Por que Rodrygo desandou a fazer gols no Real Madrid?
Mudança de posicionamento e maior liberdade ajudaram Rodrygo a sair de má fase para ser referência ofensiva no Real Madrid

No sentido negativo, os primeiros 15 jogos de Rodrygo nesta temporada foram fora da curva de ascensão que o atacante vivia. Eram apenas dois gols e uma assistência, além de um posicionamento mais fixo, quase como um “centroavante”, visto não ter nenhum jogador (com exceção de Joselu) no Real Madrid para exercer essa função. Agora, a partir de uma mudança gradual de posição, o Rayo soma sete gols e quatro assistências nos últimos cinco jogos e busca manter o bom histórico neste sábado (9) contra o Betis, em jogo válido por La Liga. Mas o que aconteceu exatamente no posicionamento do brasileiro? A Trivela explica.
Liberdade para flutuar e depois lesão de Vini, Rodrygo passou a atuar mais tempo no setor que mais gosta
Antes de falar do momento do jogador, vale contextualizar a carreira de Rodrygo, que desde que surgiu no Santos, sempre foi um ponta esquerda. As opções do Real Madrid nunca permitiram que o Rayo pudesse exercer essa função com frequência – as opções citadas, no caso, é o outro brasileiro do clube, Vinicius Júnior, que chegou aos Merengues um ano antes (2018) da joia santista e, consequentemente, pôde ser o dono daquele lado do campo.
Sem espaço na esquerda, coube ao hoje camisa 11 atuar pela direita, tendo Karim Benzema como o centroavante até 2023. Mesmo “deslocado” na posição, Rodrygo conseguiu se destacar, especialmente quando o francês estava em campo e o brasileiro virava um meia atrás dele no momento ofensivo – na recomposição, fechava pela direita.
Com a saída de Benzema, válida a partir da atual temporada, Carlo Ancelotti escalou o Real com dois atacantes, no caso os dois brasileiros. Vini, mais à esquerda, tinha mais liberdade para exercer a função como ponta e Jude Bellingham ocupar a área em alguns momentos. Rodrygo, no caso, tinha a obrigação de ficar mais fixo e, muito por isso, teve início de temporada devagar.
O mapa de calor do Rayo nas primeiras partidas do ano é um bom exemplo como ele esteve longe de sua posição favorita e mais fixo a posição por dentro.

Essa dificuldade de Rodrygo assimilhar a ideia de ser mais fixo como centroavante o deixou, inclusive, algumas vezes no banco de reservas, perdendo o lugar para o esforçado (mas muito pior tecnicamente) Joselu.
A virada de chave do Rayo aconteceu a partir da vitória por 3 x 0 contra o Braga pela Champions League, quando marcou uma vez e deu uma assistência (quase igualando os números dos 15 jogos anteriores). Nesse jogo, ainda jogando ao lado de Vinicius Júnior, ganhou liberdade para flutuar mais para esquerda, mesmo cenário visto no final de semana seguinte, quando cravou mais dois e deu duas assistências no 5 x 1 sobre o Valencia. Veja a diferença no mapa de calor do atacante brasileiro nas duas aparições citadas.

Eis que Vini Júnior se lesionou em 16 de novembro, na derrota da Seleção Brasileira para Colômbia. Com isso, o camisa 11 teria que exercer a função como ponta esquerda no Real Madrid. Na tristeza de perder um amigo dentro de campo pelo menos até janeiro de 2024, Rodrygo mostrou como fica à vontade naquele lado do campo. Contra o Cádiz, Joselu exerceu a função de centroavante e o Rayo pôde infernizar a defesa adversária com dois gols e uma assistência. Ele voltaria a marcar, exercendo a mesma função, contra Napoli e Granada (neste jogo trocou de lado com Brahim Díaz em alguns momentos).

Os gols frente ao Cádiz e Napoli mostram perfeitamente o porquê de ficar tão bem à esquerda. Em ambos, ele partiu da esquerda, cortou para dentro e finalizou com a perna direita, sua favorita – não que a canhota seja ruim, ele mostrou saber finalizar bem com a ‘errada' também frente ao Valência. Isso potencializa o drible com a perna certa também, visto nos tentos e na assistência para Bellingham.