Três regras e uma exceção: entenda a postura do Corinthians no mercado
Timão quer perfil cauteloso na janela de transferências, mas possui porém que pode mudar o cenário das contratações
O Corinthians quer manter o elenco que terminou a temporada de 2024, mas admite internamente que alguns reforços pontuais devem ser garimpados no mercado visando a temporada de 2025.
Porém, a condução do departamento de futebol corintiano passa por uma espécie de “cartilha” com regras básicas, possuindo apenas uma exceção, que corresponde à vontade do presidente Augusto Melo.
O executivo de futebol Fabinho Soldado é o responsável pelo planejamento corintiano no quesito esportivo. O dirigente trabalha ativamente em parceria com o departamento de análise de mercado.
Responsável pelo setor, Renan Bloise assumiu a função no início do segundo semestre de 2024. Ele já havia trabalhado com Fabinho no Flamengo.
Nas últimas semanas, o Timão reforçou o time de analistas com a contratação de Lucas Pareto. O profissional já havia trabalhado com Soldado e Bloise na equipe carioca.
Confira abaixo os três mandamentos e a exceção do Corinthians no mercado visando a montagem do elenco que iniciará a próxima temporada.
Renovações antes de contratações
No intuito de manter a espinha dorsal da equipe alvinegra que terminou o ano de 2024, Fabinho Soldado concentrou os esforços inicialmente em estender alguns vínculos próximos do encerramento.
A iniciativa foi bem-sucedida com dois jogadores: André Carrillo e Ángel Romero.
O primeiro, já teve até mesmo a renovação até o fim de 2026 divulgada oficialmente pelo Timão. Já o segundo, chegou a um acordo nos últimos dias e a tendência é que a oficialização ocorra antes da virada do ano.
Outros dois atletas estão próximos de terem a renovação acertada: Maycon e Talles Magno.
O volante, que passou praticamente toda a temporada afastado por grave lesão no joelho, tem o desejo de ficar mais uma temporada no Corinthians. A equipe alvinegra também deseja a manutenção do jogador, que agrada ao técnico Ramón Díaz.
Com as duas partes alinhadas, resta somente o aceite do Shakhtar Donetsk, time ucraniano que possui os direitos do meio-campista.
Já em relação ao atacante, as conversas estão bem adiantadas com o Grupo City. O contrato atual vai até o meio de 2025 e a ideia é que a extensão ocorra por mais seis meses, terminando no fim da próxima temporada.
O zagueiro Caetano e o meia Matheus Araújo não aceitaram as propostas de renovação apresentadas pelo Corinthians e deixarão o clube. A dupla tem contrato até o dia 31 de dezembro.
O atacante Giovane é outro que não aceitou a oferta de extensão do vínculo. Porém, o jogador tem contrato até junho de 2025 e até lá seguirá como atleta corintiano, ainda que sem ser convocado para as partidas.
O meia Ruan Oliveira é outro com vínculo até o fim de 2024 e não permanecerá no Corinthians. Neste caso, não houve interesse do clube em manter o jogador, que está em fase final de recuperação da terceira cirurgia no joelho.
Mão fechada vai demandar criatividade do Corinthians no mercado
O desejo do Corinthians é não realizar grandes investimentos durante o período de mercado.
A prioridade é que as posições que apresentem carências sejam supridas com reforços pontuais e que chegue ao clube alvinegro sem custos.
A ideia é buscar jogadores livres no mercado, em fim de contrato, com possibilidade de rescisão amigável, ou por empréstimo.
Não é descartado que investimentos sejam feitos, mas se isso ocorrer a ideia é que sejam com baixos valores e em situações consideradas oportunidades.
Uma estratégia que Fabinho Soldado costuma usar é se aliar aos empresários dos atletas desejados para buscar o melhor perfil de negociação possível, minimizando os custos ao máximo.
O Corinthians não tem fluxo de caixa e passa por um regime de centralização de execuções para pagar dívidas, evitando bloqueios de contas e penhora de bens.
Qualquer movimento no mercado que aponte extravagâncias financeiras pode prejudicar o clube neste processo de organização financeira.
Corinthians não vai entrar em bola dividida no mercado
O Corinthians não pretende disputar jogadores durante a janela de transferências.
Para Fabinho Soldado, esse tipo de situação desgasta muito os clubes envolvidos no mercado e inflaciona a operação.
O Timão já passou por duas situações desta nas últimas semanas, com o lateral-esquerdo Wendell e o atacante Santiago Rodríguez.
Wendell está encaminhado com o São Paulo e chegou a ser oferecido ao Timão, que até ficou animado com a possibilidade de contar com o jogador, mas recuou quando viu outras equipes brasileiras no páreo. Além do Tricolor, Cruzeiro e Grêmio também monitoravam a situação.
Já em relação à Rodríguez, além do alto valor pedido pelo Grupo City, a informação de que outros times do Brasil, como novamente o Cruzeiro, estavam de olho no jogador fez com que o Corinthians tirasse o pé para uma possível investida.
Estrela midiática é exceção às regras de Fabinho
Ainda que o Corinthians aposte em um mercado mais discreto e pouco gastão neste fim de 2024 e 2025, há uma exceção: a contratação de uma estrela midiática.
E isso não passa por Fabinho Soldado, mas pelo presidente Augusto Melo que após ter contratado o neerlandês Memphis Depay sonha com a contratação de um reforço de renome internacional por temporada.
O desejo faz parte de um projeto de exposição da marca Corinthians em âmbito mundial.
Na operação por Memphis, por exemplo, houve pouco envolvimento do departamento de futebol.
Ainda assim, qualquer negociação precisará do aval, pelo menos, da comissão técnica antes de ser concretizada.
Alguns nomes já circularam no radar corintiano, o mais recente foi do meia francês Paul Pogba, que cumpre punição por doping até março de 2025. Houve conversas para amadurecer a possibilidade do jogador vestir a camisa corintiana, mas a tendência é que a situação não avance.
O Corinthians também chegou a negociar com o zagueiro espanhol Sergio Ramos, mas não firmou o acordo.
Qualquer contratação do tipo, porém, só acontecerá por meio de viabilização de parcerias financeiras sem desrespeitar as estratégias de regularização das contas corintianas, lideradas pelos departamentos financeiro e jurídico do clube.