Atlético-MG precisa tirar lições de derrota para o Sport — dentro e fora de campo
Derrota sendo dominado pelo Sport é lição importante para o Atlético dentro de campo, mas maior ainda fora dele, para a diretoria

Completamente dominado pelo Sport na derrota por 1 a 0 desta quarta-feira (22) na Copa do Brasil — que mesmo assim garantiu sua classificação às oitavas, já que venceu a ida por 2 a 0 —, o Atlético-MG vai, sem dúvidas, tirar muitas lições desse revés, tanto sobre o comportamento do time em campo, quanto sobre a necessidade de reforços, sendo essa responsabilidade da diretoria e dos investidores do clube.
A partida no Recife foi a pior do Atlético sob o comando de Gabriel Milito. O Galo foi dominado por um adversário pela primeira vez, e pior, foi muito frágil defensivamente, principalmente no primeiro tempo. Os espaços no meio e na defesa geraram algumas chances de gol para o Sport, que, por sorte do Alvinegro, só balançou as redes uma vez.
Após o jogo, Gabriel Milito assumiu a culpa pelo Atlético ter sido dominado, elogiando muito o time do Sport. Ele espera que essa partida sirva como lição e aprendizado para o time evoluir na temporada.
— Eu não gosto que dominem o meu time, igual aconteceu hoje. Temos que, com calma e paciência, ver o que poderíamos ter feito mais e melhor, pelo menos para fazer um jogo mais parelho. Não controlamos (o jogo) com bola e não jogamos bem sem — afirmou o técnico argentino.
Segundo Milito, quando analisarem o jogo com mais tranquilidade, eles vão tirar muitas conclusões negativas, e é importante fazer delas um ativo para evoluírem. Para o argentino, é crucial analisar os erros para não cometê-los de novo.
Quisemos impor o nosso jogo e não conseguimos. Foi uma partida para tirarmos muitas conclusões negativas, que, às vezes, são necessárias para melhorar. Não quero que isso aconteça, mas, quando acontece, temos que aproveitar como aprendizado para corrigir e ser melhor — Milito.
Onde o Atlético errou?
O principal problema do Atlético na partida foi na defesa. O time deu muito espaço ao Sport. No gol de Barletta, por exemplo, ele dominou livre, com calma, ajeitou e bateu sem ser incomodado. Além disso, outros vários lances escancaram os buracos defensivos, como em jogadas individuais ou em contra-ataques. Não faltaram chances, principalmente no primeiro tempo, para o Galo ter sofrido mais gols.
Esse problema na defesa tem muito a ver com a ausência de Otávio, único primeiro volante do time, que se lesionou no último jogo. O jogador vinha sendo o cão de guarda do time de Milito, e, sem ele, o Atlético perdeu muita na marcação. O substituto dele foi Alan Franco, que até pode fazer a função, mas tem menos poder de marcação, e ficou claro que, em um jogo com um adversário atacando como o Sport atacou, ele não dá conta do recado.
Na etapa final, Milito alterou o time e colocou Battaglia, que estava como zagueiro, na função de primeiro volante, o que melhorou os espaços na defesa, que ainda seguiram, mas com menos frequência. O argentino é o que parece mais indicado para substituir Otávio, mas, ele vem atuando muito bem como zagueiro e ficou claro que o treinador não queria tirá-lo dessa função, já que começou o jogo com ele na defesa.
A mudança já no intervalo, no entanto, é importante para esse aprendizado por mostrar como Milito já enxergou onde estava o problema no time e tentou consertar, mesmo tendo que fazer algo que, aparentemente, não queria, que é tirar Battaglia da zaga.
Elenco do Atlético clama por reforços
A lesão de Otávio escancarou como o elenco do Atlético é curto. A necessidade por reforços já era clara antes disso acontecer. Com o volante lesionado, ficou mais evidente, e o desempenho do time sem um “cão de guarda”, já que não tinha nenhum à disposição, confirmou isso.
Por isso a partida contra o Sport serve para o Atlético tirar lições também fora de campo, para a diretoria e para os investidores entenderem que precisam contratar. Mesmo quando Otávio voltar, o Galo não terá outro primeiro volante de pegada. Se ele se lesionar de novo ou ficar suspenso, Milito vai precisar tirar jogadores de funções em que se destacam mais, como foi com Alan Franco (de 2° para 1° volante) e Battaglia (de zagueiro para 1° volante) nesta quarta.
Ter jogadores que fazem a função, como os próprios Franco e Battaglia, além de Zaracho que pode jogar por ali também, não é a mesma coisa de ter jogadores com características parecidas. O Atlético não tem um reserva para Otávio. Paulo Vitor, jovem da base, pode vir a ser esse nome, mas foi pouco testado e está se recuperando de uma lesão também, ou seja, não dá para confiar 100% ainda.

E o Atlético já sabe que vai ter problemas, pois, mesmo se contratar, os jogadores só poderão jogar após a Copa América, e, durante o torneio, o Galo ainda perderá Alan Franco e Guilherme Arana, que não têm reserva no momento. Na defesa, o Alvinegro já negociou Jemerson com o Grêmio e não o terá mais à disposição. A ideia é contratar Junior Alonso, que faz tanto a zaga quanto a lateral-esquerda, mas, novamente, ele só jogará em julho caso seja realmente contratado.
Durante a Copa América, então, o Atlético não terá um lateral-esquerdo disponível. Só terá um primeiro volante, que hoje joga como zagueiro. E só mais dois meias que atuam com frequência: Igor Gomes e Zaracho — que tem histórico de lesões. Fora que, no ataque, o principal reserva, que é Vargas, também estará de fora. Talvez não precisasse do jogo contra o Sport para ligar esse alerta na diretoria, mas, já que aconteceu, é importante eles começarem a se mexer para reforçar o time após o torneio.