Azarões Eternos

O Panathinaikos vice-campeão europeu de 1971: a epopeia continental do Trevo

A saga do Panathinaikos até a única final europeia disputada pelo futebol grego na história, a da Copa dos Campeões de 1971, poderia ser escrita como uma epopeia, apesar da batalha final ter sido perdida. Mas o time dirigido pelo húngaro Ferenc Puskás e liderado em campo pelo craque Mimis Domazos – para muitos o maior jogador da história da Grécia – também se tornou lendário, ao desbravar etapas nunca antes (nem depois) alcançadas pelos clubes do país, derrubar temíveis adversários e consagrar uma virada antológica. Um legítimo azarão eterno.

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A nova hegemonia nacional

Instituído em caráter oficial em 1927, o Campeonato Grego foi disputado durante décadas num formato regionalizado, com os campeões locais participando de uma fase final. Neste período, o Olympiacos foi o clube hegemônico, faturando nada menos do que 15 das 23 edições concluídas. O sistema de liga nacional em pontos corridos somente foi introduzido na temporada 1959/60, com a criação da Alpha Ethniki, precursora da atual Superliga.

Com a mudança, a hegemonia também trocou de mãos naquele momento inicial: nas primeiras 11 edições da nova liga, o Panathinaikos conquistou sete, levantando um tricampeonato logo de saída em 1960-61-62, além dos bis em 1964-65 e 1969-70 (além de uma “dobradinha” nacional ao vencer também a copa grega em 1969), enquanto os rivais – e outros dois grandes do país – Olympiacos e AEK conquistaram apenas dois títulos cada um.

No título da temporada 1969/70, vencido com oito pontos de vantagem sobre o vice AEK, o Panathinaikos era treinado pelo Vassilis “Lakis” Petropoulos, ex-meia do clube, e que desde outubro de 1969 dirigia também a seleção da Grécia. Quando, ao fim da campanha, Petropoulos deixou o clube para se dedicar exclusivamente ao time nacional, o clube cruzou as fronteiras e tratou de trazer outro nome com muita história no futebol: o húngaro Ferenc Puskás.

Símbolo de três dos esquadrões fabulosos do futebol mundial em todos os tempos – a seleção húngara, o Honvéd e o Real Madrid dos anos 1950 – e de uma revolução tática, exercendo o papel do camisa 9 que recuava para armar o jogo no “Time de Ouro” magiar, Puskás tinha, no entanto, uma carreira bastante incipiente como treinador, que incluía passagens não muito marcantes pela liga norte-americana e pelo Alavés, na segunda divisão espanhola.

Com efeito, seu momento mais brilhante como técnico viria naquela campanha, na qual o time do Trevo superou expectativas, já que o futebol grego de clubes ocupava então as últimas posições do ranking europeu, sem campanhas destacadas: na Copa dos Campeões, em apenas três das 11 edições anteriores as equipes do país haviam superado a primeira eliminatória, e em todos os casos derrotando times de países ainda mais fracos.

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A seleção grega também não tinha grande destaque. Havia disputado seis vezes as Eliminatórias para a Copa do Mundo sem nunca estar realmente perto de se classificar (em 1938, chegara a sofrer uma das maiores goleadas da história das fases de classificação europeias, ao levar de 11 a 1 para a Hungria em Budapeste). Porém, curiosamente, pouco antes do grande feito do Panathinaikos, os helênicos quase carimbaram o passaporte ao Mundial do México.

Apesar de comandada por três técnicos diferentes nos seis jogos do complicado Grupo 1, a Grécia surpreendeu: na chave em que os favoritos destacados eram os portugueses de Eusébio e que contava ainda com as perigosas Suíça e Romênia, ela bateu os lusos por 4 a 2 em Atenas e chegou a abrir 2 a 0 em Lisboa, antes do empate dos donos da casa no fim. Também goleou os suíços por 4 a 1 em Salônica e empatou os dois jogos com os romenos, ficando a um ponto da vaga.

O início da campanha

Embora não fosse exatamente a base daquela Grécia de ótima campanha (apenas três jogadores seus eram titulares absolutos da seleção, contra quatro do rival Olympiacos), o Panathinaikos aproveitou o bom momento, além da vasta experiência na Copa dos Campeões que Puskás acumulava de seus tempos de jogador, para embarcar em uma jornada que entraria para a história do clube e do futebol do país.

