O Atlético-MG (finalmente) demonstrou evolução em campo, mas ainda está bem longe do ideal
Pela primeira vez na temporada, o Atlético evoluiu de um jogo para o outro, mas ainda tem um caminho longo para atingir seu potencial
O Atlético-MG venceu o América-MG por 2 a 0 neste sábado (9), na Arena MRV, pelo primeiro jogo da semifinal do Campeonato Mineiro. O desempenho atleticano foi melhor do que o que (não) vimos em toda a primeira fase e, pela primeira vez no ano, foi possível ver que o time evoluiu de um jogo para o outro. No entanto, o Galo continua muito longe do ideal, mas, dessa vez, parece saber disso.
Felipão assumiu um Atlético montado por e para Coudet em 2023. Ao tentar implementar o seu estilo de jogo, o time foi um desastre. Então ele teve que beber mais da fonte do argentino para fazer uma reta final de campeonato melhor. E funcionou.
Em 2024, tendo mais tempo no clube e respaldo da diretoria, o treinador parece não abrir mão de, enfim, colocar sua cara no time. Para isso, ganhou um meia de criação (Scarpa) e mudou o esquema para três atacantes. Com isso, ele mudou também o estilo do time e de alguns jogadores, como de Paulinho, que passou de companheiro de Hulk a ponta esquerda.
Essa mudança, no entanto, não deu nada certo no início da temporada, com o Atlético fazendo uma primeira fase do Mineiro longe do esperado, como o próprio treinador citou.
— A temporada não é o que imaginávamos. Tem sido de razoável para boa. Poderia ser um pouco melhor? Sim. Mas estamos imaginando uma temporada boa se seguirmos os parâmetros estabelecidos por nós. Temos que aguentar as consequências. Estamos indo devagar, mas com uma equipe razoavelmente já organizada. Poderia ser assim desde o início, mas a chegada de um ou outro jogador, o sistema mudando, muda tudo — disse Scolari.
Razoavelmente estamos bem, mas não estamos fazendo o campeonato sonhado por nós, sabemos disso – Felipão
Mas, ao longo do caminho, Felipão “descobriu” o jovem Alisson, tendo assim o ponta que sonhava. Vale lembrar que, apesar do treinador afirmar que “não tinha ponta com essas características” no último ano, ele já tinha sim o jovem da base atleticana, só não usou porque não quis — ou não achou que estava pronto.
Fato é que Alisson entrou no time e mudou a cara dele, fazendo muita diferença. Mas o jovem foi um alívio individual, com o time seguindo jogando mal e sem evoluir coletivamente. Isso até o duelo contra o América neste sábado.
Um bom jogo, mas não passa disso
Contra o América, o Atlético fez uma boa partida comparado ao que vinha apresentando. Fica cada vez mais evidente o esquema no 4-1-2-3, com Paulinho e Alisson abertos, enquanto Hulk centraliza, além de Igor Gomes e Scarpa na armação. O time funcionou melhor contra o Coelho e realmente desempenhou mais do que vinha apresentando.
O lado positivo foi Paulinho ter desencantado, já que não havia marcado nos sete jogos que havia feito na temporada. Além disso, o camisa 10 demonstrou um belo entrosamento com Guilherme Arana, outro que foi uma grande notícia, já que também não estava muito bem, mas fez uma ótima partida, sendo coroado com uma assistência para o gol de Paulinho.
Paulinho falando sobre o entendimento que tem com Arana, que hoje o presenteou com uma assistência. pic.twitter.com/3SyDgI5MP6
— Alecsander Heinrick (@alecshms) March 9, 2024
Apesar das boas novas e da evolução do time, o Atlético continua muito longe do seu potencial. Ficou, mais uma vez, evidente, que o clube tem muitas dificuldades quando encontra defesas bem montadas. Quando o América se fechou, o Galo não conseguiu criar de jeito nenhum, demonstrando falta de qualidade coletiva para sair desse problema criado pelo adversário. Esse, provavelmente, é o ponto que mais precisa evoluir do time.
— Rendemos o que vínhamos rendendo, com alguma dificuldade, pois estávamos fazendo um trabalho metódico, organizado, com o departamento de fisiologia. Vamos acrescentando condições a medida que fomos jogando. Vamos melhorando nosso desempenho físico e técnico. Fizemos um trabalho bom em casa, os jogadores estão de parabéns, estou feliz com a atuação. Vamos ter que corrigir uma ou outra coisa, que é normal. Mas, no âmbito geral, jogamos uma partida de razoável para boa — destacou Felipão
Além de conseguir fazer o time furar bloqueios como equipe e não só com jogadas individuais, Felipão ainda precisa aprimorar o ataque com a nova formação de três jogadores, além de encaixar melhor Gustavo Scarpa no time, pois o meia parece ainda perdido em algumas ocasiões. Esses pontos, com exceção do bloqueio, que já devia ter alguma coisa pelo menos, devem acontecer com o tempo.
Hoje, não existe o Atlético sem Rubens
Para seguir evoluindo na temporada, Felipão vai precisar mexer e corrigir algumas questões, como ele mesmo falou. A mais óbvia mudança é a entrada de Rubens no time — provavelmente na vaga de Igor Gomes. O jovem vem pedindo passagem desde o fim de 2023, quando já foi muito bem e acabou sacado do time. Em 2024, melhorou ainda mais e vem aproveitando como nunca as oportunidades.
O jogador, que inicialmente era lateral-esquerdo, na reserva de Arana, passou a ser utilizado no meio, sua posição de origem, e está cada vez melhor assim. Todo mundo vê que ele precisa ter mais minutos, começar jogando, o time é outro com ele, não à toa é sempre o primeiro pedido da torcida, e assim foi quando teve seu nome entoado em toda a Arena MRV ainda no primeiro tempo. Ele entrou no intervalo e, como esperado, deu mais intensidade ao time, que melhorou com ele.
O sempre muito pedido e aclamado pela torcida, Rubens, falando como tenta sempre corresponder os gritos da torcida.
Tá pedindo passagem – já tem tempo. pic.twitter.com/RH9YY8E2V8
— Alecsander Heinrick (@alecshms) March 9, 2024
O problema é que Felipão não coloca o jovem para iniciar os jogos. Inclusive, quando questionado após Rubens marcar o gol de empate contra o América na primeira fase, afirmou que ele treina bem, mas é jogador para “determinadas situações”. A questão é, está cada vez mais claro que o meia é jogador para qualquer situação, principalmente para ser titular.