Brasil

O Dinizismo chegou! Diniz estreia na Seleção com recorde de posse de bola

A passos lentos, Fernando Diniz chega à beira do campo pela primeira vez como técnico da Seleção e se agacha para um momento contemplativo de alguns poucos segundos. O que ele pediu, ou pensou naquele momento, só ele para dizer. Agora, que todas suas preces foram atendidas nos 90 minutos seguintes, isso é uma certeza. Em sua estreia, o Brasil fez muito mais do que golear a Bolívia por 5 a 1, nesta sexta-feira (8), no Mangueirão, pela primeira rodada das Eliminatórias. A equipe foi um retrato fiel de seu treinador.

Foi contra um rival frágil, é verdade. Mas a Seleção fez o que dela se esperava. E fez da maneira que o técnico esperava e pretendia. O Dinizimo chegou, e um dado da partida é prova viva disso. O Brasil bateu seu recorde de posse de bola em um jogo, de acordo com a plataforma de estatísticas Sofascore. Foram astronômicos 80% de posse ao longo dos 90 minutos. O orgulho de Diniz estava estampado em seu rosto durante a entrevista coletiva.

“Representa para mim. Todo mundo sabe que eu tenho um apreço muito grande de ficar com a bola. Mais do que isso, ser agressivo, criativo e criar muita chance de gol. Foi o cenário ideal de ter uma posse de bola eficiente. É o que a gente pretende fazer. É o início apenas”. (Fernando Diniz)

Um início que anima dentro da medida certa, com todas as ressalvas feitas. Mas como muito bem disse o treinador na entrevista coletiva: os pontos positivos são maiores do que qualquer ressalva possível. Ao longo de 90 minutos, a Seleção empilhou 21 finalizações, das quais 11 na direção do gol. Trocou 614 passes, com 94% de índice de acerto. Colocou em prática o Dinizismo, mesmo após apenas três treinos com o treinador.

– Eu acho que é simbólico e muito importante o que aconteceu hoje. Vitória com cinco gols, volume, troca de passes. Até pela estatística da posse de bola – disse Diniz.

Neymar livre faz história

Para além das estatísticas, Diniz costuma dizer que seu jogo é “aposicional”, e isso ficou evidente na figura de seu principal jogador. Na noite em que ultrapassou Pelé e se isolou como maior artilheiro da história da Seleção nas contas da Fifa, com 79 gols, Neymar esteve mais livre do que nunca pela Seleção. Fruto do trabalho do treinador e de seus treinos “completamente diferentes”, nas palavras do próprio Neymar.

Em uma das atividades, Diniz fez o craque ir até a linha de fundo marcar os goleiros na saída de bola. Depois, ele recuava para iniciar as jogadas. E isso se reproduziu em campo. O camisa 10 atuou com liberdade por todo o campo. Costumava “descer” para iniciar as jogadas como um volante. Ia aonde queria. Marcou dois gols, deu uma assistência e só não fez um golaço antológico porque parou no goleiro rival.

– Ele precisa estar com esse espírito. A gente não sabia o que o Neymar ia fazer aqui. Foi isso, se divertir, fazer dois gols, recorde. Mostrar que está super a fim. É um ídolo muito gigante, você pelo público. Não adianta. As pessoas têm que saber reconhecer. O Neymar não faz nada para ter essa adoração. É natural. Ele vai ter um caminho brilhante na Seleção – disse Diniz.

Mas a liberdade não foi exclusiva a quem é o protagonista da Seleção. Casemiro, muitas vezes “preso” à função de primeiro volante, chegou sempre à área. Até mesmo os zagueiros, especialmente Marquinhos, eram autorizados a se somar ao ataque.

– Eu não sou um treinador muito preso à posição que o jogador joga. Eu dou muita liberdade para perceber o que acontece no jogo e faço mudanças adequadas. Neymar ora estava de segundo volante, ora estava aberto. Casemiro jogando dentro da área grande adversária. Essa mobilidade é característica do meu trabalho – ressalta Diniz.

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Técnico cumpre principal objetivo

Após o jogo, Diniz fez questão de ir até o centro do gramado. Cumprimentou um a um os jogadores, teve uma resenha especial com Neymar e saudou uma torcida que se divertiu – e muito – com a goleada. O técnico que chegou com a missão de resgatar a alegria do torcedor com a Seleção cumpriu seu primeiro objetivo.

– A coisa mais bonita do jogo é essa conexão, essa química. Espero que tenha cada vez mais essa conexão. Espero que o torcedor goste de ir ao jogo e de assistir.

Com a vitória, a Seleção lidera as Eliminatórias, devido ao saldo de gols. O Brasil volta a campo na próxima terça-feira (12), às 21h30 (horário de Brasília), quando enfrenta a seleção peruana em Lima, pela segunda rodada.

Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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