Europa

Morte de Papa Francisco é novo capítulo de rivalidade religiosa de clubes da Escócia

Celtic e Rangers não são rivais só dentro do campo: divergências são políticas e religiosas

O falecimento do Papa Francisco na última segunda-feira (21) mexeu com o mundo do futebol pela relação do Pontífice com o esporte e rendeu uma onda de solidariedade e mensagens carinhosas de clubes ao redor do mundo. A morte do argentino, no entanto, também serviu para render provocação na maior rivalidade da Escócia entre Celtic e Rangers.

Isso porque os ultras da torcida chamada Union Bears, do lado azul da maior cidade escocesa, picharam um muro ironizando o falecimento do argentino poucas horas após a notícia. “Nenhum papa de Roma“, diz a principal pichação. Ao lado, está outra frase: “Papa Francisco está morto“. Os torcedores também pintaram as cores azul, vermelho e branco do Rangers para não deixar dúvidas de quem foram os responsáveis.

Então, os fãs dos Celtics decidiram cobrir o grafite rival com as cores da bandeira da Irlanda e a frase “Sem bandeiras nem tambores“, em referência a uma briga anterior na qual os Union Bears perderam seus instrumentos para o rival. “Suas bandeiras e tambores estão no Vaticano”, escreveram em outra parte do muro.

Por que o Rangers ironizou a morte do Papa para atingir o Celtics?

A provocação envolvendo o Papa evoca para fundação dos clubes. A máxima “futebol e política não se misturam” nunca aconteceu em Glasgow e o clássico Old Firm é o grande exemplo disso.

O Celtic iniciou as atividades em novembro de 1887, em uma cerimônia dentro de uma igreja, graças ao católico Andrew Kerins, o “Irmão Walfrid”, de origem irlandesa. Desde o início, o clube verde e branco foi ligado às causas de esquerda e separatistas do Reino Unido, que a Escócia faz parte ao lado de Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales.

Já o Rangers, fundado em março de 1872, é a representação dos protestantes (outra linha de pensamento dentro do cristianismo) e, ao contrário dos rivais, são pró Reino Unido, defendendo ideais conservadores.

Torcedor do Celtic segura bandeira da Irlanda com Papa Francisco no centro
Torcedor do Celtic segura bandeira da Irlanda com Papa Francisco no centro (Foto: Imago)

A divergência religiosa segue tensa e, até 1989, o lado verde não contratava jogadores protestantes e o azul não negociava com católicos. Isso mudou após Maurice Thomas Johnston, ex-Celtic e católico, atuar pelo Rangers.

Tudo isso rende uma série de conflitos nessa rivalidade mais do que centenária. Em um dos mais tristes, em janeiro de 1971, 66 torcedores morreram e mais de 200 ficaram feridos após fãs caírem e serem pisoteados ao fim de um clássico no Ibrox Park. A tragédia é chamada de “Desastre de Ibrox”.

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A relação do Celtic com o Papa Francisco

Pela ligação com o catolicismo, o Celtic acumula histórias com o Papa Francisco. Em 2019, durante partida contra a Lazio pela Liga Europa no Estádio Olímpico de Roma, torcedores escoceses cantaram o nome do pontífice.

Já em 2023, em outra visita do clube verde para enfrentar o clube da capital italiana, os jogadores e o técnico Brendan Rodgers visitaram o Chefe da Igreja Católica e o deram uma camisa de presente.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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