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O primeiro adversário, o fraco Jeunesse d’Esch, ofereceu resistência apenas no jogo de ida, em Luxemburgo, quando o Panathinaikos venceu por apertados 2 a 1. Na volta, porém, uma goleada tranquila por 5 a 0, com direito a quatro gols do atacante Antonis Antoniadis, garantiria a vaga nas oitavas de final aos Verdes. Desta vez para pegar um rival mais qualificado, o Slovan Bratislava, que no ano anterior havia conquistado a Recopa vencendo o Barcelona na final.

Uma vitória categórica em Atenas por 3 a 0, com gols de Domazos, Antoniadis e do reserva Deliyiannis, deixou o Panathinaikos com boa vantagem para defender na Tchecoslováquia. Na volta, o Slovan foi para o intervalo vencendo por 1 a 0, gol de Ján Medvid, mas aos dez minutos da etapa final, o atacante Antoniadis empatou e esfriou a reação dos donos da casa, que até marcaram mais um, com Jozef Čapkovič, mas ficaram nisso.

O time-base

Entre as oitavas e as quartas de final, o técnico Puskás fez a única alteração na equipe-base ao longo daquela campanha, tornando-a mais cautelosa. Sacou do time o jovem e impetuoso ponta-esquerda Dimitris Kalligeris, de apenas 18 anos, fazendo entrar um zagueiro, Anthimos Kapsis, que havia feito apenas uma partida na campanha do título grego no ano anterior. Curiosamente, Kapsis manteria a camisa 11 do ex-titular, mesmo atuando no centro da defesa.

A alteração também provocou remanejamentos: o versátil Aristides Kamaras, que vinha atuando por aquele lado direito da zaga, foi avançado para o meio-campo, assim como o apoiador Totis Fylakouris, jogador dinâmico e incansável, passou a exercer a função de falso ponta canhoto no posto que era de Kalligeris. Mais compacto no meio, com seu 4-2-1-3 transformando-se em um 4-3-1-2, o time carregou até a decisão sua escalação básica da campanha.

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O goleiro era Panagiotis “Takis” Ikonomopoulos, titular desde sua chegada ao clube, em 1962, e também dono da camisa 1 da seleção grega. Apelidado de “pássaro” e detentor por muito tempo do recorde de minutos sem sofrer gols no país, era uma das referências da equipe. A linha de quatro defensores começava com o lateral-direito Yiannis Tomaras, jovem de 22 anos, que ascendera das categorias de base e se firmara desde a temporada anterior.

Na outra lateral atuava uma das apostas de Ferenc Puskás: Giorgios Vlahos, 23 anos, havia atuado apenas três vezes na campanha do título grego. Meia convertido em lateral, foi promovido a titular após a chegada do treinador, que barrou o antigo dono da posição, Kostas Athanasopoulos. No miolo de zaga, ao lado de Kamaras e, por fim, de Anthimos Kapsis, atuava Frangiskos Sourpis, defensor experiente de 28 anos e também desde 1962 no clube.

O meio-campo começava com a revelação Kostas Eleftherakis, jogador de apenas 20 anos, que fazia tanto a função de contenção quanto a da saída de jogo da defesa. Após a grande campanha, chegou a ser pretendido pelo Real Madrid e pelo Everton, mas o governo grego tratou de impedir sua transferência. Das quartas de final em diante, ele teve a companhia, pelo lado direito do setor, de Aristides Kamaras, 32 anos, que vinha atuando na zaga e podia jogar ainda de lateral.

Já pelo lado esquerdo atuava o pulmão do time, o já citado Panagiotis “Totis” Fylakouris, que das quartas em diante se transformou em falso ponta por aquele lado. Mais adiante, na ligação do meio com o ataque, jogava o grande craque do time, seu camisa 10 e capitão, Dimitris “Mimis” Domazos, reconhecido como um dos maiores jogadores gregos de todos os tempos (para muitos, o maior), e único jogador daquela equipe com liberdade de flutuar por todo o campo.

