Quatro motivos para acreditar no ouro: por que é um bom momento para enfrentar os EUA?
Neste sábado (10), Brasil encara os EUA com a chance de conquistar título inédito e existem motivos para crer em uma vitória
Depois de 16 anos, o Brasil está de volta à final do futebol feminino nas Olimpíadas. E enfrentando velhas conhecidas: a seleção dos Estados Unidos, que já foi nossa adversária em duas outras finais no mesmo torneio (2004 e 2008).
O retrospecto contra as americanas não está ao nosso favor e elas são, sim, as francas favoritas a levar a medalha de ouro. Mas é uma das melhores oportunidades que o Brasil teve nos últimos anos de passar pelos Estados Unidos e enfim chegar ao lugar mais alto no pódio.
A Trivela listou quatro motivos aos quais os brasileiros (e, por que não, Arthur Elias & companhia) podem se apegar para acreditar no título inédito do Brasil no futebol feminino:
1. Emma Hayes acabou de chegar
Sim, Emma Hayes é a melhor técnica de futebol feminino do mundo — o próprio Arthur Elias comentou isso na saída de campo após a vitória contra a Espanha. A inglesa tem no currículo uma revolução no Chelsea, que rendeu 16 taças ao longo de 12 anos trabalhando em Stamford Bridge.
No entanto, a ex-Blues está no posto recentemente. Hayes assumiu o time nacional no fim da temporada europeia de clubes, iniciando sua nova jornada no fim de maio.
Além de estar há pouco mais de dois meses no comando do USWNT, essa é a primeira seleção comandada pela londrina. Ainda que essa também seja a condição de Arthur Elias, o ex-Corinthians já está há um ano no cargo, enquanto Hayes chega a final “mais fresca”.
2. Esses Estados Unidos têm uma fraqueza: o meio-campo
Emma Hayes chegou há pouco tempo, mas já botou ordem em um dos principais problemas enfrentados pelos Estados Unidos na Copa do Mundo de 2023: a ineficiência no ataque.
Se no Mundial as americanas marcaram míseros 4 gols em 4 jogos, em Paris elas são artilheiras, com 11 gols em 5 partidas. O trio de ataque Trinity Rodman, Sophia Smith e Mallory Pugh é o grande destaque da seleção.
Mas ainda há algo que a inglesa não conseguiu resolver e que pode ser explorado pelo Brasil. Sim, o ataque tem sido matador, mas a transição da defesa para este setor ainda tem deixado a desejar — e isso tem se demonstrado desde os amistosos preparatórios. Esse é o grande ponto fraco dessa equipe.
Todas as seleções que enfrentaram os EUA nessas Olimpíadas entenderam que era necessário se fechar, jogar em linha baixa e apostar em contra-ataques. A Alemanha é a prova de que marcar alto e chegar com um jogo propositivo definitivamente não dá certo.
Na fase de grupos, essa estratégia rendeu uma goleada por 4 a 1. Nas semis, quando os países se reencontraram, as alemãs mudaram a postura e conseguiram arrastar o jogo para a prorrogação, quando o gol do USWNT saiu.
A estratégia de explorar erros e apostar em contra-ataques deu certo contra a Espanha. Vale apostar em algo similar na final.
3. As brasileiras estão cansadas, mas as americanas não ficam atrás
Uma das principais reclamações de quem acompanhou os jogos do Brasil foram os acréscimos exorbitantes nas duas últimas partidas, contra França e Espanha. Só no segundo tempo desses dois jogos, as brasileiras jogaram quase 40 minutos a mais.
Mas nossas adversárias também não tiveram vida fácil. Enquanto Brasil terminou todos os seus jogos de mata-mata no tempo normal, as americanas se arrastaram para uma prorrogação de meia hora nas duas últimas partidas.
Além disso, Emma Hayes decidiu mexer pouco no time titular de um jogo para outro. Dificilmente ela fará alterações significativas às vésperas do jogo mais importante.
4. Arhur Elias é o treinador da Seleção mais preparado para o cargo
Se do outro lado está a melhor treinadora do mundo, aqui está a pessoa mais preparada para esse desafio. E esse argumento de forma alguma é uma forma de atacar ou mandar indireta aos treinadores anteriores.
Definitivamente, até a chegada de Arthur, Pia Sundhage ocupava esse cargo por toda a sua trajetória, conhecimento e títulos. Concorde ou não com suas escolhas, nenhum dos ex-treinadores do Brasil possuía o currículo e a história da sueca.
Mas aí chega Arthur Elias. Que pode não ter comandado nenhum time nacional antes, mas tem um amplo conhecimento em futebol feminino. Aliás, mais do que isso: conhecimento no futebol feminino brasileiro. Conhece nosso modo de jogar e tem experiência de dia a dia com boa parte de suas atletas.
Um treinador estudioso, experiente, com o DNA do futebol brasileiro, espírito vencedor e um pouco de loucura na hora H. Talvez seja tudo o que o Brasil precisa para afastar de vez o fantasma das eliminações contra a poderosa seleção dos Estados Unidos.