Futebol feminino

Simone Jatobá resgata projeto de base feminina e promete integração com seleção principal

Ao lado de Arthur Elias e Rosana, treinadora das categorias sub-17 e sub-15 quer ampliar preparo mental no futebol feminino

Com novas companhias na CBF, Simone Jatobá, treinadora à frente das categorias sub-17 e sub-15 femininas, promete trabalho integrado com as comissões técnicas das equipes sub-20 e principal. Rosana e Arthur Elias foram anunciados no começo do mês de setembro, em uma reformulação completa da modalidade, promovida pelo presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues.

– As intenções e o querer fazer com que as coisas realmente funcionem em todas as categorias estão bem claro para todo mundo. Então, a gente vai trabalhar junto o máximo possível para desenvolver todas as categorias e para fomentar, futuramente, (a promoção) das melhores atletas que tivermos nas categorias mais jovens – disse a treinadora em entrevista exclusiva à Trivela.

Nesta quarta-feira (20), o Brasil encara a Colômbia pela segunda rodada da Liga de Desenvolvimento sub-19. O torneio, que é uma novidade da Conmebol, foi projetado para preparar as seleções para a disputa do Sul-americano da categoria.

A equipe aplicou uma goleada sobre a Venezuela, por 6 a 0, na estreia pelo Grupo B, na última segunda-feira (18).

– Os torneios são extremamente importantes para preparação das atletas, uma preparação que só uma competição proporciona. É extremamente importante tirar esse bloqueio, essa ansiedade de viver um pouquinho dessa experiência internacional, né? Acredito ser muito válido viver outros aspectos, além do treinamento. Seja um amistoso em algum país ou até no nosso país mesmo, tendo jogos consecutivos, isso obriga realmente o trabalho mental e físico estarem alinhados – afirmou Jatobá

CBF queria investir na base bem antes de Pia Sundhage

Com graduação na Uefa, Simone topou o desafio de desenvolver as categorias de base na CBF. Ela é responsável pela seleção sub-17 e, mais recentemente, assumiu o projeto do sub-15, um desejo antigo da entidade que estava guardado na gaveta há alguns anos. 

Aliás, a empreitada em três categorias simultâneas não é um legado deixado pela sueca Pia Sundhage, antecessora de Arthur Elias, por mais que ela tenha dedicado esforços nesse modelo de trabalho.

– Bem antes da chegada da Pia já existia esse projeto. A CBF queria desenvolver tudo isso até na época em que eu jogava também. Durante um período teve o sub-17, mas o sub-20 já existe há alguns anos. A exigência do sub-15, por exemplo, é está sendo mundial. Quanto mais cedo a gente começa, mais cedo a gente tem uma perspectiva de atletas alinhadas e preparadas para a categoria principal. Então, esse projeto já vinha antes, né? Já estava projetado, já estava querendo ser executado há muito tempo – disse.

Psicológico forte é o ponto de partida

Simone integrou a Seleção nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, nas Copas do Mundo de 2003 e de 2007, além de estar presente nos Jogos de Pequim-2008. No entanto, a falta de uma base em sua própria formação foi uma de suas motivações para que ela desejasse fazer parte deste movimento.

– Eu fui uma das atletas (que pulou etapas). Com 18, 19 anos, eu fui direto para a seleção principal. Nós não tínhamos a categoria de base. Então, eu vejo essa necessidade de trabalhar cada vez mais cedo com as atletas. Isso é essencial.

Simone faz preleção com equipe Sub-19 da seleção feminina (Foto: Leandro Lopes/CBF)

– Tecnicamente, o desenvolvimento de estudo tático é extremamente importante, mas o mental também é. O que se vive no masculino, o desenvolvimento de mais tempo, faz com que os meninos cheguem mais preparados na idade profissional. A atleta sofre muita pressão em termos de resultado, de campeonato… Então tudo o que você vai vivenciando, vai te preparando desde jovem para quando você chegar em uma decisão de Copa do Mundo, por exemplo, você chegar pronta.

Foto de Livia Camillo

Livia Camillo

Livia Camillo é jornalista multimídia e videomaker. Foi colunista de esportes femininos por um ano e meio no Nós, vertical de diversidade do Terra, portal onde também foi repórter de vídeo na editoria de games e eSports. Tem passagem pelo hard news do UOL Esporte e por outras redações de São Paulo.
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