Futebol feminino

Gabi Nunes fala sobre momento da Seleção e projeta Copa no Brasil: ‘Trouxemos o respeito de volta’

Atacante brasileira do Aston Villa concedeu entrevista exclusiva à Trivela

No dia 25 de julho de 2024, a Seleção brasileira feminina entrou em campo para encarar a Nigéria, em Bordeaux, na França. Seria certamente improvável que Marta, Lorena, Gabi Nunes e companhia não estivessem com certo frio na barriga, afinal, era a estreia da equipe nas Olimpíadas de Paris 2024.

Para ajudar, o grupo tinha o favoritismo ao lado, o que poderia tornar a pressão ainda maior.

A goleira Lorena chegou a ser exigida na fase inicial, mas o Brasil comandava as ações em geral e conseguiu avançar bem ao ataque, até que Marta apareceu na área para abrir o placar aos 35 minutos. Porém, na revisão da arbitragem de vídeo, o tento foi anulado por impedimento.

Embora houvesse a chateação natural com a anulação, o lance pareceu ter sido exatamente o que a Seleção precisava para diminuir a tensão.

No minuto seguinte, assim que a bola voltou a rolar, a capitã exercera novamente papel fundamental — mas, dessa vez, com uma assistência. Marta encontrou belo passe e serviu Gabi Nunes na entrada da área. A atacante dominou com categoria, chutou e acertou o ângulo da meta defendida por Nnadozie para fazer o 1 a 0 que definiu o duelo.

Foi assim, com a finalização de pé direito de Gabi Nunes, que o Brasil fez o primeiro gol na trajetória que viria a ser marcada pela conquista da medalha de prata olímpica. Na verdade, não apenas isso. O caminho feito nos Jogos “trouxe de volta o gostinho da vitória”, como a própria atacante definiu.

— O ouro ficou por um detalhe, mas acendeu uma chama nos nossos corações — disse Gabi Nunes em entrevista exclusiva à Trivela.

O sentimento está relacionado à principal ambição da mais nova atleta brasileira do Aston Villa com a camisa da Seleção atualmente: conquistar a Copa do Mundo de 2027, que será sediada no Brasil. Gabi até comentou sobre uma brincadeira feita com a colega de equipe Kenza Dali, da França.

— A Kenza jogou as Olimpíadas no Brasil e agora (em Paris), e eu brinco falando assim: ‘Em casa, vocês não vão ganhar, não. Vamos com fome (do título)’ — destacou a brasileira.

Gabi Nunes contra a França nos Jogos Olímpicos de Paris (Foto: IMAGO / Sports Press Photo)
Gabi Nunes contra a França nos Jogos Olímpicos de Paris (Foto: IMAGO / Sports Press Photo)

Seleção recuperou o respeito nas Olimpíadas

Apesar do início animador, o Brasil não teve caminho fácil nas Olimpíadas de Paris 2024. O jogo seguinte à estreia foi contra o Japão, e terminou em revés de virada por 2 a 1. A terceira partida da primeira fase foi simplesmente contra as atuais campeãs mundiais, a seleção espanhola, e acabou com derrota por 2 a 0.

A Seleção avançou às quartas de final com o auxílio de combinação de resultados, e tinha pela frente a França. O time treinado por Arthur Elias sofria àquela altura com a desconfiança por parte da torcida, mas venceu por 1 a 0 e continuou em busca do ouro.

A adversária seguinte foi a velha conhecida Espanha, porém, dessa vez, o Brasil levou a melhor e fez 4 a 2 no placar. Assim, a equipe conquistou a vaga na final olímpica, o que não ocorria desde Pequim 2008.

A Seleção perdeu a decisão para os Estados Unidos por 1 a 0 e ficou com o vice. No entanto, o torneio valeu mais mais do que o resultado para Gabi Nunes.

— É gostoso isso, ver que trouxemos de novo o respeito de outras seleções. Ter contato com essas meninas que são de outras seleções e poder conversar sobre isso, ver que elas já estão olhando a gente com um olhar diferente. É muito bom ter conquistado isso — ressaltou.

O reconhecimento não ocorreu apenas por parte de outras atletas. Gabi enfatizou também a retomada da confiança dos torcedores.

— Ganhamos esse respeito. Sabemos que futebol é cobrança, vai ter altos e baixos, mas nós, jogadoras, temos que ter paciência. Saber que, no momento certo, podemos conquistar a torcida de novo. Foi isso que fizemos — afirmou ela.

 
 
 
 
 
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Gabi Nunes: temporada nova, time novo e novas experiências

Gabi agora espera que a experiência adquirida em Paris ajude a Seleção a conquistar “a primeira estrela” da camisa. A atacante de 27 anos acredita também que atuar no futebol feminino inglês vai colaborar com esse objetivo.

Gabi Nunes deixou o espanhol Levante para defender o Aston Villa em setembro de 2024. A transação foi de 300 mil euros, cerca de R$ 1,8 milhão na ocasião, valor que colocou a brasileira empatada com Geyse (Manchester United) e Sam Kerr (Chelsea) como a 11ª maior transferência do futebol feminino. O vínculo ficou firmado em duas temporadas.

 
 
 
 
 
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A atacante estreou no time inglês no início de outubro, na vitória por 2 a 0 sobre o Crystal Palace na Copa da Liga feminina. Acostumada a ser centroavante, Gabi tem experimentado mudanças de posicionamento no Villa. Não é incomum que fique mais recuada ou seja incluída em um esquema 4-4-2 e jogue um pouco fora da área. Contudo, para ela, isso está longe de ser um problema.

— Sei que sou muito boa na área, é algo que tenho em mente. Trabalhar essa parte fora da área, de armação, um contra um, vai me ajudar muito como atleta, vai me ajudar bastante na Seleção, e fisicamente também. Estou muito feliz. Espero cada vez mais desenvolver meu futebol, para poder ajudar o Aston Villa e a Seleção — declarou.

Gabi Nunes em Aston Villa x Leicester na primeira divisão de futebol feminino inglês, a Women's Super League (WSL)
Gabi Nunes em Aston Villa x Leicester na primeira divisão de futebol feminino inglês, a Women's Super League (WSL). (Foto: Uk Sports Pics Ltd/Imago)

Gabi Nunes vai acompanhar da Inglaterra o amistoso entre Brasil e Colômbia neste sábado (26), às 18h30 (de Brasília), no Estádio Kleber Andrade, no Espírito Santo. A atleta não esteve na lista do técnico Arthur Elias para os compromissos de outubro, assim como Marta e Ary Borges, por exemplo. O técnico destacou em entrevista coletiva que esta convocação foi pensada com o objetivo de dar oportunidade a novas jogadoras.

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