Tensão nos bastidores do Choque-Rei estremece de vez relação entre Leila e Casares
Antes amigos, presidentes de Palmeiras e São Paulo, Leila Pereira e Julio Casares, entram em rota de colisão após polêmicas no clássico do último domingo

Os palmeirenses e são-paulinos que dividam as arquibancadas aguardavam ansiosos o início do Choque-Rei válido pela Supercopa do Brasil, quando Leila Pereira e Julio Casares se encontraram no gramado do Mineirão. Sorridentes, os presidentes de Palmeiras e São Paulo trocaram cumprimentos, conversaram aos risos e ainda posaram para fotos minutos antes do clássico decisivo. Uma cena que hoje é impensável de se repetir.
Pouco mais de um mês após a decisão que acabou com título do São Paulo, os dois mandatários viram a relação que sempre foi amistosa estremecer. O estopim para o rompimento entre Leila e Casares foram as (muitas) polêmicas que dominaram os bastidores do MorumBIS após o empate em 1 a 1 entre as duas equipes no clássico do último domingo (3), pelo Campeonato Paulista.
Mas a verdade é que os dois presidentes, antes tão amigos e que conversavam quase que diariamente, já vinha esfriando desde o final de 2023. Os muitos elogios públicos que ambos trocaram ao longo dos últimos anos viraram raridade até desaparecer – e as muitas polêmicas recentes da rivalidade aceleraram este processo. Casares já manifestava descontentamento com reclamações feitas por Leila sobre a arbitragem após o São Paulo eliminar o Palmeiras na Copa do Brasil do ano passado.
A postura do Alviverde na negociação por Caio Paulista também desagradou o presidente são-paulino. Mesmo que Leila Pereira tenha afirmado que o Palmeiras só iniciou conversas com o jogador depois do prazo para que o São Paulo exercesse a opção de compra, a sensação no MorumBIS é de que o rival atravessou o negócio com o Fluminense para fechar a contratação do lateral-esquerdo.
O Presidente Julio Casares se pronunciou após (mais uma) arbitragem vergonhosa no Campeonato Paulista. pic.twitter.com/zd70jHm4sT
— São Paulo FC (@SaoPauloFC) March 4, 2024
Choque-Rei estremece de vez relação
Era o início de um desgaste que chegou ao extremo após o último domingo. Depois do clássico, Julio Casares fez um pronunciamento revoltado, aos gritos, para reclamar de supostos erros da arbitragem no Choque-Rei. O dirigente chegou a bradar que “chega de o Abel apitar jogo no Paulistão”. A atitude do presidente são-paulino desagradou Leila Pereira. Mas o pior ocorreu a alguns metros dali, no túnel de acesso aos vestiários do MoruMBIS. Foi onde o diretor de futebol Carlos Belmonte esbravejou que o técnico Abel Ferreira era um “português de merda”, conforme imagens publicadas pelo ge.
Ainda no ambiente pós-jogo do clássico, uma crise institucional ajudou a acirrar os ramos. A diretoria de comunicação do São Paulo proibiu Abel Ferreira de usar a sala de coletivas do estádio para conceder entrevista e disse que o treinador poderia falar em outros espaços do estádio. O Palmeiras decidiu que o técnico não concederia entrevista e o clube deixaria o estádio em silêncio, mas Raphael Veiga falou com a imprensa na zona mista — local que também estava à disposição de Abel
Na última segunda-feira (4), as imagens do dirigente disparando contra o treinador vieram a público, e o Palmeiras logo soltou uma nota oficial de repúdio ao episódio. O clube alviverde afirmou estudar “medidas legais cabíveis contra o diretor de futebol do São Paulo, Carlos Belmonte, flagrado xingando de forma xenófoba o técnico Abel Ferreira”. No dia seguinte, uma entrevista de Leila ao portal ge soou como o golpe final para estremecer a relação entre os gabinetes de presidência.
A Sociedade Esportiva Palmeiras estuda as medidas legais cabíveis contra o diretor de futebol do São Paulo, Carlos Belmonte, flagrado xingando de forma xenófoba o técnico Abel Ferreira após o jogo de ontem, no Morumbis. Não há justificativa para as palavras baixas e… pic.twitter.com/IEKyqSY65M
— SE Palmeiras (@Palmeiras) March 4, 2024
O que Leila diz
Enquanto o Palmeiras cogita inclusive processar Carlos Belmonte, a presidente aumentou o tom de seu discurso. Leila Pereira chamou Julio Casares de histérico e declarou Carlos Belmonte persona non grata no Palmeiras e nos jogos do time como mandante. Ela estuda ainda de impedir legalmente a entrada de Belmonte nas partidas. A mandatária também afirmou que atitudes como a de Casares são populistas e não contribuem para haver paz no futebol. E que aguarda um pedido de desculpas do dirigente.
O que Casares diz
Em nota oficial, o presidente Julio Casares não só não pediu desculpas, como deu seu respaldo a Carlos Belmonte. O mandatário afirmou que o dirigente não é xenófobo e disse que a fala contra Abel Ferreira foi expressa “de cabeça quente após os erros de arbitragem na partida”. Ele ainda fez alusões a alguns episódios em que o treinador português desrespeitou a imprensa e também a uma confusão entre ele e Calleri. Casares também mencionou que o São Paulo sempre recebeu bem Leila Pereira no MorumBIS e que o mesmo não ocorre no Allianz Parque.
Clubes terão reencontro em breve
Com relações estremecidas, Palmeiras e São Paulo podem se reencontrar já nas fases decisivas do Campeonato Paulista, com um possível confronto nas semifinais do estadual. Mas os dois rivais já têm um Choque-Rei confirmado em breve. As duas equipes se enfrentam no fim de semana dos dias 27 e 28 de abril, em clássico marcado para o MorumBIS, pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro.