Brasil

Rogério Caboclo é denunciado por assédio moral e sexual, em acusação feita por funcionária da CBF

Funcionária apresentou sua denúncia à Comissão de Ética da CBF, relatando diversos episódios de abuso

A seleção brasileira atravessa momentos bastante instáveis, com a insatisfação dos jogadores pela forma como a CBF conduziu a mudança de sede na Copa América e pela maneira como eles ficaram expostos à discussão política ao redor da competição. O entrave interno na equipe nacional, porém, é apenas uma das faces da crise que traga o presidente Rogério Caboclo. Nesta sexta, o dirigente foi denunciado por assédio moral e sexual, por uma funcionária da confederação. Segundo informação apurada por Gabriela Moreira e Martín Fernandez, do Globo Esporte, a acusação foi formalizada na Comissão de Ética da CBF e na Diretoria de Governança e Conformidade.

A funcionária relatou uma série de abusos sofridos na sede da CBF desde abril de 2020. A mulher pede a investigação e a punição de Caboclo, garantindo ter provas de todos os episódios. Tais denúncias também podem iniciar um processo na justiça estadual. Relatam Gabriela Moreira e Martin Fernandez: “Entre os fatos narrados pela funcionária estão constrangimentos sofridos por ela em viagens e reuniões com o presidente e na presença de diretores da CBF. Na denúncia, a funcionária detalha o dia em que o dirigente, após sucessivos comportamentos abusivos, perguntou se ela se ‘masturbava'. Entre outros episódios de extrema gravidade, segundo a funcionária, Caboclo tentou forçá-la a comer um biscoito de cachorro, chamando-a de ‘cadela'.”

A funcionária está vinculada à CBF há nove anos. Trabalhava inicialmente na recepção e depois passou a atuar no setor cerimonial. Nos últimos meses, por conta dos abusos, ela decidiu se licenciar. A mulher já tinha relatado os assédios a outros funcionários nas últimas semanas, numa atitude que ampliou o questionamento interno sobre Caboclo e que seria noticiado pela imprensa. Porém, ela ainda não tinha formalizado as denúncias, que podem provocar até mesmo o banimento do presidente da CBF, após a apuração do Comitê de Ética.

Segundo a funcionária, Caboclo costumava expô-la diante de outras pessoas na CBF, inclusive em reuniões com a presença de outros diretores. Ela ainda aponta que o presidente costumava estar sob efeito de álcool. Na denúncia, a mulher afirma que Caboclo pedia para esconder bebidas na sede da CBF para consumir durante o expediente. “Tenho passado por um momento muito difícil nos últimos dias. Inclusive com tratamento médico. De fato, hoje apresentei uma denúncia ao Comitê de Ética do Futebol Brasileiro e à Diretoria de Governança e Conformidade, para que medidas administrativas sejam tomadas”, contou a funcionária, ao GE.

As denúncias de assédio moral e sexual são a parte mais grave da crise na CBF e deveriam ser apuradas com urgência, inclusive pela polícia. Já nesta quinta-feira, durante entrevista do técnico Tite, veio à tona a insatisfação do elenco da Seleção com a condução da CBF em relação à Copa América.

Segundo Pedro Ivo Almeida, da ESPN, seis jogadores lideram o movimento, alinhado entre elenco e comissão técnica: Neymar, Casemiro, Thiago Silva, Alisson, Marquinhos e Danilo. A insatisfação se concentra na maneira como foram ignorados na tomada de decisões quanto à Copa América. Também se sentem expostos, diante do debate político ao redor. “A seleção se incomodou ao perceber que sediar o torneio tinha se tornado uma pauta política, uma vez que o presidente da CBF buscou apoio no Governo Federal para bater o martelo da troca de país. Internamente, tudo que Tite e atletas não queriam era se envolver com política e ver o fato de a seleção entrar em campo se tornando uma discussão que extrapolasse as quatro linhas”, escreve Pedro Ivo Almeida. A irritação é compartilhada por patrocinadores da CBF, que não foram informados previamente sobre a sede.

No jornal espanhol As, Fernando Kallás escreve que os jogadores da Seleção já decidiram que não vão jogar a Copa América. Os brasileiros estariam em contato com atletas das outras seleções, para organizar o movimento. Caboclo também teria ameaçado Juninho Paulista de demissão por “não controlar o motim”. Kallás também afirma que a reação foi de “espanto e indignação” com a descoberta de que a Copa América seria realizada no Brasil, já que a impressão interna era de que o torneio seria cancelado por causa da pandemia. “Os jogadores se sentiram traídos e usados pela direção da CBF, em especial pelo presidente Rogério Caboclo. Sentiram que ele havia os exposto a uma situação em que eles seriam vistos como insensíveis com a crise sanitária que o país vive, com quase 500 mil mortos, para jogar uma competição que parece totalmente desnecessária”, relata o As.

Diretor de seleções, Juninho Paulista se posicionou ao lado dos jogadores. O mesmo fez o técnico Tite e o restante da comissão. Segundo Bruno Marinho, no jornal O Globo, existe a possibilidade de que o treinador peça demissão após o jogo contra o Paraguai pelas Eliminatórias, na próxima terça.

Foto de Equipe Trivela

Equipe Trivela

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