Como visita ao Papa Francisco ‘ajudou’ Arsenal a contratar atacante do Manchester United
Papa Francisco, que morreu nesta segunda (21), "ajudou" Arsène Wenger em transferência

Durante a reta final da janela de transferências de 2014, enquanto o mercado fervia na Europa, Arsène Wenger, então técnico do Arsenal, estava em Roma. Não para negociar jogadores, mas para se encontrar com o Papa Francisco.
O compromisso espiritual, no entanto, não o impediu de selar uma das transferências mais curiosas de sua longa passagem pelo Arsenal: a chegada de Danny Welbeck, diretamente do maior rival: o Manchester United.
O encontro de Wenger com o Papa que ‘ajudou' o Arsenal
O então técnico dos Gunners conciliava fé e futebol num momento simbólico. Católico praticante, Wenger participava de um jogo beneficente na capital italiana quando a diretoria do Arsenal ainda tentava finalizar o acordo por Welbeck.
Enquanto estava na fila, em espera para uma audiência privada com o Papa, o francês mantinha contato com o CEO Ivan Gazidis e com o agente do jogador.

— Encontrar o Papa foi uma experiência que não queria perder. Sou católico, então foi uma experiência, e uma que aceitei há muito tempo. Além disso, foi um jogo pela paz e pelo entendimento multirreligioso. Ele é uma grande pessoa. Ele mostra humildade e está disponível para se encontrar com todos, tem uma palavra com todos. Ele também é fã de futebol. Ele é torcedor do San Lorenzo na Argentina. Você não pode nascer na Argentina e não ser fã de futebol. Ele falou com muitos argentinos, então eu queria ser discreto e dizer, ‘foi bom te conhecer e tchau-tchau' — explicou Wenger na época.
Francisco, que morreu nesta segunda-feira (21) aos 88 anos, era uma figura muito além do Vaticano. Torcedor apaixonado pelo San Lorenzo e reformador dentro da Igreja, o argentino também deixou sua marca, ainda que indiretamente, no mercado da bola. A transferência de Welbeck acabou fechada com o Arsenal pagando 16 milhões de libras ao United, superando o interesse do rival Tottenham.

A operação só foi possível porque Wenger, mesmo a quilômetros de distância, manteve-se ativo nas negociações desde as primeiras horas do dia.
— Em 2014, você sempre pode estar em contato com todos, mesmo quando viaja. A vantagem daquele dia foi que tive que levantar às 6 da manhã para o meu voo e fiquei disponível o dia todo — revelou o treinador, hoje chefe de Desenvolvimento Global de Futebol da Fifa .
O acerto, porém, teve um obstáculo final: o Manchester United, que inicialmente aceitava um empréstimo com opção de compra, passou a exigir uma venda definitiva. Ainda assim, os Gunners toparam e selaram o negócio antes do encerramento da janela.
Welbeck chegou ao Arsenal com moral e fez parte do elenco por cinco temporadas. Apesar das lesões que o atrapalharam, marcou 32 gols em 126 partidas e conquistou duas Copas da Inglaterra. Também foi vice-campeão da Copa da Liga e da Europa League em sua passagem.