Brasileirão Série A

Por Libertadores, Atlético-MG sonha com “próximo passo”, mas não demonstra estar pronto

Atlético-MG fala em dar passo para se enfiar de vez na briga por vaga na Libertadores, mas o time não demonstra capacidade para isso em campo

O Atlético-MG tem um objetivo bem claro para este fim de temporada: chegar entre os seis primeiros e garantir vaga na próxima Libertadores. Ficar de fora da competição internacional seria um baque enorme no clube. Para chegar lá, é preciso dar um “próximo passo” no momento do time. No entanto, o Galo não demonstra que está pronto para esse passo importante.

É fato que o Atlético não queria ter chegado a essa altura da temporada com o único objetivo de conseguir vaga na próxima Libertadores, a ideia inicial era estar disputando títulos. No entanto, o Galo se encontra em uma situação pior ainda, já que não consegue o passo final para entrar no G6 e se consolidar na briga pelas vagas.

Com a chegada de Felipão, o time atleticano teve uma sequência péssima e deu vários passos para trás no Campeonato Brasileiro. Nos últimos dois meses, o Atlético conseguiu retomar o caminho e deu importantes passos para frente. No entanto, agora que precisar dar o passo final, o time não consegue, e nem demonstra capacidade para tal. As atuações e os resultados são realmente de um time de meio de tabela, que não faz por onde para conseguir uma vaga na Libertadores.

– Nós estamos apressados pelos pontos que estamos atrás. Quando vamos dar o outro passo, que vai nos fortalecer, não conseguimos. O que tem dado errado é que estamos ansiosos demais para dar o passo que precisamos dar. Agora, no momento que precisamos de três pontos para nos consolidar, não conseguimos – disse Felipão após a derrota no clássico contra o Cruzeiro.

Desempenho do Atlético é ruim

Nas últimas rodadas, o Atlético pareceu se recuperar na competição e dava sinais de que podia embalar. As vitórias em casa contra Botafogo e Cuiabá não tiveram atuações boas do time atleticano, mas foram resultados que deram moral. Para melhorar, um novo triunfo, agora fora de casa contra o Internacional. Novamente jogando mal, mas com resultado.

Mas uma hora as atuações ruins do time atleticano iriam cobrar, e foi assim na derrota para o Coritiba, a primeira da história da Arena MRV. Na montanha russa atleticana, um lapso de esperança de bom futebol foi visto na rodada seguinte, quando o time de Felipão venceu o Palmeiras, fora de casa, na melhor atuação sob o comando do treinador. Mas tudo foi por água abaixo quando o time jogou novamente mal e foi derrota no primeiro clássico de sua nova casa, contra o Cruzeiro. Para Scolari, a pressão da torcida é um empecilho:

– Não vejo tanta dificuldade quando a gente joga fora de casa, pois não temos essa ansiedade toda. Mas aqui, com torcida, 30/40 mil torcedores do Atlético, parece que queremos fazer as coisas mais rápido. Tanto que passei o jogo todo pedindo calma. Essa pressa na jogada gera a dificuldade que não conseguimos criar.

Mas não é só essa questão de ansiedade e pressão em casa que faz o Atlético não conseguir dar esse tão sonhado passo. O time joga mal na maioria das partidas. O que foi visto contra o Palmeiras é a exceção. O normal do Galo é o futebol apresentado contra Botafogo, Cuiabá, Coritiba, Cruzeiro, etc.

A atuação do Atlético é de um time de meio de tabela, onde se encontra hoje, não de um time que briga por vaga na Libertadores. Mesmo assim, o time mostra soberba contra adversários teoricamente mais fracos. Apesar disso, pelo número maior de vagas que o Brasileirão disponibiliza, o mais provável é que o Galo vai pelo menos brigar por uma delas até o fim da competição. Mas, se não melhorar o desempenho, também é provável que não consiga seu objetivo por conta dessa oscilação.

Falha na criação é também falha de Felipão

O ponto que mais ajuda a explicar o Atlético jogar mal é o meio campo. A falta de criação do time é notória em praticamente todos os jogos. Questionado sobre isso, Felipão admite que tem problemas no setor, mas para ele, o problema são a falta de jogadores de criatividade no elenco. Por parte, o treinador tem razão, já que Pedrinho é o jogador mais criativo do time e tem uma sombra de Igor Gomes, que tem características diferentes, apesar de também ser meia.

Por outro lado, é missão do próprio treinador conseguir tirar de seus jogadores o melhor deles. É missão dele montar um esquema que potencialize o time, já que ele não vê muitas possibilidades. E não é só Pedrinho e Igor Gomes, apesar de características diferentes, Felipão tem atletas de muita qualidade, como Paulinho, Hulk e Zaracho, que também não tem seu lado criativo potencializado. No fim, a culpa do time não ser criativo é de Scolari, que monta um time sem essa característica.

Atlético, o “Robin Hood” do Campeonato Brasileiro?

Depois de vencer o Palmeiras, que briga pelo G4, e perder para o Cruzeiro, que luta contra o rebaixamento, o Atlético ganhou uma fama de “Robin Hood”, o famoso arqueiro inglês que roubava dos ricos e dava aos pobres. No caso atleticano, é que ele rouba pontos dos times mais acima na tabela, mas entrega para os que estão mais abaixo. Após a derrota para o Coritiba, a Trivela fez um levantamento que mostra que o Galo vai mal em resultados contra os times do Z4, mas vai pior ainda contra os do G6.

Analisando apenas a tabela atual e selecionando os times que estão na briga contra o rebaixamento e os que estão na briga pelo G6, também é possível ver que essa história de “Robin Hood” não é verídica. O Atlético fez 50% dos pontos contra os times da parte de baixo, já contra os da parte de cima, fez 33%. Confira:

Times que brigam pelo G6 Times que brigam contra o Z4
Inter: 6 pontos
Bahia: 3 pontos*
Cruzeiro: 3 pontos
Corinthians: 0 pontos*
Goiás: 1 ponto*
Vasco: 0 pontos
Santos: 4 pontos
Coritiba: 3 pontos
América: 1 ponto*
Botafogo: 3 pontos
Bragantino: 1 ponto*
Flamengo: 0 ponto
Palmeiras: 4 pontos
Athletico-PR: 4 pontos
Grêmio: 0 ponto*
Fortaleza: 0 ponto*
Fluminense: 1 ponto*
21 pontos de 42 possíveis = 50% 13 pontos de 36 possíveis = 33,3%

*Apenas um jogo realizado

Nas últimas 10 rodadas do Brasileiro que lhe resta, o Atlético vai encarar cinco times que brigam na parte de cima da tabela (RB Bragantino, Fluminense, Fortaleza, Grêmio e Flamengo) e quatro da parte de baixo (América-MG, Corinthians, Goiás e Bahia), além do São Paulo, campeão da Copa do Brasil e apenas “passeando” no Brasileirão atualmente.

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander Heinrick

Alecsander Heinrick se formou em Jornalismo na PUC Minas em 2021. Antes da Trivela, passou por Esporte News Mundo, EstrelaBet e Hoje em Dia.
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