Brasil

Como Diniz trabalha para implementar Dinizismo e resgatar alegria com a Seleção

Dar alegria ao povo é mantra de Diniz em início de trabalho pela Seleção, que começa nesta sexta, contra a Bolívia

As palavras de ordem vinham aos montes. Uma sinfonia de “Intensidade”, “olho na linha”, “velocidade”, “pressão” gritados pelas vozes da comissão técnica. Os jogadores trabalhavam em movimentos orquestrados, divididos em três grupos – um em cada parte do campo. Tudo ao mesmo tempo e em ritmo frenético. Uma “obra” que é retrato fiel de seu criador, Fernando Diniz.

A cena descrita nas linhas acima é dos 30 minutos de treino da Seleção que a imprensa pôde presenciar no Mangueirão durante a tarde da última quarta-feira (6). Serve de amostra de como o treinador trabalha intensamente para implementar o “Dinizismo” na seleção brasileira.

“No campo, Diniz se transforma” foi a frase ouvida pela reportagem da Trivela de uma pessoa próxima de Diniz. Transformação maior, ou ao menos mais ambiciosa, é a que o treinador pretende fazer no ano de contrato que tem como técnico do Brasil. O técnico quer resgatar a alegria que torcedor tem – ou costumava ter – de assistir aos jogos da Seleção. Tanto que dois jogadores diferentes em duas entrevistas coletivas diferentes falaram a mesma coisa.

– Sempre foi uma marca nossa. É nossa missão resgatar essa identificação com todo o povo. O Diniz falou hoje que a gente tem que fazer o torcedor dizer: vou ligar a TV porque hoje joga o Brasil. É um pouco a nossa missão. Resgatar essa identificação com o povo – disse Danilo, na entrevista coletiva da última terça-feira.

– É uma das coisas que o Diniz vem pedindo para nós. Que o brasileiro volte a ter paixão de querer assistir à seleção brasileira. Ele vem pedindo muito para nós – praticamente repetiu Casemiro no dia seguinte.

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O início do “Dinizismo” na Seleção

O primeiro ato do “Dinizismo” na Seleção será nesta sexta-feira (8), às 21h30 (horário de Brasília), contra a Bolívia, no Mangueirão. E o treinador já sabe bem o que ele quer já para a estreia. A ordem é que o Brasil entre “mordendo” o adversário, com marcação alta e muita intensidade para sufocar a defesa. O técnico inclusive ensaiou este movimento durante o treino da terça-feira, assim como a saída por baixo com o goleiro.

O grande desafio neste início será fazer um grupo de jogadores acostumado por muitos anos com um jogo posicional se adaptar ao seu estilo “aposicional”. Uma “bagunça organizada”, em que os atletas têm liberdade de movimentação. Com apenas três treinos antes da estreia, os dois “lados” optam por ceder neste momento. Diniz sabe que precisa se adaptar um pouco aos jogadores. E vice-versa.

– É difícil. Pouco tempo para implementar ideia de jogo tão diferente quanto era o habitual. É um jogo pouco posicional, que é o que estávamos acostumados na Seleção e nos clubes. A primeira coisa é disponibilidade, o mais importante é ter disponibilidade para absorver as ideias. Disponibilidade do Diniz para entender que não é algo que se assimila do dia para noite, precisa do tempo de adaptação – afirmou Danilo.

Como o trabalho em campo tem minutos contados – e olha que as atividades ultrapassam as duas horas de duração –, Diniz otimiza o tempo do jeito que pode. Puxa atletas para conversar e passar conceitos e orientações e usa bastante os vídeos no dia a a dia.

– A forma de jogar dele é assim. Claro que conversou comigo. É a forma dele jogar. Já tem claro. Ainda mais, o trabalho dele no São Paulo. No Fluminense. Sempre foi isso. Ter essa variedade. A gente conversou, sim, estamos treinando isso também – disse Casemiro.

“A gente tem que pensar no hoje. Amanhã, ninguém sabe o que vai acontecer. Hoje, é o Diniz. Tem o respaldo de todos os jogadores. Não vamos criar uma base, uma dinâmica, pensando que vai chegar amanhã outra pessoa. Não tem esse papo de interino. Depois, não sei nem se eu vou estar aqui” (Danilo)

Diniz conquista grupo pelo lado humano

Formado em Psicologia, Fernando Diniz começou a conquistar o grupo logo em seu primeiro discurso aos jogadores. Em uma reunião com a presença do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, o técnico afirmou a todos os atletas presentes que a sua prioridade seria firmar vínculos para que os jogadores se sintam à vontade. O técnico quer preservar o lado humano para que todos possam levar a alegria para dentro de campo.

– A base e o futebol, o conceito do futebol é a alegria. A alegria que nós temos dentro do campo. É uma coisa e uma das coisas mais legais que ele está falando para nós – ressalta Casemiro.

Os convocados por Fernando Diniz:

  • Goleiros: Alisson (Liverpool), Lucas Perri (Botafogo) e Ederson (Manchester City);
  • Laterais: Danilo (Juventus), Vanderson (Monaco), Caio Henrique (Monaco) e Renan Lodi (Marselha);
  • Zagueiros: Ibañez (Al-Ahli), Gabriel Magalhães (Arsenal), Marquinhos (PSG) e Nino (Fluminense);
  • Meio-campistas: André (Fluminense), Bruno Guimarães (Newcastle), Casemiro (Manchester United), Joelinton (Newcastle) e Raphael Veiga (Palmeiras);
  • Atacantes: Gabriel Jesus (Arsenal), Gabriel Martinelli (Arsenal), Matheus Cunha (Wolverhampton), Neymar (Al-Hilal), Richarlison (Tottenham), Rodrygo (Real Madrid) e Raphinha (Barcelona).

A estreia de Diniz na Seleção

Fernando Diniz estreia como técnico da Seleção no duelo com a Bolívia, no próximo dia 8, às 21h45 (horário de Brasília), no Mangueirão, pela primeira rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Depois, no dia 12, às 23h (horário de Brasília), o Brasil enfrenta o Peru, no Estádio Nacional, em Lima.

Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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