R$ 192,24 milhões |
*Valor aproximado
**Valor com base na premiação de 2022
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Copa do Brasil “compensa” eliminações
Menos mal para os tricolores que a campanha na Copa do Brasil superou (e muito) as expectativas previstas no orçamento. Como chegou à final, o São Paulo já quintuplicou o valor que esperava receber na competição. O orçamento do clube previa chegar ao menos até as quartas de final, com uma premiação total de R$ 9,7 milhões – lembrando que o Tricolor entrou direto na terceira fase.
E o São Paulo já recebeu ao todo R$ 48,7 milhões em premiações da CBF. Isso, porque o vice receberá R$ 30 milhões. Em caso de título inédito, o Tricolor levará a bolada de R$ 70 milhões e somará um total de R$ 88,7 milhões apenas em valores recebidos na competição.
Na ponta do lápis, o São Paulo já superou o valor previsto no orçamento para premiações. Contando com a estimativa do Brasileirão pela 11ª colocação, o Tricolor já “garantiu” R$ 80,86 milhões em premiações. O orçamento previa receber R$ 69,75 milhões. Claro, que esse valor pode mudar (para mais ou para menos), a depender do desempenho da equipe no Brasileirão.

Bilheterias também ajudam a “salvar” ano
O São Paulo também já superou em mais de R$ 15 milhões os valores que projetava receber com bilheterias. A renda em 2023 é a maior da história do clube, com apenas 27 jogos disputados como mandante até agora. O São Paulo já faturou R$ 69.390.045 milhões com bilheterias, enquanto a meta era receber R$ 54.000.000.
Receitas para compensar falta de vendas
Todos esses números seriam muito positivos, não fosse a promessa de não vender jogadores até o fim do ano. O São Paulo resistiu ao interesse de clubes da Europa em alguns de seus principais jogadores. Especialmente Lucas Beraldo. O zagueiro esteve na mira de clubes da Premier League, e o Wolverhampton chegou a cogitar uma proposta de 10 milhões de libras (R$ 63,3 milhões) pelo defensor – valores bem abaixo do que o Tricolor pretende receber.
O problema é que o orçamento do clube prevê receber R$ 142 milhões em negociações de atletas em 2023. E hoje, o clube realizou apenas um valor próximo a R$ 44 milhões. Até o momento, o clube já garantiu cerca de R$ 44 milhões com negociações nesta temporada. Ou seja: faltaria completar este valor com mais R$ 98 milhões. Por isso, avançar nas competições e encher o Morumbi têm sido diferenciais também fora de campo.
A venda mais recente foi a do garoto Newerton. Mesmo sem sequer estrear pelo clube, o atacante foi vendido ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, por R$ 16,1 milhões. Outros atletas negociados foram Patrick, ao Atlético-MG, por R$ 6 milhões, e Léo, ao Vasco, por R$ 16 milhões. O clube também receberá valores por mecanismo de solidariedade nas negociações envolvendo Luiz Araújo, Brenner e Lyanco.