Domazos chegara ao Panathinaikos em 1959, com apenas 17 anos, e permaneceria até pendurar as chuteiras, em 1980, exceto por uma curta passagem pelo AEK, no fim dos anos 70, quando andou brigado com dirigentes. Disputou 502 partidas e venceu nove campeonatos gregos pelo time do Trevo. Foi capitão também da seleção grega por uma década. Casado com a cantora Vicky Moscholiou, muito famosa então no país, era também uma celebridade.

No ataque daquela equipe, ao lado do ponta-direita Haris Grammos, que chegara ao clube com apenas 18 anos, em 1966, jogava Antonis Antoniadis, centroavante de chute forte, perito no jogo aéreo, um goleador implacável: entre 1970 e 1975, foi o artilheiro da liga grega em cinco das seis temporadas. Em 1972, balançara as redes 39 vezes, marca superada na Europa apenas por Gerd Müller. Foi ainda o artilheiro da Copa dos Campeões em 1971, com dez gols.

Outro detalhe digno de nota e que refletia o momento do jogo no país (e de algumas outras nações europeias) naquele momento era o fato de os jogadores exercerem outras atividades além do futebol, então semiprofissional na Grécia (o profissionalismo integral só viria em 1979): Kamaras era advogado. Kapsis, agente de viagens. Antoniadis trabalhava como corretor de seguros. Vlahos estudava Economia e Grammos era graduado em Educação Física.

Os grandes desafios

Chegar às quartas de final já representava igualar a melhor campanha grega no torneio, a do AEK em 1968/69. A expectativa, porém, era a de que a campanha terminasse ali. Afinal, do outro lado naquele confronto estaria nada menos que o campeão inglês, o Everton, base da forte seleção da Inglaterra que disputara a Copa do México no ano anterior e que havia deixado pelo caminho nas oitavas o Borussia Mönchengladbach, campeão da Bundesliga.

Só que o Panathinaikos resolveu aprontar no primeiro jogo, no Goodison Park. Segurou o 0 a 0 até os 36 minutos da etapa final e então saiu na frente: uma cobrança de falta antes do meio-campo virou um lançamento para o ataque, Antoniadis fez o pivô e recebeu de volta de Grammos para tocar na saída do goleiro Andy Rankin, que substituía o titular Gordon West. No último minuto, porém, o Everton empataria com gol de David Johnson.

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De qualquer modo, não era um resultado ruim, muito pelo contrário: um empate sem gols em Atenas ou a vitória por qualquer placar naquele 24 de março bastariam para levar os gregos adiante. E, mesmo com o desfalque de Eleftherakis, substituído no meio pelo improvisado lateral Athanassopoulos, o 0 a 0 veio, num jogo com muitas chances de gol desperdiçadas por ambas as equipes. Os Verdes estavam agora entre os quatro melhores do continente.

O Estrela Vermelha, adversário das semifinais, vinha de vitórias enfáticas em casa: comandado por seu astro Dragan Dzajic, havia aplicado 4 a 0 no Ujpest, 3 a 0 nos romenos do UTA Arad e 4 a 0 no Carl Zeiss Jena em seu caldeirão apelidado Marakana. Contra o Panathinaikos não seria diferente: No primeiro tempo, logo aos 15 minutos, o centroavante Stevan Ostojic aproveitou rebote de Ikonomopoulos para abrir a contagem.

Aos 39, um lance polêmico: o chute de Slobodan Jankovic foi salvo em cima da linha por Kapsis e recolhido por Ikonomopoulos. Mas, estranhamente, o árbitro austríaco Erich Linemayr apontou o centro do campo, num verdadeiro “gol fantasma”, já que nitidamente a bola não ultrapassara totalmente a linha. Abalado, o Panathinaikos sofreu o terceiro gol logo no primeiro minuto da etapa final, com Ostojic cabeceando um cruzamento da direita.

Os Verdes ainda tiveram força para tentar a reação descontando aos dez minutos com Kamaras, em outra cabeçada, no primeiro gol sofrido em casa pelos iugoslavos naquela campanha. Mas o oportunista Ostojic novamente subiria mais que toda a defesa do Panathinaikos para marcar o quarto e decretar a goleada. Para piorar, dois minutos depois, Ikonomopoulos sentiria lesão e teria de deixar o jogo, substituído pelo reserva Vassilios Konstantinou.

