Brasil

Ednaldo marca território em retorno à CBF e age rápido para tentar definir Dorival como técnico da Seleção

Após liminar do STF reconduzi-lo à presidência da CBF, Ednaldo Rodrigues mira Dorival para assumir a Seleção

Uma liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes recolocou Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF após ter sido deposto do cargo por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. De volta ao poder da entidade, o mandatário foi logo avisando que uma de suas prioridades é definir a comissão técnica definitiva da seleção brasileira, hoje sob comando de Fernando Diniz. Nas poucas horas em que retornou à ativa, o dirigente já trabalha para concretizar este plano.

Após o vexame mundial com a renovação de contrato de Carlo Ancelotti com o Real Madrid frustrar o sonho de contratar o italiano, Ednaldo Rodrigues quer Dorival Júnior, hoje técnico do São Paulo, no comando da Seleção. Além disso, Filipe Luis, recém aposentado do futebol, também é cotado para um cargo na estrutura da seleção brasileira. O ex-lateral fez cursos da CBF Academy e tem desejo de se tornar treinador.

– (Os primeiros objetivos são) Inscrever a seleção brasileira no torneio pré-olímpico e resolver a questão do técnico e da comissão técnica definitiva da seleção principal – disse o presidente, em entrevista à Veja.

Ednaldo Roodrigues volta à presidência da CBF (Foto: Rafael Ribeiro / CBF)

De volta ao comando da CBF, Ednaldo Rodrigues chega “chegando” justamente para marcar território, depois da crise institucional que o tirou do poder. Ao mirar Dorival Júnior e Filipe Luis, o presidente dá também um recado aos opositores. Especialmente no cenário incerto atual. Antes da decisão em caráter liminar, a entidade se preparava para uma corrida eleitoral, já com pré-candidatos lançados.

É justamente este cenário nebuloso que pode pesar para a permanência de Dorival Júnior no São Paulo. Mas o técnico sempre deixou claro que o sonho é comandar a seleção brasileira. Inclusive, disse isso em mais de uma ocasião durante entrevistas coletivas em 2023.

Até agora, houve apenas um contato inicial de Ednaldo Rodrigues com Dorival Júnior e também com o presidente do São Paulo, Julio Casares. O mandatário do clube paulista manifestou a Ednaldo o desejo de que Dorival permaneça no Tricolor para 2024.

Entenda o retorno de Ednaldo à CBF

Nos últimos dias, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) entrou com uma ação no STF para pedir a anulação da decisão do TJ-RJ que demoveu Rodrigues do cargo. Gilmar Mendes, então, solicitou à PGR e à Advocacia-Geral da União uma posição sobre o tema. Os dois órgãos deram o mesmo parecer e se manifestou a favor de suspender a decisão que tirou o presidente do comando da CBF.

Com a decisão de Gilmar Mendes, Ednaldo Rodrigues voltará a ser o presidente da CBF. Desde a deposição do presidente, em 7 de dezembro, José Perdiz, presidente licenciado do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) era quem exercia o comando interino da entidade.

Na ação movida no STF, o PCdoB defende que a decisão do TJ-RJ de destituir Ednaldo Rodrigues configura uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI). O partido sustenta ainda que a nomeação de um gestor interino pode trazer sanções da Fifa e da Conmebol ao futebol brasileiro, com risco até de a seleção brasileira ficar fora do torneio pré-olímpico.

Como foi o afastamento

O Tribunal de Justiça decidiu destituir o mandatário do cargo por entender que um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre a CBF e o Ministério Público do Rio de Janeiro, em março de 2022, é ilegal. O documento, assinado pelo próprio Ednaldo Rodrigues, foi o que permitiu que fosse realizada a eleição que o colocou na presidência da entidade, com um mandato de quatro anos. Mas o imbróglio judiciário é bem mais antigo do que isso e começa em 2017. No plenário, a destituição foi aprovada por três votos a  zero. Os desembargadores Mauro Martins e Mafalda Luchese acompanharam o voto do relator Gabriel Zéfiro.

O processo judicial foi aberto em 2018, após o Ministério Público questionar uma Assembleia Geral da CBF que mudou as regras para as eleições na entidade, à época sob o comando de Marco Polo Del Nero. O MP contestou a mudança porque ela ocorreu sem a participação dos clubes na tomada de decisão.

Ednaldo Rodrigues foi afastado da presidência da CBF em 2023

Sob o novo regimento eleitoral, Rogério Caboclo foi eleito presidente da CBF para um mandato de quatro anos, desde abril de 2019 até abril de 2023. Em 2021, o ex-mandatário foi afastado do cargo por conta de denúncias de assédio sexual. A Justiça decidiu anular a eleição e nomeou o presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro, e o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, como interventores.

Esta decisão acabou sendo anulada pelo Tribunal meses mais tarde. Em agosto daquele ano, os vice-presidentes da CBF nomearam Ednaldo Rodrigues como presidente interino até a conclusão do mandato de Caboclo, em abril de 2023. Em do ano passado, o agora presidente deposto assinou um TAC com o Ministério Público do Rio de Janeiro para extinguir a ação na Justiça contra a CBF.

Foi graças a esse termo e às novas regras, que Ednaldo foi candidato único na eleição e acabou eleito presidente da CBF em 2022, para um mandato de quatro anos. A alegação do Tribunal de Justiça é que Ednaldo não poderia assinar o TAC na condição de interino, porque ele poderia se beneficiar do acordo.

Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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