Pavón vive seca no Atlético-MG, acumula jogos ruins e vira alvo de críticas da torcida
Na derrota para o Coritiba, torcida do Atlético-MG perdeu a paciência com Pavón, que vem de uma sequência de 20 jogos abaixo do esperado
O Atlético-MG voltou a ser derrotado como mandante e, dessa vez, foi o primeiro revés da história do clube na Arena MRV, sua nova casa, caindo diante do então lanterna Coritiba. O resultado ruim passou pelos pés do atacante Pavón, que foi muito acionado no jogo, mas errou praticamente tudo e virou alvo de vaias e críticas da torcida.
Contra o Coritiba, Pavón foi um dos jogadores mais acionados do Atlético. Nos 77 minutos que esteve em campo, tocou na bola 51 vezes, na maior parte das vezes pelo canto esquerdo do campo, mas quase sempre tomou decisões erradas e perdeu as jogadas. Segundo o SofaScore, o argentino perdeu a posse 19 vezes, número alto para o tanto de ações que teve com a bola.
Mas o baixo desempenho de Pavón não é de hoje. Depois que ele teve uma boa sequência em maio, não conseguiu desempenhar bom futebol. Ele atuou em mais de 20 jogos desde então, e só marcou dois gols (um deles de pênalti) e deu uma assistência. A grande sequência ruim gera questionamento se o bom momento do argentino em um mês do ano foi o ponto fora da curva e esse momento atual que é o “normal” dele.
Vaias e críticas da torcida
A fase ruim de Pavón já vinha sendo comentada por alguns torcedores há alguns jogos, mas estava passando quase despercebida pelo bom momento do Atlético e da dupla Hulk-Paulinho. Mas a derrota contra o Coritiba abriu os olhos do torcedor, que começou a se irritar com o argentino desde o primeiro lance, quando ele errou a decisão da jogada. Dali pra frente, o jogador errou quase tudo e, a cada erro, o torcedor se irritava mais.
Após o gol de empate do Coritiba, Pavón passou a receber vaias da torcida do Atlético presente na Arena MRV. Ele seguiu em campo por mais de 10 minutos e seguiu também errando. Quando substituído, aos 32 minutos da etapa final, ouviu ainda mais vaias do torcedor. Nas redes sociais, a torcida também pegou no pé do argentino.
Você precisa admitir!
Se esse cara se chamasse Ademir, não fosse gringo, preto e tivesse 5 gols em 2 anos, a torcida iria perseguir ele até o fim da vida. pic.twitter.com/MvA9Razp2H
— Olivares 🐓 (@OlivaresCAM__) October 9, 2023
Esse pavon vai ficar sem orelha de tanto que eu vou falar mal dele na terapia nussa menina
— Thay 🐓🌟 (@thaysv1908) October 8, 2023
Um recado ao Pavon!
Aceito jogador ruim, mas jogador BURRO não!
Tá na direita corta pra esquerda, tá na esquerda toca pra direta. Recebe em profundidade, rola pra trás!
Só isso tem a oferecer!???
Sei q vc é mal treinado, mas ajuda aí tbm oh desgraça pelada!— Eldsmond (@eldsmond) October 9, 2023
Pavón chegou com peso, mas não justifica o investimento
A contratação de Pavón pelo Atlético foi polêmica. Primeiro porque ele foi contatado pelo Galo enquanto respondia um processo de abuso sexual, chegando a ter até a prisão preventiva decretada. Foi esse caso, inclusive, que impediu o jogador de se transferir em definitivo para o Los Angeles Galaxy, dos EUA. O clube americano havia tido o argentino por empréstimo e pretendia contratá-lo, mas o caso fez com que eles recuassem. O jogador voltou ao Boca Juniors, se envolveu em algumas polêmicas em campo e foi afastado.
Quando contratado pelo Atlético, Pavón estava há sete meses sem jogar, pois fechou com o Galo e foi afastado pelo Boca. Ele ainda cumpria uma suspensão na Libertadores justamente por ser um dos principais responsáveis por uma briga no Mineirão ao ser eliminado pelo alvinegro em 2021.
Passado esses problemas e anunciado, Pavón chegou, teoricamente, de graça ao Atlético, que não teve que pagar nada ao Boca, pois o contrato dele com os argentinos havia se encerrado. Teoricamente porque o clube teve que desembolsar luvas e um salário alto para fechar com o atacante. Não há o número exato de quanto o jogador recebe no Galo, mas há indícios de que ele tem um dos três maiores salários do elenco.
