Ligue 1

Aubameyang volta à França depois de dez anos para ser o astro do Olympique

Aubameyang estava escanteado no Chelsea e rescindiu com o clube, antes de ser anunciado com pompas pelo Olympique de Marseille

Pierre-Emerick Aubameyang viveu uma montanha-russa durante as duas últimas temporadas. Depois de deixar o Arsenal pela porta dos fundos, o atacante viveu seis meses ótimos no Barcelona. Era um negócio de ocasião, mas que rendeu muito bem e marcou seu nome até em goleada sobre o Real Madrid. A transferência para o Chelsea fazia sentido, não apenas pela chegada de Robert Lewandowski na Catalunha, como também pelo reencontro com Thomas Tuchel. Entretanto, a temporada em Stamford Bridge foi de completo ostracismo ao veterano. Apesar disso, aos 34 anos, Auba ainda deixa impressão de que tem lenha para queimar. E inclusive para ser adorado na França onde nasceu, ao fechar com o Olympique de Marseille.

Aubameyang ficou fora dos planos do Chelsea ainda com Graham Potter e sua situação não melhorou mesmo com a chegada de Mauricio Pochettino. Os Blues estavam mais interessados em se desfazer do veterano e reduzir um pouco o seu inchado elenco, o que facilitou o rompimento antecipado do contrato. Enquanto isso, o Olympique de Marseille buscava alternativas para o ataque, especialmente depois de não conseguir a renovação de Alexis Sánchez. Auba preenche a lacuna num negócio sem custos para os celestes, e com um contrato assinado por três anos – prova de que existe uma confiança sobre seu futebol no Vélodrome. Seu salário, de €7,5 milhões anuais, com sobras será o maior do clube.

O passado de Aubameyang na França

É interessante ressaltar como Aubameyang, embora tenha priorizado a nacionalidade gabonesa, nasceu na França e possui uma história atrelada ao país. Seu pai, Pierre Aubameyang, nasceu no Gabão e fez carreira sobretudo no Campeonato Francês. Foram sete temporadas no Laval, onde nasceu seu filho em 1989. Os primórdios da carreira de Auba foram em clubes como o Rouen e o Bastia, embora ele também tenha atuado nas categorias de base do Milan, sem nunca estrear pelos profissionais dos rossoneri.

As primeiras passagens de Aubameyang em equipes adultas também aconteceram na França. Destacou-se primeiro na segunda divisão, com o Dijon, em 2008/09. O atacante teve também temporadas pouco lembradas por Lille e Monaco, sem deixar saudades. O grande destaque aconteceu a partir da transferência para o Saint-Étienne, em janeiro de 2012. Auba passou por um período de adaptação com os alviverdes, antes de fazer duas temporadas em altíssimo nível na Ligue 1. Foram 41 gols e 25 assistências em 97 partidas pelo ASSE. Tornou-se um jogador querido pela torcida, especialmente pelo carisma das comemorações como Homem-Aranha, e no mesmo período se consolidou como referência da seleção de Gabão.

Desde então, a história de Aubameyang se tornou muito mais conhecida. O Borussia Dortmund garantiu o ápice da carreira do atacante, especialmente quando foi artilheiro da Bundesliga em 2016/17. Também teve ótimas temporadas com o Arsenal, igualmente artilheiro da Premier League, e se tornou capitão da equipe, mas entrou em litígio com o clube até culminar em sua saída. De certa maneira, a consolidação de Auba entre os principais atacantes do mundo torna sua passagem anterior pela Ligue 1 um pouco menor, em relação ao que fez depois.

As idas e vindas dos últimos anos

As últimas temporadas de Aubameyang no Arsenal apontaram para a sua queda de desempenho. Os gols se tornaram menos frequentes, embora pesasse muito mais a indisciplina do atacante que implodiu sua importância no Emirates e custou a braçadeira. Motivado, Auba mostrou como poderia dar a volta por cima no Barcelona. Num momento em que os blaugranas necessitavam de recuperação com Xavi, o gabonês entregou um bom trabalho. Foram apenas 24 partidas na Catalunha, mas com 13 gols e uma assistência. Indicou como ainda poderia dar conta do recado num time tradicional, mesmo que não estivesse mais em seu auge.

Dava até para questionar a saída de Aubameyang do Barcelona. O clube fazia sua aposta em Lewandowski, mas não que o gabonês não pudesse contribuir ao lado do antigo companheiro ou mesmo como uma alternativa no banco. Contudo, a situação financeira dos blaugranas era um porém. Sua saída para o Chelsea rendeu €12 milhões aos cofres do Barça, garantiu a vinda de Marcos Alonso e também aliviou a folha salarial. Enquanto isso, o Chelsea se sugeria como um bom recomeço, especialmente pelo reencontro com Thomas Tuchel – o treinador que melhor aproveitou Auba.

O problema é que o Chelsea provocou um limbo na carreira de Aubameyang. Foram 21 partidas pelos Blues e apenas três gols. Tudo bem que mesmo com Thomas Tuchel ele não emplacou na Premier League, mas anotou gols importantes com Graham Potter na fase de grupos da Champions League. Entretanto, o veterano não foi inscrito nos mata-matas do torneio continental, após o turbilhão de reforços em janeiro, e claramente ficou escanteado. Era mais fácil acelerar a sua saída, sem que estivesse nos planos dos londrinos. Resta saber como será o impacto desse ano de pouca atividade para um jogador de 34 anos.

Como está o elenco do Olympique

Técnico do Olympique para a próxima temporada, Marcelino García Toral deve escalar a equipe num 4-4-2. Assim, Aubameyang não teria problemas para se encaixar como um dos atacantes. Chega como uma das principais opções para o setor. Quem deve ser o seu parceiro na frente é o jovem Vitinha, de 23 anos. O português foi uma grande aposta na janela de inverno, diante da boa forma com o Braga, mas ainda não emplacou no Vélodrome. Foram apenas dois gols em 16 partidas pelos celestes.

É um mercado movimentado para o Olympique. A equipe perdeu vários jogadores importantes. Alexis Sánchez não teve seu contrato renovado, Dimitri Payet se despediu em decisão mútua, Nuno Tavares chegou ao final de seu empréstimo. Em compensação, a lista de reforços se encorpa. O clube assegurou as permanências de Amine Harit e Ruslan Malinovskyi, que estavam emprestados. Já Renan Lodi e Geoffroy Kondogbia foram comprados em definitivo. Os marselheses ainda buscam a vaga na fase de grupos da Champions League, após se classificarem para as preliminares.

Os reforços do Olympique de Marseille até o momento:

  • Renan Lodi, lateral esquerdo: €13 milhões
  • Ruslan Malinovskyi, meia: €10 milhões
  • Geoffroy Kondogbia, volante: €8 milhões
  • Amine Harit, meia: €5 milhões
  • Pierre-Emerick Aubameyang, atacante: sem custos
Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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