Futebol feminino

Entenda como a federação da Austrália vai igualar salário entre homens e mulheres da seleção

Sucesso de público e audiência na Copa do Mundo da Austrália motivou um novo acordo financeiro, em que a federação local prevê igualdade salarial entre as seleções masculina e feminina

O sucesso das Matildas na Copa do Mundo Feminina de 2023 gerou um grande debate na Austrália sobre o tratamento desigual entre homens e mulheres pela federação local. Assim, as equipes masculina e feminina fecharam um novo acordo salarial que estabelece que as principais jogadoras de futebol do país devem receber um aumento de até 80 mil dólares por ano (cerca de R$ 390 mil).

Obviamente, o reajuste tem uma motivação financeira. Durante o Mundial, a seleção australiana atraiu centenas de milhares de torcedores e estabeleceu novos recordes de audiência na televisão. 

O novo acordo também concede aos jogadores da seleção uma parcela maior das receitas do futebol, se determinados objetivos forem alcançados, o que levou o presidente-executivo da Federação de Futebol da Austrália (FFA), James Johnson, a descrever o novo contrato como uma “parceria”. 

– O objetivo do ponto de vista da federação australiana neste acordo é realmente impulsionar o progresso econômico ainda mais – afirmou.

O atual contrato será válido até 2027 e vai destinar cerca de 2 milhões de dólares (quase R$ 10 milhões) para programas e serviços de assistência ao desenvolvimento de jogadoras. Essa formalização envolve também a criação de um grupo de trabalho – com membros da FFA e a presença de jogadores – para avançar no debate de questões de direitos humanos, com o objetivo de criar uma política formal para o futebol na Austrália.

Aumento salarial para Matildas é conquista da modalidade

De acordo com o acordo anterior, as Matildas recebiam uma quantia definida por um modelo de níveis (das jogadoras titulares da seleção às reservas). As melhores atletas do elenco recebiam cerca de 110 mil dólares (cerca de R$ 535 mil) por ano. Já no novo acordo,  a previsão é de que o pagamento seja de aproximadamente dois terços dos atuais em taxas de jogo, com o restante dos valores sendo pagos por acordos publicitários anualmente. 

Segundo o Professional Footballers Australia (PFA), sindicato de jogadores profissionais da Austrália, os modelos de pagamento dificultam comparações diretas. No entanto, a expectativa é de que as principais jogadoras recebam o aumento de 80 mil dólares anuais.

A vice-presidente da PFA e ex-jogadora, Kate Gill, disse que o acordo foi uma evolução do contrato firmado entre entidade e sindicato em 2019. 

– O ponto principal desta parceria foi, obviamente, a igualdade de gênero, que ainda é um princípio fundamental do acordo em si. Se trata de avançar para uma parceria que garantisse que as jogadoras fossem recompensadas ​​pelo seu sucesso em campo, mas também incentivadas a aumentar as receitas para o negócio. Isso começa a impulsionar a nossa seleção feminina a ser a mais bem remunerada (do mundo) – disse Gill. 

A situação da Austrália é uma tendência mundial na modalidade. Nos EUA, um acordo parecido foi firmado entre a seleção feminina e a federação norte-americana. No entanto, o caso acabou na esfera judicial. 

As atletas moveram um processo contra a entidade por discriminação de gênero. O processo foi encerrado após as partes entrarem em acordo de salários igualitários para as seleções masculina e feminina, além do pagamento de uma indenização de 22 milhões de dólares.

Foto de Livia Camillo

Livia CamilloSetorista

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário FIAM-FAAM, escreve sobre futebol há cinco anos e também fala sobre games e cultura pop por aí. Antes, passou por Terra, UOL, Riot Games Brasil e por agências de assessoria de imprensa e criação de conteúdo online.
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