Até o momento, Pavón fez 58 jogos pelo Atlético, contribuindo com apenas cinco gols e sete assistências, números muito baixos para o investimento e a expectativa criada com ele, que foi jogador de Copa do Mundo da Argentina em 2018. Mas não são só os números baixos que estão abaixo do esperado, o desempenho também, já que ele não consegue ter boas performances no time atleticano.
Um mês bom e o resto ruim
Pavón estreou pelo Atlético em 2022, participando de 18 jogos no ano e marcando apenas um gol. O início ruim podia facilmente ser justificado pelo tempo sem jogar (7 meses) e a adaptação ao futebol brasileiro. Mas em 2023, com mais tempo de casa e pré-temporada feita, o desempenho não mudou muito. O jogador teve apenas um grande momento, quando participou de sete gols em nove jogos no mês de maio.
🔎 Cristian Pavón (27 anos) é o jogador com mais assistências em nossa base de dados no mês de maio! 🎩🇦🇷
⚔️ 5 jogos (4 titular)
⚽️ 1 gol
🅰️ 5 assistências (!)
⏰ 60 mins p/ participar de gol (!)
🔑 16 passes decisivos (!)
🛠 6 grandes chances criadas (!)
💯 Nota Sofascore 7.42 pic.twitter.com/OhGNRBcZio— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) May 18, 2023
Desde esse “super mês”, Pavón caiu drasticamente de rendimento. Nos 20 jogos seguidos que fez, contribuiu com apenas uma assistência e um gol. Se excluirmos o gol de pênalti, que é uma situação diferente do jogo jogado, ele está há 20 jogos sem balançar as redes. Mesmo com o gol na penalidade, o número ainda é alto, de oito jogos sem balançar as redes.
Pavón caiu de produção com Felipão
Como citado anteriormente no texto, um jogador não pode ser baseado apenas nos números dele, é preciso olhar o geral, o desempenho. Pavón não tinha números espetaculares quando Eduardo Coudet estava no comando do Atlético (com exceção do mês de maio também citado), mas ele desempenhava muito melhor em campo. Com o técnico argentino, o atacante parecia que sabia se encontrar mais em campo, tomava decisões mais precisas e conseguia ajudar mais o time.
Mas, desde a chegada de Felipão, Pavón não foi mais o mesmo. O motivo pode ser a forma de jogar do time, que mudou. Com Coudet, que gostava de jogar com dois atacantes, o argentino era uma espécie de ala, que tinha suas obrigações ofensivas e defensivas, conseguindo cumpri-las bem. Já com Scolari, Pavón passou a atuar mais como ponto, revezando com Paulinho nas laterais do ataque. Essa mudança pode ajudar a explicar a queda dele, mas não dá a resposta final, já que ele atuou assim pelo Boca e teve desempenhos bons.
O que fazer com Pavón?
Com a fase ruim de Pavón, talvez seja o momento de Felipão pensar em tirar o jogador do time titular, até para ele absorver o que está vivendo, ser menos perseguido pela torcida e tentar uma retomada. O problema é que o treinador não tem nenhum jogador no banco para a mesma posição. Como Coudet iniciou a temporada e ele não costuma jogar com pontas, os que tinham no elenco, como Keno e Ademir, foram negociados, restando só o argentino.
Uma possibilidade para Felipão nesse caso é mudar a formação do time. Dois meias ofensivos, como Pedrinho e Igor Gomes, podem ser a solução, ou quem sabe um terceiro zagueiro para fazer a liberação de Arana como um ala/ponta esquerda. Patrick é outro jogador que pode ser acionado, como foi o caso contra o Coxa, mas o time perde poder ofensivo, que já não é alto.
Usar a base poderia ser uma possibilidade
Sem opções no time principal, Felipão tem uma opção que claramente não gosta de usar, que é a base. O treinador poderia experimentar o jovem Alisson na posição de Pavón. O jogador é quem mais tem características próximas as do argentino e, quando foi acionado, mostrou personalidade e muita qualidade. No entanto, usar a base é algo que o treinador definitivamente não faz no Galo. Contra o Coxa, por exemplo, ele não levou o próprio Alisson nem para o banco, assim como os atacantes Cadu e Isaac, ficando apenas com Kardec de opção ofensiva.
Outro garoto da base do Atlético que poderia ganhar uma chance na vaga de Pavón é Rubens, que é o mais experiente entre os jogadores revelados pelo Galo. Com o meio-campo como posição de origem, o atleta se tornou lateral-esquerdo no time profissional, sendo acionado nos nove meses de lesão de Arana. Ele até hoje é um dos destaques do Brasileirão em estatísticas defensivas, mesmo não atuando com Felipão. Como se formou como meia e foi moldado na lateral, Rubens poderia ser uma opção para fazer a ala esquerda, revezando ela com Arana.