La Liga

Vini provocou o Valencia: provocou a humilhação e os gritos de olé num baile com Rodrygo

Vinícius Júnior estraçalhou no reencontro com o Valencia, em noite na qual formou uma dupla muito dinâmica (e com sangue nos olhos) ao lado de Rodrygo

O Valencia estava entalado na garganta do Real Madrid, depois da vergonha ocorrida no Mestalla no final da temporada passada. O duelo significava uma revanche especialmente a Vinícius Júnior, que poderia responder em campo aos ataques racistas que sofreu de muitos valencianos. O Estádio Santiago Bernabéu, então, viu Vinícius bailar – na bola e na comemoração dos gols. O camisa 7 ofereceu uma atuação de gala para destroçar os visitantes. Driblou como quis, balançou as redes duas vezes, bateu no peito e chamou a responsabilidade. Formou uma dupla dinâmica ao lado de Rodrygo, também inspiradíssimo com duas assistências e dois gols. Com os 5 a 1 no placar, novos gritos vieram das arquibancadas. Agora, de “olé”, para exaltar o futebol – como precisa ser.

A partida se abriu para o Real Madrid muito cedo. Toni Kroos e Dani Carvajal foram decisivos para isso, numa combinação perfeita logo de cara. Com a vantagem estabelecida, os merengues ficaram mais soltos para atacar. Tomaram seus sustos no primeiro tempo, é verdade, com chances perdidas por Hugo Duro e boas defesas de Andriy Lunin. Contudo, sofria muito mais a defesa valenciana contra Vinícius e Rodrygo. Os dois se combinaram por telepatia e construíram o segundo gol antes do intervalo. E, na volta para a segunda etapa, rapidamente ditaram o baile. Jogaram soltos, para fazer a torcida madridista inteira sorrir. Se a discussão na Espanha tantas vezes se volta às alegadas “provocações” de Vinícius, bem, ele provocou: provocou a humilhação de seus oponentes, e na mais pura habilidade. Em Rodrygo, também teve um parceiro brilhante para isso.

O Real Madrid ainda não tinha o lesionado Jude Bellingham, num departamento médico cheio neste início de temporada, mas mantinha uma equipe forte. Carlo Ancelotti escalou os merengues com Andriy Lunin no gol, além da zaga formada por Dani Carvajal, Nacho Fernández, David Alaba e Ferland Mendy. O meio-campo reunia Federico Valverde, Eduardo Camavinga, Toni Kroos e Brahim Díaz. Vinícius Júnior e Rodrygo se entendiam no ataque. Já o Valencia tinha Giorgi Mamardashvili no gol, além de Gabriel Paulista e José Luis Gayà como lideranças na defesa. O técnico Rubén Baraja recheava o meio com os garotos Javi Guerra, Diego López e Fran Pérez. Hugo Duro era o homem de referência.

Carvajal e Vinícius capricham nos gols

(Icon Sport)

O jogo mal começou e o Real Madrid logo abriu o placar no Bernabéu, aos três minutos. Foi um lindo gol de Dani Carvajal. Primeiro pela fatiada de Toni Kroos, num lançamento da defesa que atravessou o campo. Carvajal dominou e tirou José Luis Gayà, que até caiu sentado. Enquanto a bola descia, o lateral desferiu um chute firme de canhota, no canto anterior de Giorgi Mamardashvili. A situação ficava cômoda aos merengues desde cedo. Os blancos forçavam no ataque e ganhavam faltas na entrada da área. Numa dessas, Kroos buscou o ângulo e parou no travessão. Por muito pouco não botou no ângulo.

Depois de tamanho sufoco, o Valencia conseguiu dar sua resposta aos dez minutos. Quase empatou. Num cruzamento rasteiro, Hugo Duro fuzilou da risca da pequena área e o goleiro Andriy Lunin salvou com o pé. De qualquer maneira, o Real Madrid era mais ofensivo e contava com a movimentação de seus homens de frente. O problema era mesmo a defesa, que nos cochilos facilitava para os valencianos. Aos 15, Hugo Duro escapou de Carvajal em velocidade e saiu de frente com Lunin. Bateu em cima do goleiro, numa nova defesa decisiva.

