Copa do Brasil

Flamengo x Atlético-MG: cinco partidas que explicam a rivalidade

Cariocas e mineiros têm um longo histórico do confrontos importantes, recheados de gols, craques e polêmicas

Flamengo e Atlético Mineiro protagonizam a maior rivalidade interestadual do Brasil. Não é um exagero cravar, diante dos jogos importantes, recheados de craques, reviravoltas e, claro, muitas polêmicas. Um novo capítulo será escrito a partir deste domingo (03), na final da Copa do Brasil. 

Pensando na decisão, a Trivela separou cinco duelos que transcendem o tempo e podem explicar essa rivalidade tão marcante no futebol brasileiro. Para quem quiser conhecer ainda mais sobre o clássico, a reportagem também cita outros cinco confrontos como menções honrosas.

Final do Brasileirão de 1980

Não foi o primeiro entre as equipes, claro, mas, sem dúvida, é o primeiro a marcar o coração das duas torcidas. Com times excelentes e grandes craques dos dois lados, Flamengo e Atlético Mineiro decidiram o Brasileirão de 1980 com jogos eletrizantes.

No Mineirão, deu Galo: 1 a 0 com gol de Reinaldo, que também marcaria os dois dos mineiros no Maracanã. O Atlético não contava era com a virada rubro-negra, impulsionada por Zico e Nunes, que fez o tento que daria o primeiro título brasileiro ao Flamengo e ganharia o apelido de Artilheiro das Decisões.

É importante frisar que o empate no agregado dava o título aos rubro-negros, por conta do regulamento da competição.

Nunes marcou o gol do título brasileiro do Flamengo em 1980 (Foto: Acervo O Globo)

A fatídica Libertadores de 1981: roubo?

Já chegamos no jogo mais marcante da rivalidade entre Flamengo e Atlético-MG. Campeão e vice do Brasileirão do ano anterior, os times garantiram vaga na Libertadores de 1981 e chegaram como favoritos ao título. Pelo regulamento, contudo, se enfrentaram logo na fase de grupos e só um avançaria à semifinal.

O equilíbrio apareceu dentro de campo: dois empates por 2 a 2, um no Mineirão e outro no Maracanã. Com campanhas idênticas, Flamengo e Atlético precisaram de um jogo desempate para decidir quem avançaria, a ser disputado em campo neutro. O Serra Dourada, em Goiânia, foi o escolhido.

Apesar de dois grandes times estarem em campo, a arbitragem de José Roberto Wright, escolhido previamente pelas duas equipes, foi protagonista. O jogo durou apenas 37 minutos, graças ao pavio curto do árbitro, que expulsou cinco jogadores do Atlético e deu a vitória aos rubro-negros, por falta de atletas do adversário.

Os mineiros reclamam até hoje da partida, taxada como um dos maiores roubos do futebol brasileiro. Até porque o Flamengo avançou e se sagrou campeão posteriormente, batendo o Cobreloa, do Chile, na decisão.

— Até mesmo os flamenguistas que presenciaram a ladroagem na final do Brasileirão de 1980 no Maracanã e no histórico jogo pela Libertadores de 1981, no Serra Dourada, têm vergonha dos fatos — disse Sérgio Coelho, atual presidente do Atlético-MG.

Semifinal do Brasileirão de 1987

Tal edição da liga nacional é recheada de polêmicas, mas contou com uma eliminatória de arrepiar entre Atlético Mineiro e Flamengo. O Galo era comandado por Telê Santana e tinha nomes importantes, enquanto o Rubro-Negro era uma autêntica seleção, com Zico, Bebeto e Renato Gaúcho no comando de ataque.

Pesou para o lado estrelado do Flamengo, que viu Bebeto dar a vantagem aos cariocas num Maracanã repleto. O jogo da volta, que também teve um Mineirão absolutamente abarrotado, foi bem mais tenso.

Os rubro-negros largaram em vantagem com gols de Zico — os mineiros reclamaram de falta na origem da jogada — e Bebeto. A expulsão de Paulo Roberto Prestes só mostrou como o Galo de Telê estava nervoso com a partida, acompanhado pela torcida presente no Mineirão, que invadiu o campo mais de uma vez.

Veio o segundo tempo, e o Galo retomou forças para empatar com Chiquinho, de pênalti, e Sérgio Araújo, em bela jogada individual. Mais um gol mudaria a história do confronto, mas ele não veio para o Galo. Pelo contrário: Renato Gaúcho arrancou, driblou o goleiro e silenciou os atleticanos com um golaço.

