Copa do Mundo Feminina

Exiladas pelo Talibã, seleção feminina de refugiadas do Afeganistão recebe aval da Fifa

Às vésperas da Copa do Mundo feminina no Brasil, mulheres afegãs lutam pelo direito de poder praticar a paixão pelo futebol

Em 2027, o Brasil será palco da Copa do Mundo Feminina. Enquanto a Amarelinha sonha com o título mundial inédito, as mulheres do Afeganistão ganharam um raro motivo para comemorar: a Fifa sancionou a criação de uma equipe de refugiadas em meio ao governo do Talibã.

Segundo o site “The Athletic”, a entidade máxima do futebol deu seu aval para que as jogadoras afegãs exiladas possam disputar partidas oficiais. Com a tomada do poder pelo grupo extremista, as atletas tiveram que fugir para outros países para não sofrerem consequências terríveis.

Agora, com a liberação da Fifa, a equipe do Afeganistão com jogadoras exiladas no estrangeiro pode ser reconhecida oficialmente. Elas estão batalhando há anos longe de casa pelo direito de competir e praticar a paixão pelo futebol.

Entenda liberação da Fifa

Gianni Infantino, presidente da Fifa Foto: (Icon Sport)
Gianni Infantino, presidente da Fifa Foto: (Icon Sport)

O órgão regulador do esporte diz que a seleção feminina afegã terá, inicialmente, uma fase piloto de um ano como time refugiado. A Fifa acredita que esse período ajudará na avaliação de sua viabilidade a longo prazo, além de possibilitar outras nações a obterem status semelhante.

Primeiro, a criação da equipe deve ser aprovada pelo Conselho da Fifa, o que permitirá a participação em amistosos oficiais e em torneios supervisionados pela entidade. O órgão regulador reforça que fornecerá um ambiente que priorizará a segurança e o bem-estar das atletas.

Gianni Infantino, presidente da Fifa, aclamou o momento como um “marco histórico”. O mandatário da entidade máxima do futebol também reforçou seu compromisso com a igualdade entre homens e mulheres ao redor do mundo através do esporte.

— A Fifa está comprometida a dar a todas as meninas a possibilidade de jogar futebol.

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Seleção feminina do Afeganistão foi proibida de existir por grupo extremista

O regulamento da Fifa exige que a federação de um país reconheça oficialmente um time para que ele possa participar de competições oficiais. Entretanto, como o regime do Talibã proibiu as mulheres em todos os esportes, a seleção feminina de futebol do Afeganistão deixou de existir.

Devido à influência do governo do grupo terrorista na Federação Afegã de Futebol, a equipe entrou em campo pela última vez em 2018. Como consequência, a seleção do país não está mais presente no ranking da Fifa, que abrange 196 nações.

Por conta disso, por exemplo, a seleção afegã não participou do sorteio da Copa Asiática Feminina de 2026, cuja competição serve como parte da classificatória da AFC para a Copa do Mundo no ano seguinte.

A ausência no torneio motivou as atletas e demais apoiadores a fazerem novos apelos ao órgão regulador do esporte para reconhecer o status de time refugiado às mulheres do Afeganistão, que desejam representar seu país no futebol.

A volta do Talibã ao poder

Em agosto de 2021, o Talibã retomou o poder no Afeganistão. Desde então, o grupo terrorista tem suprimido os direitos das mulheres no país, restringindo liberdades básicas, banindo garotas de frequentarem as escolas e cerceando a presença feminina no mercado de trabalho.

A ONU classificou a ação do Talibã como um “apartheid de gênero” na nação afegã. O líder supremo do grupo terrorista defende que a aplicação da “sharia” — lei islâmica — é uma “responsabilidade até a morte” do movimento religioso.

Os talibãs entraram sem resistência em Cabul, capital do Afeganistão, o que provocou a fuga do governo e colapsou a coalização ocidental liderada pelos Estados Unidos, que havia expulsado o grupo terrorista do poder 20 anos antes.

Mais de 75 pessoas ligadas à seleção feminina afegã, incluindo atletas, oficiais e seus familiares, escaparam rumo à Austrália graças à ajuda do FIFPro, sindicato global de jogadores de futebol. Outras tiveram que fugir para países da Europa.

A Fifa alega que auxiliou na evacuação de cerca de 160 pessoas em outubro de 2021, sendo que 70% do grupo era composto por mulheres e crianças, incluindo atletas femininas do Afeganistão.

Foto de Matheus Cristianini

Matheus CristianiniRedator

Jornalista formado pela Unesp, com passagens por Antenados no Futebol, Bolavip Brasil, Minha Torcida e Esportelândia. Na Trivela, é redator de futebol nacional e internacional.
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