Mano Menezes sofre para garantir Corinthians na Série A após receber herança maldita de seus antecessores
Treinador aceitou assumir Corinthians que já foi comandado por Lázaro, Cuca e Luxemburgo em mais um ano trágico da gestão Duílio Monteiro Alves
Quatro técnicos com pensamentos, ideologias e trabalhos diferentes, foi assim a gama de treinadores que passaram pelo Corinthians somente em 2023. Não é à toa que os resultados nas competições disputadas não saíram como esperado, e que a pressão no Campeonato Brasileiro esteja aumentando a cada rodada disputada e a situação do Timão continue complicada na segunda parte da tabela faltando somente seis jogos para o fim da temporada.
O ano começou com Fernando Lázaro como treinador, sob o comando dele o Corinthians disputou o Campeonato Paulista, torneio no qual acabou eliminado nas quartas de final para o Ituano nos pênaltis, na Neo Química Arena. Demitido após a derrota para o Argentinos Juniors pela Libertadores, Lázaro teve 56,86% de aproveitamento, 17 jogos, oito vitórias, cinco empates e quatro derrotas.
Com a saída de Fernando no meio do mês de abril, a diretoria do Corinthians contratou Cuca, que diante dos protestos da torcida, ficou no banco por apenas duas partidas: uma derrota para o Goiás fora de casa e depois a classificação dramática nos pênaltis para as oitavas de final da Copa do Brasil diante do Remo.
Chegada de Luxemburgo ao Corinthians foi para consertar um erro, mas gerou outros tantos
Luxemburgo foi contrato em 01 de maio, para ser mais uma testa de ferro e para-raios dos erros cometidos pela diretoria. A chegada do experiente treinador colocou – parcialmente – panos quentes no momento que o Corinthians vivia dentro e fora do campo. À época, o Corinthians ainda disputava a Libertadores e a Copa do Brasil, além do Brasileirão. Com respaldo da direção para trabalhar, o treinador até conseguiu inicialmente resultados significantes na Copa do Brasil, mas acabou eliminado da Libertadores (e também classificado para a Sul-Americana).
Posteriormente, o Corinthians perdeu jogadores importantes para o time, como Roger Guedes e Murilo, e não obteve reposição. Ainda assim, aos trancos e barrancos, o time chegou às semifinais da Copa do Brasil e da Sul-Americana. Sem demonstrar evolução alguma, o alvinegro acabou naufragando em ambas, sendo a mais dolorida a do torneio nacional, deixando escapar a vaga para o rival São Paulo.
Utilizando os poucos trunfos nos torneios mata-mata, o Campeonato Brasileiro foi ficando de lado e a situação corinthiana foi se complicando. O time patinou, perdeu inúmeros pontos dentro de casa e, às vésperas da segunda partida diante do Fortaleza, a crise era inevitável. Beirando a zona do rebaixamento e tendo apenas empatado em casa com o time nordestino pela ida da semifinal, Luxemburgo acabou demitido com 48% de aproveitamento em 38 jogos, 14 vitórias, 12 empates e 12 derrotas.
O Corinthians que ficou de herança para Mano Menezes
A chegada de Mano Menezes ao Corinthians não surpreendeu tendo em vista a história que o treinador gaúcho possui no clube. A insistência no trabalho fadado ao fracasso de Luxemburgo, por sua vez, foi algo que jogou luz na já muito contestada gestão de Duílio Monteiro Alves. Na data Fifa do início de setembro, Luxemburgo já balançava no cargo quando Mano se encontrava sem time após ter deixado o Internacional.
A chegada de Mano Menezes em meio a uma disputa de semifinal da Copa Sul-Americana – em meio a rumores de uma fracassada tentativa de convencer Tite a retornar ao Corinthians – já era ruim o bastante. A assinatura de um contrato longo até 2025 deixou a situação ainda mais inusitada.
Mano Menezes encontrou um time completamente sem padrão dentro de campo. Beirando a zona de rebaixamento e logo eliminado da Sul-Americana, o treinador se viu com uma responsabilidade gigantesca de consertar erros que não eram de sua responsabilidade. Assim que aceitou o convite para voltar ao clube, ele explicou sua decisão:
— Estou aqui porque quis estar aqui. Muitos profissionais não aceitariam o convite nesse momento, porque você acaba perdendo junto, mesmo sendo um jogo. Eu quis estar com eles porque considero a probabilidade de iniciarmos a construção de um trabalho a longo prazo.
Com pouco tempo para treinar (apenas uma data Fifa em outubro proporcionou dias livres), Mano tenta até agora estruturar minimamente a equipe e somar os pontos necessários para fugir do rebaixamento e, assim, poder finalmente projetar um Corinthians à longo prazo.
Mesmo em condições desfavoráveis, já é possível ver algumas mudanças positivas em um Corinthians que segue tentando competir e minimizar a – justificada – revolta de sua torcida. Até o momento, Mano Menezes comandou o clube em nove jogos: três derrotas, quatro empates e duas vitórias.
Nesta quinta-feira (09), o Corinthians recebe o Atlético-MG, líder do returno no Campeonato Brasileiro, precisando vencer para se afastar de vez da zona do rebaixamento e dar algum respiro ao seu ainda recém chegado treinador.