Quem também queria jogo era Vinícius Júnior. No ataque seguinte do Real Madrid, o atacante deixou dois marcadores falando sozinhos e chutou prensado. Quase saiu um golaço. Na cobrança de escanteio, de novo Vini bagunçou dentro da área e mandou na parte externa da rede. Depois disso, enfim, os times tiveram um respiro. Os merengues passaram a cadenciar um pouco mais e fecharam melhor o lado esquerdo, por onde o Valencia fazia suas principais investidas. Quando o Madrid voltou a assustar, foi num lance em que Rodrygo fez miséria. Deu um drible lindo de letra e um passe com a parte externa do pé, mas Vinícius estava impedido.

A reta final do primeiro tempo se tornou mais amarrada. Os times baixaram o ritmo e não encontravam as mesmas facilidades das defesas. Algumas faltas também atravancavam o duelo. Só que o Valencia não precisava de muito para assustar. Aos 40, Hugo Duro poderia ter empatado. Pintou sozinho para uma cabeçada na área e furou a bola, num erro clamoroso. A falha custou ainda mais caro porque, no lance seguinte, o Real Madrid ampliou. A combinação brasileira deu certo. Rodrygo escapou pela direita e fez o cruzamento rasante. Vinícius mergulhou e, de peixinho, escorou de peito. Teve recursos, numa decisão nada óbvia para anotar um gol singular. Na comemoração, indicou para a torcida merengue o “estou aqui” de Cristiano Ronaldo. Rodrygo ainda ameaçou o seu numa cobrança de falta, em bola que passou ao lado do ângulo nos acréscimos.

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Baila Vinícius, baila Rodrygo

(Icon Sport)

O segundo tempo começou como o primeiro: com gol do Real Madrid. E também como terminou: com gol de Vinícius Júnior. O Valencia entrou desatento e pediu para ser punido. Rodrygo entregou a bola para Vinícius ainda na intermediária e o atacante avançou com o campo livre. Chegou até a entrada da área e mandou um chute firme, no canto inferior de Mamardashvili, que não alcançou. Gol de quem tem recursos. Os valencianos estavam nas cordas e terminaram na lona, com o quarto gol merengue logo na retomada da partida, aos cinco minutos. Rodrygo também merecia o seu. Roubou um passe errado de Mamardashvili e estava com a área escancarada para fazer o que quisesse. Anotou o gol.

Como se a situação não fosse complicada o suficiente para o Valencia, Gayà saiu lesionado aos dez minutos. Já aos 15, Luka Modric entrou em campo no lugar de Federico Valverde. O Real Madrid nem precisava pisar o acelerador para rondar o quinto gol. Vinícius assustou de novo num lance em que parou em Mamardashvili, mas estava impedido. Modric também quase surpreendeu o goleiro em um cruzamento fechado que por pouco não tomou o caminho do gol. Vini causava pesadelos em cada investida, como num lance em que só faltou caprichar um pouco mais o passe.

As trocas aconteciam nos dois times, com o Valencia ainda tentando ganhar presença ofensiva com Roman Yaremchuk. Já o Real Madrid botava Fran García e Lucas Vázquez. As expectativas nos minutos finais eram mesmo sobre a tripleta de Vinícius, que insistia. Num tiro rasteiro, parou em Mamardashvili. Já aos 32, Carvajal quis fazer mais um e bateu no cantinho, numa bola quase sem ângulo que Mamardashvili teve trabalho para repelir com o pé. Nesse jogo resolvido, Carvajal e Vinícius saíram aos 37, com as entradas de Joselu e Nico Paz. Foram ovacionados, com um sorriso franco de Vini.

O Valencia só não poderia se descuidar. Rodrygo ainda estava em campo e não se via satisfeito. O quinto gol foi obra do atacante. Não tinha o enredo de Vinícius ao seu redor, mas se mostrou igualmente faminto para destruir os valencianos. Aos 39, Fran García acionou o Rayo. Ele escapou de Gabriel Paulista na área e bateu por baixo de Mamardashvili. Já o gol de honra dos oponentes saiu aos 43, tarde demais. Hugo González cruzou e Hugo Duro finalmente destinou a bola às redes, se esticando para finalizar. Lunin quase pegou, mas não deu. Nada que diminuísse o estrago feito por Rodrygo e Vinícius.

Como fica a situação na tabela

O Real Madrid soma 32 pontos em La Liga. Continua dois pontos atrás do Girona, na perseguição aos líderes. Os merengues também se confirmam na segunda posição, à frente do Barcelona, cinco pontos atrás, mas que pode voltar a se aproximar um pouco no domingo. Já o Valencia é o décimo colocado, com 18 pontos. Depois de quatro rodadas de invencibilidade, voltou a perder.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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