EspanhaFrançaItália

Mbappé, PSG e Cristiano Ronaldo: um triângulo de especulações neste final de janela de transferências

Informações de diversos veículos falam em uma proposta de € 160 milhões do Real Madrid por Mbappé, o que poderia fazer Cristiano Ronaldo mudar de clube

Pode anotar aí: a novela mais quente deste fim de janela de transferências, que vai até o próximo dia 31, é o vai ou não vai de Kylian Mbappé. O atacante do Paris Saint-Germain tem só mais um ano de contrato e não quer renovar, o que faria qualquer clube que dependesse das próprias pernas negociar o jogador para receber uma bolada. Contudo, o PSG não é um clube normal. Como se não bastasse, ainda há a especulação que o seu substituto poderia ser Cristiano Ronaldo, em uma transferência que seria em cadeia — e já digo de bate-pronto: parece improvável.

Mesmo diante de uma proposta de € 160 milhões do Real Madrid, que diversos veículos, como o AS, garantem que existiu, o clube parisiense não parece convencido a liberá-lo. O programa El Chiringuito, famoso por informações sobre o futebol espanhol — e especialmente o Real Madrid — afirmou que o Real Madrid de fato avançou para uma proposta de € 160 milhões pelo jogador.

Levando em conta que a informação é real (sem trocadilho), é algo que faz pouco sentido. Por que pagar a maior transferência da sua história por um jogador que vai ficar sem contrato na próxima temporada? Não valeria a pena esperar um pouco mais? Quando se tratam de clubes como são o Real Madrid e como é este PSG, nem sempre as coisas são o que parecem.

Há um componente que é sempre importante nesse tipo de situação: o faz de conta. É de se desconfiar se o clube de Florentino Pérez tem essa bala toda para gastar. Não se engane: o clube é de fato um dos mais ricos do mundo, uma das três maiores receitas da Europa — e possivelmente do mundo no futebol. O problema é que o Barcelona também é e está vendendo almoço para comprar a janta. Portanto, é de se desconfiar se os merengues podem gastar assim depois de uma temporada que o próprio presidente ficou reclamando aos quatro cantos que foi terrível, resultou em perdas de mais de € 300 milhões e ainda disse que sem a Superliga Europeia, eles faliriam.

Sim, aquela ideia furada da Superliga Europeia, que morreu em 48 horas, tinha como base de sustentação o choro de Florentino, Joan Laporta, do Barcelona, e Andrea Agnelli, da Juventus. Aliás, esses três patetas continuam insistindo nessa ideia estúpida sem qualquer pudor e Florentino Pérez é o mais vocal deles ao dizer que “o futebol está morrendo, não atrai os jovens, as audiências caíram”. A solução é alugar o futebol, adaptando a clássica música de Raul Seixas. É só dar lugar para os gringos (fundos de investimento americanos que emprestariam a grana) entrarem.

A política de bater o pé do PSG

Voltando a Mbappé, sim, ele quer sair, deixou isso claro a todo mundo no PSG, ao menos internamente, e parece disposto a sair já, se for possível. Só que o problema é que os parisienses não precisam de grana. Podem se dar ao luxo de acender os cigarros com notas de 100 dólares. No caso, manter um jogador que vale milhões no seu clube insatisfeito e deixar que ele saia de graça no ano seguinte só de birra.

Neymar já sentiu o peso da política dos catarianos em relação a isso. Quis voltar ao Barcelona em 2019, dois anos após chegar à capital francesa como a maior transferência da história, e o clube só faltou escrever: pode se debater aí o quanto for, peixinho, que você não sai do nosso aquário. O presidente Nasser Al-Khelaifi chegou a dizer palavras duras, como “Não quero mais comportamento de celebridade” no momento que o brasileiro parecia bater o pé para sair.

Neymar tinha contrato. Por sinal, renovou em maio deste ano até 2025. Aceitou que não teria jeito e pode agora tentar ser o maior da história do clube — recebendo um dos maiores salários do mundo. O clube estava disposto a pagar para ver. O PSG negocia como alguém que joga truco apostando alto e sem medo de perder fichas. Porque ele tem acesso a fichas infinitas. No fundo, é um cassino que a família real catariana usa para melhorar a imagem do país do Oriente Médio, o tal sportswashing. Perder dinheiro está no escopo do projeto.

Voltamos então ao Real Madrid e Florentino Pérez. O clube sabe haver uma sede por uma contratação como a de Mbappé. Sequer tentar levar o francês a Paris para realizar a sua vontade e a vontade dos torcedores parece algo que pegaria mal a Pérez. Então ele faz uma oferta. Talvez ele ache, ou até saiba, que o PSG vai rejeitar. Mas ele faz uma proposta que talvez seja só parte do jogo para satisfazer a sua claque e mostrar que o clube quer mesmo o jogador. A rigor, até poderia negociar com o francês e já deixar tudo acertado para 2022 enquanto isso e dizer que ele não chegou antes porque o PSG não quis. É uma forma de usar essa característica do PSG a seu favor, politicamente.

