Futebol feminino

Após um bom 2023, São Paulo precisa mostrar que quer ir mais longe para ser campeão no feminino

São Paulo vai longe em competições em 2023, mas discurso da diretoria é de foco nas categorias de base

A última cena da temporada foi a de um São Paulo atropelado pelo Corinthians na final do Paulistão, na Neo Química Arena. A goleada por 4 a 1 e o vice no estadual deixaram um gosto amargo, ainda difícil de digerir, especialmente pela vitória e a vantagem construídas no duelo de ida. E mesmo com um último ato com requintes de tragédia, o Tricolor tem motivos para encerrar 2023 esperançoso com o 2024 do time feminino.

O tão sonhado título ainda não veio – nem no Campeonato Paulista, nem no Brasileirão. Desde que reativou o futebol feminino, em 2019, o São Paulo só conquistou a Série A2 daquele ano, para subir para a elite nacional. O jejum de estaduais persiste desde 1999. Mas os resultados alcançados ao longo de 2023 mostram que o Tricolor pode, sim, dar um salto para quem sabe ser campeão em 2024… Desde que queira trabalhar e investir para isso.

Aposta na base e sair da sombra das rivais: os objetivos em 2024

Além do vice no Paulistão, o São Paulo amargou ainda uma eliminação para outra equipe rival do estado, a Ferroviária, na semifinal do Brasileirão. As duas quedas dão também o tom da evolução que o Tricolor precisa alcançar para deixar de brigar com o Santos para ser a terceira força do estado. Hoje, alcançar o nível do Corinthians, soberano não só no Brasil, mas no continente, é um sonho bastante distante.

O grande entrave para que 2024 seja um ano de título é que a estratégia da diretoria do clube parece muito mais voltada para o futuro do que para o presente. O planejamento revelado pelo presidente Julio Casares é de apostar nas categorias de base para formar jogadoras a longo prazo.

A eliminação recente para o Flamengo na semifinal da Copinha mostra que o caminho está sendo trilhado corretamente. A equipe sub-16 foi campeã de um torneio da Conmebol recentemente. E a escolha por Thiago Viana para ser o treinador da equipe principal também é um acerto. O técnico veio de anos de trabalho nas categorias inferiores.

– É prioridade, mas nos falta recurso. Assumi um clube super endividado. Mesmo assim, temos disputado títulos. No Brasileiro, nós chegamos. Fomos campeões estaduais no Sub-17. Nossa preocupação é revelar jogadoras importantes para o cenário esportivo – disse o presidente Julio Casares, em entrevista ao programa Roda Viva da TV Cultura.

O discurso até faz sentido, dadas as severas dificuldades financeiras enfrentadas pelo clube, mesmo com o título inédito da Copa do Brasil no masculino. O São Paulo encerrará o ano com déficit e tem hoje valores de direitos de imagem e premiações atrasados com a equipe masculina. Mas essa conversa de que “nos falta recurso” só vale, de fato, para o time feminino.

Apesar desse cenário nefasto nas finanças, a diretoria segue no mercado em busca de reforços – para a equipe de Dorival Júnior. Aceitou pagar, por exemplo, US$ 3 milhões (cerca de R$ R$ 14,75 milhões na cotação atual)  por Damián Bobadilla, volante que é destaque do Cerro Porteño, mesmo que em prestações.

No time feminino, os investimentos serão apenas por reforços pontuais. O principal objetivo é a manutenção do elenco para 2024, especialmente de jogadoras como as atacantes Glaucia e Naná, decisivas ao longo de toda a temporada.

O 2023 do time feminino do São Paulo em números:

  • 34 jogos
  • 19 vitórias
  • 5 empates
  • 10 derrotas
  • 68 gols feitos
  • 32 gols sofridos
  • 60,7% de aproveitamento

 

Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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