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O tamanho do revés em Belgrado (até então na história do torneio, nenhuma equipe havia revertido uma desvantagem de três gols numa semifinal) e a confirmação da ausência do goleiro titular para a partida de volta representaram um grande baque para o Panathinaikos. Mas lá no fim da esperança mais utópica, havia motivos para ser otimista: o gol marcado fora de casa no jogo de ida e a ausência de Dragan Dzajic, suspenso, em Atenas.

E, no futebol, milagres às vezes acontecem. Foi então que entrou em ação o gigante Antoniadis. Logo no primeiro minuto, quando o Estrela Vermelha ainda se ambientava em campo, ele surgiu de repente no meio da área para abrir o placar e fazer a torcida grega começar a acreditar. Veio o intervalo e, na volta, aos nove minutos, outra vez Antoniadis apareceu, subindo mais que toda a defesa iugoslava para tocar de cabeça no ângulo do goleiro Ratomir Dujkovic.

Pressionado, o Estrela Vermelha tentou sair do sufoco atacando e criando chances, mas esbarrou ora em seus erros de finalização, ora em grandes defesas do arqueiro reserva Konstantinou. Até que aos 20 minutos veio o gol que enlouqueceu o estádio: Kamaras recebeu na área, se livrou da marcação e desferiu um chute forte, cruzado, ao qual o goleiro Dujkovic fez apenas golpe de vista. Era o gol que encaminhava a zebra Panathinaikos à final da Copa dos Campeões.

https://www.youtube.com/watch?v=7Rd1Tcm4ZDQ

Além de ser a primeira equipe na história a reverter a desvantagem de três gols no jogo de volta das semifinais do torneio (feito que só seria igualado pelo Barcelona contra o IFK Gotemburgo em 1986 e pelo Liverpool contra o Barcelona nesta temporada de 2019), o Panathinaikos obtinha outro feito e tanto: só naquela campanha, já havia igualado o total de classificações em mata-matas acumulado por todos os clubes gregos até ali na competição.

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Naquele período, entre 1967 e 1974, a Grécia vivia sob uma ditadura militar comandada pelo coronel Georgios Papadopoulos, de modo que algumas histórias de bastidores controversas e nebulosas circulam sobre esta segunda partida, em Atenas. Uma das mais difundidas dava conta de que os gregos serviram comida estragada à delegação do Estrela Vermelha. Outra, menos anedótica, foi publicada décadas depois, em 2007, pelo jornal sérvio “Politika”.

Em outubro daquele ano, o periódico trouxe declarações atribuídas à viúva de Papadopoulos nas quais ela afirmava que o regime havia subornado o time do Estrela Vermelha antes da partida de volta de modo a garantir a passagem do Panathinaikos à decisão. “Não podemos deixar ao azar algo de interesse nacional. O Estrela Vermelha nos deixará ganhar e receberá dinheiro por isso”, teria afirmado o ditador a sua esposa, de acordo com o jornal.

A história parece inconsistente e foi desmentida pelos iugoslavos, mas o fato é que o regime abraçou a campanha dos Verdes (e por outro lado, como sempre acontece, tirou proveito da comoção nacional em torno do sucesso da equipe) ao recepcionar o elenco, alçar a vitória ao patamar de glória nacional e mais ainda ao oferecer vultosos prêmios em dinheiro pela histórica classificação. Porém, ele não foi o único a surfar a onda de prestígio da equipe.

A atriz Zeta Apostolou – famosa por estrelar filmes, digamos, “quentes” – veio a público oferecer “passar um fim de semana em Creta com Takis Ikonomopoulos” caso ele não sofresse gols em Wembley. Já a ex-Miss Grécia Zoe Laskari foi um pouco mais pudica: declarou que “beijaria os jogadores para sempre” em caso de título. A voluptuosa cantora Zozo Sapountraki, por sua vez, convidou o time inteiro para “um fim de semana inesquecível em sua casa”.

A final

O problema, porém, seria superar o timaço que havia do outro lado na decisão no lendário palco londrino: embora, assim como o Panathinaikos, nunca tivesse levantado um caneco europeu até ali, o Ajax era encarado como franco favorito na decisão. Tanto o clube quanto o futebol holandês vinham experimentando notável ascensão dentro do cenário europeu desde o fim da década anterior, e os Godenzonen já haviam chegado à final do mesmo torneio dois anos antes.