- - Continua após o recado - -

Assine a newsletter da Trivela e junte-se à nossa comunidade. Receba conteúdo exclusivo toda semana e concorra a prêmios incríveis!

Já somos mais de 3.200 apaixonados por futebol!

Ao se inscrever, você concorda com a nossa Termos de Uso.

Se Mbappé sai, vem a megalomania?

Só que há peças que podem mudar esse jogo. O PSG é um projeto gigantesco de marketing, tal qual eram os galácticos do próprio Florentino Pérez nos anos 2000. E se a venda de Mbappé permitir um projeto megalomaníaco de ter um ataque dos sonhos com Neymar, Lionel Messi e… Cristiano Ronaldo? Bom, talvez isso mude as coisas de figura.

Há quem diga que Cristiano Ronaldo está insatisfeito e quer deixar a Juventus. A sua presença no banco de reservas teria sido por isso, mas o diretor esportivo da Velha Senhora, Pavel Nedved (sim, aquele) disse que não passam de rumores e que o português continuará em Turim.

Só que aí Khalifa Bin Hamad Al-Thani, membro da família real do Catar, publica uma foto de Cristiano Ronaldo junto com Messi, ambos com a camisa do PSG, e escreve “talvez”. Obviamente, isso se torna um mar de especulações em uma reta final de mercado de transferências – por sinal, a janela fecha na próxima terça-feira.

Obviamente, Al-Thani sabia o que estava fazendo e quis jogar um pouco mais de lenha na fogueira. Ninguém sabe se é possível, mas e se for? Sabemos que no atual cenário mundial, só um clube como o PSG e, talvez, o Manchester City, poderiam bancar o salário de € 30 milhões líquidos de Cristiano Ronaldo. E a Juventus ainda quer € 30 milhões para ao menos fechar as contas.

Falando aqui do ponto de vista da Juventus, não seria um mau negócio. Sim, é ruim perder um jogador como Cristiano Ronaldo, mas o clube está em uma situação financeira complicada com os gastos que tem e o salário do português é enorme. Seria um alívio monumental na folha de pagamentos. Além disso, acomodar o jogador no time é uma tarefa sempre complicada e o técnico Massimiliano Allegri certamente não acharia de todo ruim se não tivesse esse problema.

Manchester City: um destino sem sentido

Entretanto, isso tudo são especulações. Parece ter gente na equipe de empresários de Cristiano Ronaldo (comandada por ninguém menos que Jorge Mendes) que especula uma possível ida de Ronaldo ao Manchester City. Parece improvável. A ida ao PSG também é improvável, mas ao Manchester City é mais ainda. Porque os ingleses, mesmo que não tenham como levar Harry Kane, teriam eu desembolsar uma grana imensa de salários por um jogador que é bastante veterano. Não combina com o projeto de futebol que o clube tem — que é de gastar muito sim, mas em jogadores mais jovens.

Isso sem falar que Cristiano Ronaldo jogaria no lixo a sua relação com a torcida do Manchester United, que ele sempre mostrou muito respeito. Acomodar um jogador como Cristiano Ronaldo pode parecer ótimo e muito fácil no videogame, mas na realidade é um pouco mais complicado. Jogadores como ele e Messi se tornaram impagáveis para os clubes ou, quando são pagáveis, no caso dos clubes-estado, há o problema de encaixá-lo no time com todas suas peculiaridades. Cabe ao clube saber se vale ou não a pena — por vezes eles mostram que sim, em campo, mas os custos são exorbitantes e acima de qualquer clube que não tenha bolsos infinitos.

Tudo que se sabe é que a ida de Kylian Mbappé para o Real Madrid pode ser desbloqueada por uma ambição dos catarianos de formarem o ataque dos sonhos — no videogame e no marketing certamente, em campo, bom, talvez seja um pouco mais complicado. De qualquer forma, a história sobre as possíveis transferências de Mbappé e Cristiano Ronaldo devem dominar o noticiário até o fechamento da janela na terça-feira, dia 31. Acompanharemos aqui na Trivela em tempo real desde as primeiras horas, de manhã, até o fechamento, à noite. Como já é tradição.

No fim, Cristiano Ronaldo foi anunciado como reforço do Manchester United. Sua saída da Juventus, que parecia iminente, foi confirmada por Massimiliano Allegri. Ao deixar a Velha Senhora, ele deixa muitos feitos realizados, mas sem transformar o clube como se imaginava. Resta saber se Mbappé também mudará de time.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
Botão Voltar ao topo