Ausência de De Bruyne é chance perfeita para Foden ser o meia que o Manchester City precisa

O Manchester City terá que lidar com a ausência prolongada de Kevin De Bruyne nestes primeiros meses da temporada, após uma lesão sofrida na primeira partida do clube na Premier League. Substituir um jogador como esse é impossível, mas o time comandado por Pep Guardiola pode ter uma solução caseira que funcione muito bem: Phil Foden.

Além da lesão de De Bruyne, o Manchester City viu Ilkay Gündogan deixar o time rumo ao Barcelona, em busca de um novo desafio. Assim, foi desmontada a linha de meias que carregou o time à tríplice coroa na temporada passada, com a conquista da Champions League como a cereja do bolo.

O meia inglês atuou bastante na temporada passada, embora não tenha iniciado os jogos mais importantes da equipe, como a final da Champions League. Na temporada 2022/23, Foden atuou em 48 jogos (sendo 29 como titular). Na maior parte deles (16) atuou na ponta esquerda. Em seis desses jogos, atuou como meia ofensivo mais centralizado.

Foden é um caso curioso. Aos 23 anos, ele ainda é muito jovem e tem qualidades técnicas incríveis, a ponto de Guardiola o ter utilizado em todas as posições do ataque: pelas duas pontas, como meia ofensivo e até como um falso nove pelo centro. Antes da chegada de Erling Haaland, por exemplo, ele atuou muitas vezes por ali.

Não dá para dizer que Foden não se firmou. Ao contrário. É um jogador sempre muito utilizado por Guardiola. Na temporada passada, porém, o time se armou de uma forma que ficou difícil para ele ser escalado. Jack Grealish e Bernardo Silva, que teoricamente seriam os pontas do time, terminaram a temporada atuando como alas. Pelo meio, Kevin De Bruyne e Ilkay Gündogan estavam comendo a bola. Na frente, Erling Haaland é indiscutível. Sobrou para Foden, que virou opção no banco. Mesmo assim, continuou muito utilizado.

Foden pode sair de um recurso valioso para um jogador decisivo

Esta pode ser a oportunidade perfeita para Foden brilhar. É o que acha, por exemplo, o ex-jogador do Manchester City e atualmente comentarista Micah Richards. “Há quanto tempo estamos dizendo que ele (Phil Foden) precisa ir para esse papel de camisa 10, que ele está sendo desperdiçado na ponta?”, afirmou Richards, na BBC.

“Ele é um grande talento, a quantidade de chances que criou para Erling Haaland (no jogo contra o Newcastle) é imensa, ele definitivamente pode desempenhar esse papel — e será mais interessante quando Kevin De Bruyne voltar. Eu adoraria ver Phil Foden nessa posição e dar a ele tempo de jogo”.

O jornalista Adam Crafton, no The Athletic, também considera que Foden pode exercer esse papel e, mais do que isso: que ele pode entregar ao time algo que Gündogan entregava e decidir jogos. “Foden pode trazer a eles gols que Ilkay Gündogan fez em momentos-chave da temporada. É isso que pode elevar Foden de um jogador que parece bom no campo, ele faz bons lances e faz um bom passe, para ser um cara que decide jogos para o Manchester City ganhar títulos”, afirmou Crafton.

Foden começa a temporada como um meia pelo Manchester City

Para esta temporada, temos visto um Manchester City armado de modo ligeiramente diferente, ao menos neste início de temporada. Guardiola tem armado a equipe em um 4-3-3, o que facilita para a presença de um jogador como Foden. Ele começou jogando nos dois jogos da Premier League até aqui.

Nos dois, ele atuou teoricamente pela direita, mas na prática jogando pelo meio. O camisa 47 (sim, ele usa o mesmo número desde que subiu da base) esteve mais próximo do círculo central do que da linha lateral, considerando seu posicionamento médio. Isso acontece porque o Manchester City joga em um esquema que Josko Gvardiol foi teoricamente o lateral esquerdo, mas na prática funciona como um terceiro zagueiro, com Kyle Walker avançando pelo lado direito e Jack Grealish abrindo o campo pela esquerda.

