Flamengo: melhora defensiva deve ser prioridade para Sampaoli sonhar com título
Sampaoli vive momento de pressão no Flamengo e precisa encontrar soluções rápidas pensando no título da Copa do Brasil, além de uma improvável arrancada no Campeonato Brasileiro. O empate sem gols diante do Internacional marcou um raro momento em que a equipe não foi vazada. Por isso, a principal prioridade para o argentino deve ser arrumar a defesa.
Para ter uma noção do tamanho da fragilidade do sistema defensivo, o Flamengo havia sofrido gols em todos os jogos do Brasileirão desde a 16ª rodada, quando empatou diante do América-MG, no Maracanã. De lá para cá, foram oito gols sofridos em cinco partidas. O aproveitamento é um pouco melhor na Copa do Brasil, o que pode ser um refúgio para o Rubro-Negro melhorar o setor.
Flamengo tem defesa pior do que clubes envolvidos no rebaixamento
Entre os 21 jogos disputados no Campeonato Brasileiro, o Flamengo sofreu 26 gols, ou seja, uma média superior a um por partida. Nenhum dos clubes envolvidos na parte de cima da tabela teve a defesa mais vazada do que o Rubro-Negro de Jorge Sampaoli. Digo isso porque, mesmo que Vítor Pereira tenha ido muito mal, ele não chegou a estrear na liga nacional. O primeiro duelo, diante do Coritiba, foi com Mário Jorge no comando.
É preciso ir muito perto da zona de rebaixamento para encontrar um clube que sofreu mais gols do que o Flamengo na edição 2023 do Brasileirão. O Goiás, atual 15º colocado, teve a defesa vazada três vezes a mais do que o Rubro-Negro. Além do Esmeraldino, só os cinco últimos colocados têm um desempenho pior. Até mesmo o Vasco, que esteve no Z-4 ao longo de todo o primeiro turno, tem 29 gols sofridos.
Veja as seis piores defesas do Campeonato Brasileiro
- Flamengo – 26 gols sofridos
- Bahia – 28 gols sofridos
- Goiás – 29 gols sofridos
- Vasco da Gama – 29 gols sofridos
- Santos – 32 gols sofridos
- Coritiba – 39 gols sofridos
- América-MG – 44 gols sofridos
Rendimento na Copa do Brasil pode ser luz no fim do túnel
Apesar da baixa no Campeonato Brasileiro, o aproveitamento da defesa na Copa do Brasil é bastante aceitável. Dos oito jogos que o Flamengo disputou, entre terceira fase, oitavas, quartas e semifinal, o sistema defensivo foi vazado em apenas três, sendo cinco gols sofridos no total. Curiosamente, quatro deles foram marcados pelo Maringá, que impôs o único revés do Rubro-Negro na campanha.
Ainda que tenha sofrido contra os paranaenses, uma equipe muito mais fraca, o Flamengo se deu bem em confrontos com rivais de peso. Os comandados de Sampaoli não foram vazados nas séries contra Fluminense (oitavas) e Grêmio (semifinal). O único clube da Série A que conseguiu marcar contra o Rubro-Negro foi o Athletico Paranaense.
Soluções para Sampaoli
Para tentar restaurar a segurança do sistema defensivo do Flamengo, Sampaoli tem algumas opções. O treinador vai contar com o reforço de David Luiz, após três jogos de ausência por conta de uma lesão no adutor da coxa, mas o zagueiro não vem tendo impacto imediato. A última vez que ele entrou em campo foi justamente na derrota para o Olimpia, que culminou na eliminação precoce da Libertadores.
Ainda que não viva seu melhor momento, David Luiz faz parte da dupla de zaga com melhor aproveitamento no Flamengo de Sampaoli. Ao lado de Fabrício Bruno, o zagueiro tem nove jogos, com seis vitórias, dois empates e apenas uma derrota.
Por outro lado, Fabrício Bruno e Léo Pereira formam a zaga mais utilizada, com 15 partidas juntos e um aproveitamento idêntico a quando Sampaoli utilizou os três como titulares: 63%. David Luiz e Pablo formam a única dupla que não venceu nenhuma partida, já que, na única que disputou, perdeu por 3 a 0 para o Cuiabá, fora de casa.
Os problemas também se estendem para a laterais. Na esquerda, Ayrton Lucas vive péssimo momento depois de ser um dos jogadores mais importantes do time no primeiro semestre, enquanto Filipe Luís sofre com a idade avançada e não aguenta mais 90 minutos completo. Na direita, Wesley é o escolhido de Sampaoli, mas oscila pela falta de experiência, Matheuzinho está sem ritmo de jogo e Varela só volta aos gramados em outubro.
Está complicado, sem dúvida, mas a fonte de problema é justamente o estilo de jogo de Sampaoli. Pelo tamanho do volume ofensivo desejado pelo treinador, é natural que a equipe tenha menos material humano focado na defesa. O departamento de futebol também não soube identificar essa carência como prioridade e sequer abriu negociações sérias com um defensor de ponta, como Lucas Veríssimo, que foi para o Corinthians.
Dizem que o ataque é a melhor defesa, mas, por mais que o setor ofensivo do Flamengo seja recheado de grandes jogadores, eles não vão ser perfeitos sempre. A exposição da defesa é um problema crônico do Rubro-Negro e, talvez, fosse solucionado com a adição de um volante por um atleta mais avançado, porém tal mudança iria contra as características de Sampaoli.
A menos que o argentino deixe de lado as suas convicções, e alguns defensores recuperem o nível esperado pela torcida, será difícil que o Flamengo tenha uma defesa confiável. Ainda que Matheus Cunha esteja se provando uma realidade no gol, ele não pode trabalhar sozinho. Se quiser pensar em arrancada rumo ao título brasileiro, fora a Copa do Brasil, precisa arrumar o sistema defensivo deve ser prioridade nessas semanas livres.