Com desobediência e herança de Cássio, Hugo Souza encerra discussão no Corinthians
Goleiro vence desconfiança e é fundamental para a classificação corintiana às quartas de final da Copa do Brasil
Se as atuações de Hugo Souza já vinham impressionando desde a chegada dele ao Corinthians, o desempenho do goleiro na classificação às quartas de final da Copa do Brasil contra o Grêmio não deixou dúvidas que caberá a ele manter o legado de Cássio como titular da meta corintiana.
Mas nem sempre Neneca foi essa certeza toda, pelo contrário. Na sua chegada ao Timão, há pouco menos de um mês, o debate era se ele já assumiria a condição de titular ou esperaria Matheus Donelli, que ganhava sequência.
Quem, no entanto, nunca teve dúvidas neste “embate” foi o técnico Ramón Díaz. Jogou a favor do profissional chegar no início desta disputa interna, já que foi contratado pelo Timão na mesma época em que Hugo Souza.
Coube, portanto, ao treinador dar a Hugo a responsabilidade de seguir a trajetória de goleiros no clube alvinegro, deixada, nada mais, nada menos, por Cássio, considerado por muito o maior ídolo corintiano, e que deixou a equipe em maio deste ano.
Desobediência que rendeu classificação ao Corinthians
Para começar a manter o legado de Cássio, Hugo precisava defender um pênalti. Afinal, o Gigante é o maior pegador de penalidades da história corintiana, com 32 defesas.
E foi isso que aconteceu. Coube a Neneca parar o meia Cristaldo na terceira cobrança do Tricolor gaúcho na disputa que aconteceu nesta quarta-feira (7), no estádio Couto Pereira.
No entanto, Hugo precisou ser desobediente para fazer a defesa.
Mesmo tendo passado a tarde da quarta-feira (7) estudando as estatísticas de cobradores do clube gaúcho, acompanhado do preparador de goleiros Marcelo Carpes, o arqueiro corintiano pulou para o lado esquerdo ao defender a cobrança de Cristaldo, enquanto o programado era cair para o canto direito.
Seguir o instinto, no entanto, valeu a pena não só para ele, mas ao Corinthians como um todo.
Legado de Cássio vai além dos pênaltis e defesas
Hugo Souza tem um importante papel de liderança desde que chegou ao Corinthians, o que é reconhecido pelos próprios companheiros do atleta no elenco.
– Hugo fez a defesa, que merece muito, trabalha muito, trouxe uma energia legal para o grupo. Não é por acaso que as coisas estão acontecendo para ele, trabalha muito para isso acontecer e todos estão felizes por ele – opinou o atacante Pedro Henrique também na zona mista do Couto Pereira.
Mesmo aos 25 anos, o goleiro tem uma trajetória importante no futebol. Surgiu de forma meteórica no Flamengo em 2020, mas foi justamente após uma falha pelo clube carioca em um jogo de mata-mata na Copa do Brasil daquele ano que tudo desandou.
Em um lance no duelo de ida das quartas de final, contra o São Paulo, no Maracanã, Hugo foi sair jogando com os pés, mas perdeu a bola para Brenner, então jogador são-paulino, que marcou com gol aberto.
Depois disso, o goleiro perdeu espaço no Rubro-Negro, oscilando entre a titularidade e o banco de reservas, até perder de vez o seu espaço na Gávea e ser emprestado ao Chaves, de Portugal.
Pela equipe portuguesa se destacou, até por conta da habilidade em cobranças de pênalti, onde defendeu três pênaltis em uma partida contra o Benfica, sendo um deles cobrado pelo astro argentino Ángel Di Maria.
Ainda assim, não permaneceu na Europa e ao fim do primeiro semestre voltou ao Brasil para jogar no Corinthians.
No Parque São Jorge, Hugo Souza tem sido uma espécie de paizão, sobretudo para os atletas mais jovens.
E mesmo sabendo que há a sombra de Cássio, quer escrever a sua história pelo clube alvinegro, sempre, é claro, respeitando o ídolo.
– Tem que respeitar o Cássião. Tudo o que ele fez com a camisa do Corinthians e construiu aqui dentro. Não quero me comparar a ninguém, quero construir a minha história. Passo a passo, com os pés no chão, a gente não conquistou nada ainda. Vou trabalhar muito, vou me dedicar muito, como tenho feito, para construir a minha história. Se eu conseguir chegar perto do que ele construiu, vai ser uma grande história. É isso que eu quero e almejo. Quando a gente quer ser grande tem que olhar para os grandes e se ver como eles. Sem comparação alguma, mas o Cássio é uma referência. Eu fico feliz de estar aqui, de estar assumindo a camisa do Corinthians, o gol do Corinthians, e isso é fruto de muito trabalho e dedicação.
Exigência máxima para Hugo ao assumir a meta do Corinthians
Para aumentar a responsabilidade de Hugo Souza na missão de conquistar de vez a confiança da Fiel, não foi somente o golpe da saída de Cássio que o torcedor corintiano sofreu no primeiro semestre.
Cotado para ser o substituto do Gigante, Carlos Miguel deixou o Corinthians de forma repentina após o Nottingham Forest, da Inglaterra, pagar a multa rescisória de 4 milhões de euros prevista no contrato do goleiro.
Como a diretoria corintiana aceitou a saída de Cássio sem renovar com Carlos, perdeu os dois goleiros no intervalo de um mês. Ainda assim, Miguel saiu pela porta dos fundos.
Tendo começado a temporada como terceiro goleiro, Matheus Donelli, criado no Corinthians, foi quem assumiu a meta do clube alvinegro de forma temporária e até teve o seu contrato renovado. Porém, a revelação corintiana voltou ao banco de reservas após Hugo Souza ser contratado.
Ainda assim, como o histórico de Hugo no futebol brasileiro era de falhas e oscilações, a chegada dele ao Corinthians não gerou empolgação, quadro que mudou completamente após sete ótimas atuações com a camisa alvinegra.