Brasileirão Série A

Derrota para o Coritiba expõe fragilidade do Atlético-MG de Felipão

Falta de criação sempre foi algo presente no Atlético-MG de Felipão, mas era mascarada pelos bons resultados recentes

O Atlético-MG teve a ótima sequência que vinha tendo na temporada interrompida com uma derrota justamente na Arena MRV, a primeira na nova casa. O revés para o Coritiba expôs algumas fragilidades do time de Felipão que já estavam “mascaradas” pelas vitórias.

A partida contra o Coritiba foi uma das piores do Atlético sob o comando de Felipão. O time atleticano não conseguiu criar e assustar o lanterna e pior defesa do Campeonato Brasileiro. Na coletiva pós-jogo, o treinador comentou a falta de criatividade do time:

— A nossa criação hoje não foi uma criação daquela que a gente achou que dava para fazer. É o dia errado do nosso Galo, perdemos quando podíamos nos aproximar dos outros. Temos que tirar lições disso tudo. Tivemos mais posse de bola, mas infrutífera, que não resultaram em chances de gols.

Mas essa falta de criatividade não é novidade do time de Felipão, mesmo nas vitórias, o Atlético não estava sendo muito criativo. Na última semana, a Trivela analisou o mês de setembro do Galo e, apesar dos bons resultados, ressaltou que o time criava pouco e podia mais.

Pedrinho fez falta para o esquema de Felipão

Contra o Coritiba, o Atlético não teve seu principal meia de criação, já que Pedrinho sentiu um incômodo na coxa direita. O jogador vinha sendo muito importante para o time de Felipão, organizando o meio-campo e criando jogadas, demonstrando grande entrosamento principalmente com Paulinho. Sem ele, o time perdeu na criação.

Na vaga de Pedrinho, jogou Igor Gomes, que não fez uma partida ruim, mas, por ter características diferentes, não conseguiu impor o que o time do Atlético precisava nessa partida. Felipão ainda explicou que, já que não tinha Battaglia, optou por colocar Alan Franco e não Edenílson (substituto natural), para tentar ajudar Igor:

— Eu entendi que hoje era para dar uma liberdade ao Igor (Gomes). Ter dois jogadores para fechar o meio e saindo um ou outro na marcação. O Edenílson tem outras características, ele sai muito mais e fica mais exposto o setor de meio. Foi uma análise que a gente fez.

O treinador ainda tinha no banco o meia Hyoran, que tem características parecidas com as de Igor Gomes, também diferente de Pedrinho, mas ele optou por não utilizá-lo. Ele ainda deixou de fora da relação o jovem Alisson, que mostrou personalidade quando foi acionado, mas perdeu espaço sem explicações.

Mas é só Pedrinho o motivo?

Mesmo nas partidas em que Pedrinho jogou, o Atlético não foi dos times mais criativos. O Galo estava sendo apenas eficiente, criava duas ou três chances, no máximo, e convertia pelo menos uma delas. Contra o Coxa nem uma chance o Galo conseguiu criar. Não por acaso, o alvinegro caminha para ter seu pior ataque na história dos pontos corridos.

No último mês, por exemplo, o Atlético só criou seis grandes chances de gol, mas conseguiu encerrar os 30 dias com três vitórias e um empate fora de casa. Mas, por trás dos resultados bons, estavam as atuações contestáveis. Em todas as partidas, o Galo recua após sair na frente. Foi assim contra o Athletico-PR, quando fui punido com o empate, e contra Botafogo e Cuiabá, mesmo os jogos sendo na Arena MRV. Contra o Inter, o alvinegro foi dominado, mas ainda saiu com 2 a 0 favorável no placar. Após a vitória contra o Dourado, a Trivela questionou o treinador sobre o time dele não criar muito e sofrer, a resposta, de que “sofre, mas vence”, não serviu para este domingo na Arena MRV.

Na coletiva, Felipão admitiu que o time do Atlético não tem jogadores de estilo criativo e por isso tem sim dificuldades de criação:

— Temos que analisar que, se queremos propor o jogo, temos que saber muitas vezes que isso vai nos dificultar alguma coisa. Não temos esses jogadores totalmente criativos. Temos uma capacidade muito boa, mas dentro dela temos que nos adaptar a uma situação. Nós, quando temos que propor o jogo, temos dificuldades e temos que saber disso.

Vale ressaltar que, além da criatividade em falta, Felipão destacou falhas defensivas para explicar alguns motivos para a derrota. Mas, o principal ponto para ele, foi a atitude (ou a falta dele) do time em campo.

Felipão tem razão?

Scolari tem razão quando cita que o Atlético não tem muitos jogadores com características de criação. No entanto, é de responsabilidade do treinador achar uma solução para isso. Se o time não tem muitos que criam, é preciso montar um esquema para potencializar esses poucos jogadores que tem essa qualidade, para que eles recebam mais a bola em condições de gerar chances de gol.

Mas não é isso que Felipão tem feito no Atlético. É nítido que o time do treinador joga por poucas bolas e prioriza a defesa ao invés da criação e, em jogos que o time falha defensivamente, como foi esse como o Coritiba, não há estratégia para atacar mais e buscar mais gols, para furar bloqueios adversários. Cabe ao treinador tentar ajustar o time para que ele possa se portar melhor ofensivamente.

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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