Pia é só mais um dominó a cair em grandes mudanças na seleção feminina
Demissão de Pia Sundhage faz parte de choque de gestão promovido pela CBF no futebol feminino após queda na Copa do Mundo
Os últimos dias registraram grande movimentação nos bastidores da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Quase um mês depois da eliminação na Copa do Mundo Feminina para a Jamaica, a entidade começou as mudanças na seleção feminina de uma maneira estrutural.
Após promover alterações administrativas e nas categorias de base da equipe nacional, a CBF anunciou nesta quarta-feira (30) a demissão de Pia Sundhage do comando da seleção profissional.
Algumas decisões foram consideradas surpreendentes, mas entram em um panorama de choque de gestão promovido pela gestão Ednaldo Rodrigues. As mudanças não devem parar por aí.
A demissão de Pia
A saída de Pia Sundhage não surpreende. A atuação apática da seleção na eliminação da Copa do Mundo contra a Jamaica deixou o presidente da CBF de “cabeça quente”. Além de não gostar da atuação pouco criativa da seleção, Ednaldo também ficou bastante incomodado com a postura blasé de Pia e seus auxiliares à beira do gramado – a mesma criticada por Cristiane em entrevista à Trivela.
Ednaldo acabou esperando o fim do Mundial para tomar uma decisão sobre o cargo da sueca, com medo de se precipitar um ano antes dos Jogos Olímpicos. Mas tendo o planejamento da Copa do Mundo de 2027 em vista, a confederação encaminhou a demissão da treinadora..
– Encerramos a partir de hoje o trabalho de Pia com a CBF. Quero agradecer a ela e a todos aqueles que conviveram e fizeram parte da comissão técnica da Seleção Brasileira Feminina de Futebol, que participou da Copa do Mundo Feminina FIFA 2023. Pia trouxe também, nesse período de 2019 até aqui, um trabalho que, para a CBF e para o futebol brasileiro como um todo, foi muito importante. Desejamos a ela, em seus novos desafios, todo o sucesso – afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
Quem assume?
No comunicado da demissão de Pia, a CBF anunciou também que anunciará a nova comissão técnica “nos próximos dias”, visando os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, e a Copa do Mundo de 2027, ainda sem sede definida.
Segundo apuração da Trivela, o novo técnico da seleção brasileira feminina deve ser Arthur Elias, que comanda o projeto de sucesso do Corinthians desde 2016.
Com o a equipe paulista, Elias conquistou a Libertadores três vezes (2017, 2019 e 2021), o Brasileirão Feminino quatro vezes (2018, 2020, 2021 e 2022) e a Supercopa duas vezes (2022 e 2023).
Um dos nomes mais especulados no cargo desde o fim da Copa do Mundo, o técnico do Corinthians foi perguntado sobre a possibilidade de assumir o posto no programa Apito Final, da Band.
– Claro que sim [gostaria de assumir o cargo], mas acho que não é o momento. A Seleção está com a Pia ainda, vem de um resultado ruim. Não é momento de eu ficar falando sobre Seleção Brasileira – disse na oportunidade.
As outras mudanças
Jonas Urias
Talvez a alteração mais chamativa (e surpreendente) do momento tenha ocorrido no comando da seleção sub-20. Um ano depois de levar o Brasil à melhor participação na história da Copa do Mundo da categoria, com o bronze conquistado na Costa Rica, o treinador perdeu o emprego.
– Fica neste momento um sentimento de injustiça e violação. Uma tristeza sem tamanho que toma conta de mim – publicou, nas redes sociais.
Urias esteve com a seleção principal como observador técnico durante o Mundial na Oceania. O treinador ganhou o Sul-Americano de 2022 pelo time sub-20 e participou da transição de nomes como Ary Borges para a equipe principal.
Com a saída confirmada de Urias, a auxiliar do sub-20, Bia Vaz, também deixa o posto nesta semana.
Ana Lorena Marche
A coordenadora de seleções da CBF também deixou o cargo nesta semana de mudanças estruturais no futebol feminino brasileiro. Desde fevereiro de 2022 no cargo, Marche acabou tornando-se vítima do “choque de gestão” promovido pela entidade após a queda na fase de grupos da Copa.
Ana Lorena trabalhou na Ferroviária e na Federação Paulista de Futebol antes de assumir o cargo na CBF. Mestre e Doutora em Ciência do Desporto na USP, Ana Lorena não se pronunciou sobre a saída do cargo administrativo de seleções.
Mayara Bordin
Ex-jogadora da seleção, a supervisora do time na Copa do Mundo Feminina também deixou o cargo nesta semana. Bordin se pronunciou nas redes sociais depois de confirmada a saída. O tom foi de desabafo.
– Dei tudo que podia dentro das limitações que a própria entidade impõe. Só quem vive o ambiente tem ideia do que é. Poderia aqui falar inúmeras coisas pertinentes para o momento, mas me reservo a tentar ajudar novamente e dizer que o futebol feminino encontrou enfim proporções gigantescas e que esse caminho não tem mais volta – assegurou Bordin, em post nas redes sociais.
– Para isso precisa-se de pessoas que gostem do futebol feminino e entendam de futebol feminino e gestão para fazer essa roda girar, e essas pessoas precisam de autonomia além de tudo – acrescentou.