Apesar de batidos pelo Milan naquela decisão de 1969 no Santiago Bernabéu pelo dilatado – e enganoso – placar de 4 a 1, os holandeses haviam causado muito boa impressão. E o título do rival Feyenoord no ano seguinte, em decisão vencida na prorrogação diante de uma experiente equipe do Celtic (embora o time de Roterdã exibisse estilo bem diferente do Ajax, mais duro e menos brilhante) aumentou ainda mais a expectativa em torno dos clubes do país.

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Em Wembley, deu a lógica: envolvido pela movimentação incessante e pela marcação por pressão na saída de bola feita pelo Ajax, o time de Puskás teve sua fragilidade técnica exposta e se limitou a tentar bolas longas procurando um isolado Antoniadis, encaixotado pela defesa adversária. Para complicar ainda mais, sofreu um gol logo aos quatro minutos, quando Piet Keizer de um drible de corpo em Kamaras na ponta esquerda e cruzou para Dick van Dijk desviar de cabeça.

Com o jogo na mão, o Ajax definiu a parada nos minutos finais. Cruyff foi lançado no lado direito do ataque, deu um belo drible em Sourpis e em seguida um passe espetacular para Arie Haan, que havia entrado no intervalo. O meia bateu cruzado, a bola desviou em Kapsis e encobriu o goleiro Ikonomopoulos, que nada pôde fazer. Aos Verdes, só restou aplaudir o esquadrão que nascia ali e valorizar sua campanha, reconhecendo que também havia feito história.

Mesmo com a derrota na decisão de Wembley, o Panathinaikos ainda teria a oportunidade de representar a Europa no Mundial Interclubes diante da desistência do Ajax, escaldado pelas recentes batalhas campais que haviam marcado as últimas decisões do torneio. Porém, as recordações do encontro em jogos de ida e volta com os uruguaios do Nacional – que contavam com o goleiro brasileiro Manga – não foram boas para os gregos.

No primeiro jogo, disputado no estádio do rival Olympiacos – o Karaiskakis, em Pireu – no dia 15 de dezembro, o lateral Yiannis Tomaras sofreu dupla fratura na perna, após uma entrada do uruguaio Julio Morales, que acabou expulso pelo árbitro brasileiro José Favilli Neto. Na ocasião, os Verdes até saíram na frente pouco depois da volta do intervalo com um gol de Totis Fylakouris. Mas dois minutos depois, o argentino Luis Artime empatou para o Nacional.

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Na volta em Montevidéu, no dia 28, os mesmos jogadores voltaram a balançar as redes: Artime anotou duas vezes para os uruguaios, com Fylakouris descontando para os gregos no minuto final. Curiosamente, no ano seguinte o Panathinakos contrataria um jogador sul-americano com muita experiência de Copa Libertadores: o meia argentino Juan Ramón “La Bruja” Verón, tricampeão do torneio com o Estudiantes, e que permaneceria até 1975 em Atenas.

Pelas décadas seguintes, se não voltou a uma final europeia, o clube se colocou como a equipe grega detentora das campanhas mais marcantes: alcançou a semifinal da Copa dos Campeões em 1985 (caindo para o Liverpool) e da Liga dos Campeões em 1996 (na qual chegou a vencer o atual campeão Ajax em Amsterdã no jogo de ida), além das quartas de final em 2002, quando superou duas fases de grupos e chegou a bater o Barcelona em Atenas no primeiro jogo.

Além de colaborações periódicas, quinzenalmente o jornalista Emmanuel do Valle publica na Trivela a coluna ‘Azarões Eternos’, rememorando times fora dos holofotes que protagonizaram campanhas históricas. Para visualizar o arquivo, clique aqui.

Confira o trabalho de Emmanuel do Valle também no Flamengo Alternativo e no It’s A Goal.

Foto de Emmanuel do Valle

Emmanuel do Valle

Além de colaborações periódicas, quinzenalmente o jornalista Emmanuel do Valle publica na Trivela a coluna ‘Azarões Eternos’, rememorando times fora dos holofotes que protagonizaram campanhas históricas.
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