Renato Gaúcho comemora seu gol contra o Atlético Mineiro (Foto: Reprodução)

A maior goleada da história do clássico

Um jogo que poderia ser facilmente esquecido se não fosse por dois fatores. O primeiro já está no título: o Galo aplicou incríveis 6 a 1 no Flamengo, em duelo válido pela 41ª rodada do Brasileirão de 2004, no Mineirão. É o placar mais elástico do confronto até hoje.

O placar está marcado na história do clássico (Foto: Reprodução)

O outro fator é que o jogo significava muito para ambas as equipes, que lutavam contra o rebaixamento naquela edição da liga nacional. Curiosamente, ninguém chorou no fim, já que Galo e Flamengo conseguiram a permanência na Série A, terminando em 19º e 17º, respectivamente.

Virada histórica com o “Eu Acredito”

Chegamos ao último jogo selecionado pela reportagem. Uma virada histórica do Atlético Mineiro, em um dos melhores momentos da história do clube. Depois de vencer a Libertadores em 2013, o Galo tentava o título da Copa do Brasil em 2014 e já vinha de virada sensacional sobre o Corinthians, nas quartas de final.

O adversário na semifinal seria o Flamengo, que conseguiu vantagem de 2 a 0 na ida, no Maracanã, e ainda abriu o placar na volta, silenciando o Mineirão. O Galo precisaria de quatro gols para se classificar. No melhor estilo “Quem acredita sempre alcança”, os mineiros protagonizaram uma atuação muito especial.

Carlos empatou ainda no primeiro tempo, Maicosuel aumentou as esperanças, Dátolo — melhor em campo — fez o 3 a 1 e Luan, o Menino Maluquinho do Galo, sentenciou a vaga na decisão. Uma virada épica e histórica, com gostinho ainda mais especial por ser contra o Flamengo.

Luan comemora o gol que deu a classificação ao Galo (Foto: Cristiane Mattos/IconSport)

Mais importante ainda: o Galo foi campeão daquela edição, ao vencer o arquirrival Cruzeiro na decisão. 

Menções honrosas

Foi difícil separar só cinco, então a Trivela buscou outros cinco confrontos que ficaram de fora da lista oficial por pouco. Os motivos são bem diferentes, mas a rivalidade permaneceu a mesma.

  • Um ano antes de disputarem a final do Brasileirão, em 1979, Flamengo e Atlético Mineiro se reuniram para um amistoso no Maracanã. O fator curioso daquela partida é a presença de Pelé, que foi convidado e vestiu a camisa rubro-negra naquele fatídico dia. Os cariocas venceram por 5 a 1;
  • Em novo duelo no mata-mata do Brasileirão, o Atlético Mineiro levou a melhor. As equipes se encontraram nas oitavas de final da edição 1986, e o Galo eliminou o Flamengo ao vencer por 1 a 0 no Mineirão, depois de um empate por 1 a 1 no Maracanã. Nunes, carrasco dos mineiros em 1980, vestia a camisa alvinegra;
  • Em 2009, Atlético Mineiro e Flamengo se enfrentavam em confronto direto pela liderança do Brasileirão. Um Mineirão lotado balançava, mas ficou em silêncio com rapidez. Petkovic e Maldonado marcaram ainda no primeiro tempo para os rubro-negros. O gol de Ricardinho ensaiou a recuperação, mas Adriano Imperador deu números finais ao jogo. Resultado fundamental para os cariocas, que seriam campeões na última rodada;
  • A última decisão entre Atlético Mineiro e Flamengo aconteceu há quase três anos, válida pela Supercopa do Brasil. As polêmicas já apareciam antes da bola rolar, já que o Galo foi campeão do Brasileirão e da Copa do Brasil, ou seja, não via necessidade de jogo. O duelo aconteceu e foi eletrizante, terminando em 2 a 2 no tempo normal. A interminável disputada de pênaltis teve um desfecho por 8 a 7, com o goleiro Everson sendo o herói do título atleticano;
  • Meses depois, Flamengo e Atlético Mineiro voltariam a se encontrar, dessa vez nas oitavas de final da Copa do Brasil. Dorival Júnior tinha acabado de assumir o Rubro-Negro, que ainda tentava se encontrar e perdeu para o Galo na ida por 2 a 1. Quem chamou a responsabilidade foi Gabigol, logo após a derrota, dizendo que os mineiros conheceriam o inferno no Maracanã. Dito e feito: show da torcida e vitória por 2 a 0, com dois gols de Arrascaeta, que deu gás ao clube rumo ao tetracampeonato do mata-mata nacional.
Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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