Assim, Foden caiu pelo meio e funcionou na prática como um meio-campista de criação, um camisa 10 que recebia e criava as jogadas do time. Julián Álvarez combinava com ele pelo centro, mas encostava em Haaland no ataque. Atuando por ali, Phil Foden foi muito bem, criou chances e manteve o time bastante criativo, mesmo com um meio-campo formado por Rodri e Kovacic, que são técnicos, mas não são essencialmente criadores.

Sem De Bruyne, o motor criativo do Manchester City, o time precisa achar soluções e Foden tem se mostrado ser essa resposta. Embora na prancheta Foden não seja colocado na posição que De Bruyne joga, é a função que ele tem exercido, inclusivo com posicionamento bastante similar nesse aspecto ao que o belga faz.

Com o talento que tem, Foden pode tomar conta da posição e, enfim, tem uma posição para chamar de sua. Embora ele sempre seja utilizado no time, ele pode se tornar um jogador crucial para a equipe de Pep Guardiola.

Guardiola: “Um dos melhores que já vi”

O técnico Pep Guardiola nunca escondeu que é um grande fã de Foden. Mesmo que tenha sido criticado em alguns momentos por não ter colocado suficiente o jogador, ele deixa claro que Foden é um jogador com quem ele conta sempre.

“Um dos melhores que eu já vi”, afirmou Guardiola sobre o jogador. “Cada controle de bola, ele conhece exatamente como atacar o gol. Ele não precisa de dois ou três toques para estar na posição certa para atacar o gol”.

“(Phil) Foden é uma realidade como jogador. Ele pode jogar em muitas posições. Ele é uma ameaça real. Eu estou muito satisfeito. O modo como ele se comporta com todo mundo. Sua mentalidade está sempre ali. Isso é o mais importante”, disse o treinador depois da vitória sobre o Newcastle.

Foden: “Joguei mais por dentro, você cria mais pelo meio”

Atuar pelo meio agradou o próprio Phil Foden. “Foi o primeiro jogo em casa. Queremos começar na direção certa. O desempenho foi do mais alto nível. Eu gostei de estar em casa. Os torcedores foram brilhantes desde o primeiro minuto e isso nos levou ao objetivo”.

“Eu sinto que criei algumas chances para Haaland, ele não teve sorte para fazer o gol. Eu joguei mais por dentro, você cria mais pelo meio. Estou feliz com meu desempenho. Quero continuar nessa direção com altos padrões que estabeleci para mim mesmo”.

“Julian, quando eu o vi treinando, ele sempre teve esse instinto matador. Ele é implacável. Fiquei muito feliz por ele que a bola entrou”, continuou. “Um jogador como Kev é muito difícil de substituir. Ele é um dos melhores do mundo. Quando você perde um jogador como esse, é uma grande perda. Quando entramos, fazemos nosso trabalho também”.

Shearer: “Ele parece muito confortável nessa posição, de camisa 10”

O ex-jogador Alan Shearer, também comentarista na BBC, foi outro a referendar a ideia que Foden tem que atuar como camisa 10. “Foden foi absolutamente sensacional, ele foi o melhor jogador por uma milha. Ele parece muito confortável nessa posição, de camisa 10 no meio. Ele foi fantástico fazendo isso, recebendo a bola, entrando naqueles pequenos espaços em frente à linha de quatro e atrás do meio-campo”.

“Seu alcance de passes é excelente. Com Kevin De Bruyne lesionado, ele pode ter uma oportunidade de jogar ali. Foden começou 22 jogos na Premier League na temporada passada. Ele não começou na Copa da Inglaterra e na final da Champions League. Então, agora é o momento para ele dizer que quer jogar no time e jogar nessa posição. Quando você está pegando a bola onde ele está, esse desempenho mostrou tudo”.

O próximo jogo do Manchester City será no domingo (27), quando a equipe visita o Sheffield United. Com as ausências que tem e com a bola que Phil Foden jogou, podemos esperar que ele novamente vai exercer o papel de camisa 10 que o Manchester City tem precisado.