Brasileirão Série A

Como Palmeiras ‘voltou a ter’ Raphael Veiga na reta final da disputa pelo bicampeonato

Com mudança tática de Abel Ferreira, Palmeiras volta a poder contar com seu jogador mais importante para poder ainda sonhar com o Brasileiro

Hoje, às 21h30, o Palmeiras joga uma final inesperada. Com uma sequência de três vitórias, o Alviverde encostou no Botafogo e jogará no Nilton Santos sonhando de modo palpável com a conquista do Campeonato Brasileiro. Para tanto, ainda terá a “volta” de seu jogador mais decisivo na Era Abel Ferreira: Raphael Veiga.

Sim, a volta. Porque Veiga não saiu do time, mas foi como se tivesse saído. Desde a lesão de Dudu, em 27 de agosto, o líder técnico do elenco não vinha sendo o mesmo. Isolado na criação das jogadas, sem contar com o parceiro da camisa 7, Veiga caiu de rendimento, e parecia até mesmo cansado.

Contra o Boca Juniors, no primeiro jogo da semifinal da Libertadores, Veiga pouco conseguiu tocar a bola. Indagado sobre isso na entrevista coletiva pós-jogo, nervoso, disse que um jogador poderia ser muito útil abrindo espaço para os companheiros. Mas, certamente, não é isso que o Palmeiras espera dele.

No jogo de volta, o problema seguiu. O camisa 23 só melhorou na segunda etapa, quando passou a ter companhia na articulação, com as entradas de Luis Guilherme e Jhon Jhon. Mas a fase não era mesmo das melhores. E, embora batedor oficial do time, ele desperdiçou sua cobrança contra os argentinos, que levaram a vaga nos pênaltis.

Vieram então as desastrosas derrotas para Santos e Atlético-MG, com o problema da pouca participação do meia seguindo. Contra o Atlético-MG, Veiga até discutiu com Rony em campo, mostrando estar totalmente fora do seu normal.

Até que, depois da Data Fifa, Abel teve a ideia de mudar o esquema de jogo para atuar com três zagueiros. E, desse modo, ganhou também seu camisa 23 de volta.

Raphael Veiga comemora seu gol contra o Bahia no Allianz Parque (Foto: Cesar Greco/Palmeiras/by Canon)

– Olha, é muito bom para ele (Veiga) voltar a ter confiança, eu acho que ele andava aqui um período triste. Eu acho que, às vezes, os torcedores não têm noção da agressividade de algumas críticas. Porque nós todos falhamos, ele falhou, como eu falhei, como todos falhamos. E um jogador que já deu tanto ao clube, ao menos durante estes últimos três anos, pelo menos desde que eu estou aqui. Há críticas que nos deixam magoados, e acho que ele sentiu isso – disse o técnico Abel Ferreira, após a vitória sobre o Bahia.

– Mas o mais importante é que ele seja resiliente. Ele já está no Palmeiras acho que há oito ou nove anos. Passou um período muito difícil aqui no início, como quase todos os jogadores que chegam ao Palmeiras e não anda logo como os torcedores gostam. Mas foi capaz de dar a volta, foi capaz de ouvir isso, transformar e vir com o melhor ainda. E é muito bom para ele voltar com confiança. Nós também temos o posto um bocadinho mais à frente, para ele nos dar outras coisas – disse.

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Nova função

Desde que o Palmeiras passou a não ter Dudu, Raphael Veiga teve suas duas maiores notas no portal SofaScore, de índice para apostas e estatísticas, depois que o Palmeiras passou a jogar com três zagueiros.

Contra o Coritiba, Veiga saiu de campo com 7,7. Contra o Bahia, teve sua melhor nota desde o começo de setembro: 7,8. Ele inclusive voltou a balançar a rede contra o Tricolor de Salvador, algo que não fazia desde justamente quando jogou ao lado de Dudu pela última vez, diante do Vasco, em 27 de agosto.

O crescimento de Veiga se explica pela ajuda que ele passou a ter com a nova formação. Com Luan na equipe, Veiga passa a ter Zé Rafael e Richard Ríos mais próximos na criação, já que o zagueiro consegue avançar para atuar como um volante.

Do mesmo modo, com os dois laterais atacando ao mesmo tempo, Veiga passa a poder atuar mais centralizado, vindo por detrás de Breno Lopes e Endrick, os atuais titulares do Verdão.

– Ele, às vezes, mete na cabeça que é 8, e pode ser um 8 para baixar e ligar o jogo, ele tem as características. Mas a qualidade dele, e ele tem que entender, que tem que ser um jogador de servir os dois da frente, de rematar e de fazer gols. E é bom para ele, e é bom para o time que ele volte a fazer gols para se animar. Mas tá um bocadinho cara fechada sim, espero que seja por isso que te falei. E acima de tudo, espero que ele continue a fazer aquilo que tem que estar benfeito, que é ajudar o nosso clube.

Números explicam a importância

Raphael Veiga e Dudu (Foto: Palmeiras)

A despeito do período de rendimento mais baixo, Veiga ainda ostenta os principais números do Palmeiras na temporada, na qual já fez 52 jogos.

Ele é o primeiro nos rankings de gols (17), finalizações certas (53) e assistências (15). Destes números, apenas as finalizações que geraram gols contra o Vasco e o Bahia ajudaram a engordar a estatística.

Na Era Abel, Veiga também é o grande nome. Com 81, ele só tem menos gols que Dudu, com 86. No Brasileiro deste ano, tem oito, sendo o artilheiro do time.

Outros números de Raphael Veiga

  • Jogador com mais gols em finais na história do Palmeiras: 11 bolas na rede em 11 decisões, seguido por Evair, com seis;
  • Veiga marcou em sete finais (Supercopa do Brasil 2021, Libertadores 2021, Mundial de Clubes 2021, Recopa Sul-Americana 2021, Recopa Sul-Americana 2022, três no Paulista 2022 e dois na Supercopa do Brasil 2023);
  • Jogador com mais finais disputadas na história do Palmeiras: 12, ao lado de Weverton, Gustavo Gómez e Rony e seguido por Zinho, com 11;
  • Jogador que mais fez gols de pênalti em tempo regulamentar pelo Palmeiras neste século: 29, seguido por Gustavo Scarpa e Edmundo, ambos com 14;
  • 2º jogador que mais fez gols de pênalti em tempo regulamentar desde 1990: 29, atrás apenas de Evair, com 33;
  • Perdeu apenas quatro de 33 pênaltis pelo Palmeiras no tempo regulamentar e dois em cinco cobranças em disputas eliminatórias;
  • Jogador que mais fez gols pelo Palmeiras em clássicos paulistas neste século: 14 (cinco contra o Corinthians, quatro contra o Santos e cinco contra o São Paulo), contra 12 de Dudu;
  • Vice-artilheiro do Palmeiras na temporada 2022: 19 gols, atrás só de Rony, com 23;
  • Único jogador a fazer gols em todas as competições de 2022: Paulista (7), Copa do Brasil (2), Libertadores (6), Brasileiro (3), Recopa (1) e Mundial de 2021 (2);
  • Média de gols em 2022 foi a melhor de Veiga no Palmeiras: 0,43 (21 gols em 48 partidas);
  • Artilheiro do Palmeiras na temporada 2021 (20 gols, seguido por Rony, com 12), foi eleito naquele ano pela Conmebol para a seleção da Libertadores, pela CBF para a seleção do Brasileiro e conquistou a Bola de Prata do Brasileiro.
Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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