Brasil

Dinizismo já é sucesso entre jogadores e tem missão de evoluir e engrenar na Seleção

Metologia de Fernando Diniz cai no gosto do elenco, e técnico tenta fazer Seleção evoluir contar Venezuela e Uruguai

Fernando Diniz desembarcou em Cuiabá no último domingo (8) para comandar a Seleção nesta Data Fifa sob a exigência que ele próprio criou para o seu trabalho nos jogos contra Venezuela e Uruguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. O técnico tem a missão de repetir o sucesso de sua estreia no cargo, com duas vitórias consecutivas e 100% de aproveitamento diante de Bolivia (5 a 1) e Peru (1 a 0).

Mas o sucesso que Diniz pretende repetir não tem (apenas) a ver com a necessidade de repetir os resultados da última Data Fifa, em setembro. O treinador viu os jogadores comprarem suas ideias a ponto de causar espanto a Neymar e virar unanimidade no elenco por sua metodologia de treinamentos. Após dois jogos e apenas cinco sessões de treinos, o “Dinizismo” já mostrou as caras na Seleção, e o técnico quer mostrar também evolução dentro de campo.

– Estou muito motivado por voltar aqui. É sempre uma honra, uma grande alegria poder estar contribuindo com a Seleção Brasileira. A gente vai procurar estreitar ainda mais as nossas relações. Obviamente que já tivemos algum ganho tático no período anterior e agora é dar sequência. A gente vai caminhar e estreitar a relação que é uma coisa sem fim – disse Diniz na chegada a Cuiabá.

Dinizismo faz sucesso com elenco

A primeira missão de Diniz será no gramado da Arena Pantanal. Mas ela começa muito antes do duelo com a Venezuela, na próxima quinta-feira (12). Mais exatamente nesta terça-feira (10), quando o treinador comanda o primeiro trabalho em campo com todo o elenco à disposição. Neymar desembarcou na noite desta segunda-feira (9), e Marquinhos chega pela manhã.

No gramado, Diniz terá vida mais “fácil” – mas não menos exigente – com jogadores que defendem seu trabalho e compraram sua ideia de imediato. Especialmente, com uma filosofia de jogo e metodologia de trabalhos tão única, que causou espanto a jogadores experientes como NeymarDanilo e Casemiro.

Será prato cheio para o técnico fazer a equipe evoluir e jogar ainda mais sob o seu estilo nas duas partidas que vêm pela frente. O ponto positivo é que a Seleção já tem a cara de Diniz, a ponto de bater um recorde de 80% de posse de bola na goleada sobre a Bolívia.

O ponto alto do trabalho de Diniz na Seleção é Neymar. O atacante atua com total liberdade de movimentação. Percorre todo o campo e vira até “zagueiro” em alguns momentos. Diniz o tem como grande protagonista do time e quer que o camisa 10 seja o fio condutor das jogadas da equipe. A lógica é simples: quanto mais um jogador diferenciado tiver a bola, melhor para a equipe.

“O Diniz faz um trabalho completamente diferente de tudo o que eu presenciei. É um outro tipo de futebol. Tem mentalidade muito diferente. A maioria dos treinadores faziam quase as mesmas coisas. O Diniz, não”. (Neymar)

Vini Jr amplia leque para contornar problema

Após o corte dos jogos contra Bolívia e Peru, Fernando Diniz enfim poderá contar com Vinicius Júnior à disposição. O atacante é um dos pilares da equipe do treinador e chega para tentar solucionar um problema que a Seleção mostrou especialmente no jogo contra o Peru. Em Lima, o Brasil teve dificuldades para criar espaços e gerar perigo a uma equipe que soube se defender muito bem com linhas bem recuadas. Tanto, que o gol saiu apenas em cobrança de escanteio (ensaiada), com passe de Neymar e finalização de Marquinhos.

Por vezes, a equipe optou por acelerar muito o jogo, algo que o próprio Diniz diagnosticou um “erro” da equipe dentro de sua filosofia na partida contra o Peru. Uma falha contemporizada pelo técnico, que lembrou que o Brasil ainda está acostumado com o estilo de jogo de Tite.

Na avaliação do treinador, a Seleção por vezes acelerou as jogadas antes da hora para tentar furar o bloqueio da defesa peruana. Algo bastante mecanizado no trabalho anterior e que Diniz garante querer potencializar. Mas o técnico também entende que a equipe poderia rodar mais a bola com agressividade para encontrar espaços antes de acelerar o ataque. É justamente nesta agressividade para atacar espaços, que Vini Jr. pode ser útil.

– Eu acho que a gente estava acelerando muito. A gente errou boa parte dos passes por tentar verticalizar demais, porque é a característica do time. Eu não quero tirar isso. Quero potencializar. Mas às vezes, é preciso ter um pouco mais de uma paciência agressiva. Aproveitar as características de jogadores hábeis – disse Diniz após a vitória sobre o Peru.

Indefinição no ataque e na lateral esquerda

Diniz convive com desfalques desde que assumiu a Seleção. Foram três na primeira Data Fifa e mais quatro para os jogos contra Venezuela e Uruguai. Os cortes e as novas convocações abriram uma lacuna em especial na lateral esquerda, em que o treinador perdeu o titular Renan Lodi e o reserva imediato Caio Henrique. O técnico convocou Guilherme Arana e Carlos Augusto, que passam a disputar a titularidade da posição.

Outra grande indefinição recai sobre a figura do centroavante da equipe. Diniz optou por Richarlison nos dois jogos, mas muito por conta da condição física de Gabriel Jesus, que mal havia jogado na temporada. O treinador conta muito com o centroavante do Arsenal, que deve ganhar chance no time titular.

Os convocados por Fernando Diniz:

  • Goleiros: Alisson (Liverpool), Ederson (Manchester City) e Lucas Perri (Botafogo);
  • Laterais: Danilo (Juventus), Yan Couto (Girona), Guilherme Arana (Atlético-MG) e Carlos Augusto (Inter de Milão);
  • Zagueiros: Bremer (Juventus), Marquinhos (PSG), Gabriel Magalhães (Arsenal) e Nino (Fluminense);
  • Meio-campistas: André (Fluminense), Casemiro (Manchester United), Bruno Guimarães (Newcastle), Gerson (Flamengo) e Raphael Veiga (Palmeiras);
  • Atacantes: Neymar (Al-Hilal), Rodrygo (Real Madrid), Vinicius Junior (Real Madrid), Gabriel Jesus (Arsenal), Richarlison (Tottenham), David Neres (Benfica) e Matheus Cunha (Wolverhampton).

Quando joga a Seleção

A Seleção enfrenta a Venezuela em 12 de outubro, às 21h30 (horário de Brasília), na Arena Pantanal, em Cuiabá, pela terceira rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Depois, no dia 17, o adversário será o Uruguai, no Estádio Centenário, em Montevidéu. O Brasil lidera as Eliminatórias com seis pontos e 100% de aproveitamento nos dois primeiros jogos.

Foto de Eduardo Deconto

Eduardo Deconto

Eduardo Deconto nasceu em Porto Alegre (RS) e se formou em Jornalismo na PUCRS. Antes de escrever para a Trivela, passou por ge.globo e RBS TV.
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