Atlético-MG demite Felipão: esses foram os motivos que levaram à decisão
Início desastroso em performance no Mineiro e relação ainda pior com a torcida pesaram para Felipão ser demitido pelo Atlético-MG
O Atlético-MG anunciou nesta quarta-feira (20) que o técnico Luiz Felipe Scolari não comanda mais o clube. O péssimo desempenho do time no início da temporada, somados ao relacionamento ainda pior com o torcedor e a falta de explicação nas coletivas, pesaram para que o Galo aproveitasse a Data Fifa e cortasse relações com o experiente treinador. A decisão foi tomada pelo comitê do futebol, que se reuniu na noite de terça (19).
Luiz Felipe Scolari não é mais o técnico do Galo. De forma consensual, Clube e treinador acertaram o fim do vínculo na manhã desta quarta-feira (20).
O Galo agradece a Felipão e seu auxiliar Carlos Pracidelli pelos serviços prestados e deseja-lhes sucesso no seguimento de suas… pic.twitter.com/axNThfcNqN
— Atlético (@Atletico) March 20, 2024
O Atlético começou o Mineiro como franco-favorito, mas acabou a primeira fase como o pior dos classificados, e não apresentou nada de bom — nem mesmo uma pequena evolução de futebol, fator que mais pesou na decisão. Nas semifinais do estadual, o primeiro jogo deu alguma esperança de as coisas estavam para melhorar, mas tudo foi jogado fora com o terrível desempenho no jogo de volta. Mesmo assim, de forma culposa, o Galo está na final do estadual.
Mas ter alcançado a meta de chegar na decisão do Mineiro — que, cá entre nós, era obrigação do Atlético -, não foi o suficiente para Felipão ser mantido no clube. Para além das quatro linhas, suas coletivas pós-jogo sem explicações do que ou por que tomava decisões, sempre na defensiva, discutindo com repórteres, também influenciaram.
Briga com a torcida pesou contra
Por fim, mas não menos importante, o que ajudou para que Felipão fosse demitido foi a relação dele com a torcida do Atlético. Desde que chegou ao clube, o treinador nunca pareceu fazer questão de cultivar um respeito e admiração do torcedor atleticano, sempre a rebatendo e confrontando nas coletivas.
A gota d'água para a torcida foi quando ele xingou um torcedor no desembarque do time, há cerca de um mês. Para piorar, ele preferiu atacar os torcedores ao invés de colocar panos quentes na história e pedir desculpas. Uma semana depois, voltou a bater boca com um torcedor, agora na Arena MRV, indo contra o que havia dito na coletiva anterior.
A torcida do Atlético perdeu completamente a paciência com Felipão, e ele foi vaiado e xingado em praticamente todos os jogos desde então. Ainda na primeira fase, contra o América, mesmo com um empate no último lance do jogo, o Independência ouviu os xingamentos em alto e bom som para o treinador.
Não adiantou o empate no fim, torcida do Atlético xinga em coro o Felipão. pic.twitter.com/XHEnfg1X8I
— Alecsander Heinrick (@alecshms) February 24, 2024
Felipão pelo Atlético-MG
Felipão chegou ao Atlético na metade de 2023 para substituir Eduardo Coudet sob muita contestação. O estilo de jogo completamente diferente do argentino e o fato de estar aposentado antes de acertar com o Galo causaram os protestos.
O início foi desastroso, com uma série de nove jogos seguidos sem vitórias, interrompida por um triunfo em pleno Morumbi. O time voltou ao fundo do poço dias depois com uma eliminação na Libertadores.
No Campeonato Brasileiro, no entanto, ele conseguiu encaixar o time ao abdicar do seu estilo e optar por mesclá-lo com o de Coudet, já que o time que tinha em mãos era montado por e para o argentino. Entre altos e baixos, o Galo conseguiu voltar ao G4 do campeonato e terminou em 3° lugar, com uma grande arrancada na reta final.
Felipão foi o primeiro (e até então único) a comandar o Atlético na nova casa, a Arena MRV, que fez diferença para o clube no segundo turno. No entanto, vai sempre estar marcado por ser o treinador do primeiro clássico contra o Cruzeiro, no qual o Galo saiu derrotado e ainda deu sobrevida ao maior rival.
Mesmo após o fim de ano positivo em 2023, a torcida do Atlético ainda estava dividida sobre a permanência de Felipão, confirmada pelo clube. Essa desconfiança virou grande descontentamento, que foi tanto ao ponto de chegar na cúpula atleticana, que optou pela sua demissão.
Números de Scolari no Galo
- 41 jogos
- 19 vitórias
- 10 empates
- 12 derrotas
- 54,4% de aproveitamento
Atlético buscará 7° técnico da “nova gestão”
Com a demissão de Felipão, o Atlético terá que ir atrás do 7° técnico da nova gestão do clube, que hoje é dona da SAF, mas já cuidava de tudo desde o início de 2020. Na ocasião, eles assumiram já demitindo o técnico venezuelano Dudamel e contratando Sampaoli. O argentino pediu para sair após um ano e o Galo optou por Cuca, que também pediu para sair após o mesmo período, mas chegou a voltar no fim de 2022, após a demissão de Turco Mohamed, seu substituto. Em 2023, o Alvinegro contou com Eduardo Coudet no comando, que foi substituído por Felipão após problemas com a diretoria.
A linha do tempo dos técnicos do Atlético desde 2020:
- Dudamel (2020)
- Sampaoli (2020/21)
- Cuca (2021)
- Turco Mohamed (2022)
- Cuca (2022)
- Eduardo Coudet (2023)
- Felipão (2023/24)