Sem Autuori e Milito, Cruzeiro vai ‘de 0 a 100’ e se complica em busca por treinador
Após demitir Pepa, Cruzeiro busca um treinador que assuma a equipe em momento importante da temporada
O Cruzeiro trabalha para encontrar um novo treinador que substitua o português Pepa, demitido na última terça-feira após uma sequência ruim de resultados — apenas duas vitórias em 17 jogos — e de problemas de gestão do elenco. Vivendo momento ruim na temporada, o clube celeste sabe que a decisão a ser tomada pode ditar o futuro do clube nos próximos anos, visto que o time mineiro está, hoje, apenas quatro pontos acima da zona de rebaixamento para a Série B.
Apesar da urgência em encontrar um novo comandante — o Cruzeiro joga no domingo (3) contra o Bragantino, no Mineirão, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro, e terá onze dias sem jogos por causa da data Fifa, tempo precioso para o novo treinador trabalhar —, tudo indica que o time celeste ainda está um pouco longe de definir quem estará a frente do time no restante da temporada.
Oficialmente, o Cruzeiro não comenta negociações não concluídas, mas, ainda assim, é possível dizer que a diretoria celeste precisou recalcular drasticamente a rota na busca pelo novo treinador. Isso porque o plano inicial dos dirigentes era efetivar Paulo Autuori, de 67 anos, atual diretor técnico do clube estrelado.
A avaliação da diretoria celeste é que Autuori seria uma escolha de segurança, pois conhece o clube, no qual voltou a trabalhar neste mês de agosto, o futebol brasileiro no geral, além de possuir um perfil conciliador, que conseguiria gerir melhor o elenco celeste, evitando, assim, um dos problemas pelo qual Pepa passou em sua reta final no clube.
Internamente, o Cruzeiro entendia que fazer uma aposta já com a temporada em andamento poderia ser arriscado. Afinal, com o clube ameaçado pela zona de rebaixamento, a chegada de um nome ainda sem experiência e sem conhecimento do elenco, no caso de um estrangeiro, poderia ter efeito reverso, o que prejudicaria todo o andamento do projeto a longo prazo da SAF celeste.
Gabriel Milito também sai da pauta
Outro nome que saiu da pauta celeste foi o do ex-zagueiro argentino Gabriel Milito. Inicialmente, o Cruzeiro não tinha interesse no treinador, mas a situação mudou com a recusa de Paulo Autuori e o pedido de demissão de Milito, que comandava o Argentinos Juniors desde 2021, nessa quarta-feira (30).
O Cruzeiro chegou a procurar Milito, mas o treinador descartou a possibilidade de assumir outro projeto no momento. A informação foi dada inicialmente pelo repórter Samuel Venâncio e confirmada pela Trivela.
🚨NÃO VEM PARA O CRUZEIRO
Fontes próximas a Gabriel Milito afirmaram que o treinador argentino não vem para o Cruzeiro, conforme adiantado pelo @samuelvenancio. O clube celeste havia colocado o nome do ex-zagueiro na pauta após este se demitir do Argentino Juniors, mas ele (+) pic.twitter.com/z4yOY66Ydg
— Maic Costa (@omaiccosta) August 31, 2023
Diretoria do Cruzeiro ‘de 0 a 100’
Sem Paulo Autuori e Gabriel Milito, a diretoria do Cruzeiro se complica na busca por um novo treinador, após receber dois “não” de suas primeiras opções. Além da dificuldade e da corrida contra o tempo, chama atenção a mudança brusca do perfil buscado pela SAF celeste.
Inicialmente, a diretoria azul tratou algumas características de treinadores como ”inegociáveis” para comandar o Cruzeiro. Estilo de jogo ofensivo, intensidade e alinhamento com o projeto da SAF foram as principais delas. Para trazer Pepa, o clube mineiro pôs isso em pauta e, já sabendo que Paulo Pezzolano deixaria o clube, analisou minuciosamente alguns nomes até chegar ao português.
Pepa começou bem, mas com o passar do tempo seu trabalho perdeu força e, menos de seis após sua chegada, foi demitido. O fato acabou se contrapondo ao discurso da SAF de continuidade e confiança, principalmente após uma avaliação tão criteriosa para se chegar no nome do português. Entre as causas da demissão, estavam os maus resultados e a dificuldade do treinador em gerir seu grupo de jogadores.
Precisando de um novo treinador, o Cruzeiro passou, então, a enxergar em Paulo Autuori o nome certo para tocar um projeto interrompido na metade. Diferente de Pepa ou de outros nomes, Autuori passou a ser cotado não pelos valores inegociáveis da gestão celeste, mas por ser uma opção mais segura num momento conturbado da temporada. Sua experiência e trato apresentaram-se como principais qualidades. A ideia era que ele treinasse o time celeste até o fim de 2023, dando tempo para a diretoria buscar um novo nome para 2024.
Com a recusa de Autuori em retornar ao papel de treinador, Gabriel Milito surgiu como a bola da vez. Uma oportunidade de mercado, já que quando Pepa foi demitido, o argentino ainda estava empregado. A mudança mais uma vez foi brusca. Se aceitasse a proposta celeste, Milito assumiria um projeto voltado ao longo prazo. Portanto, a ideia de um treinador mais experiente, conhecedor da “casa futebol brasileiro”, e que não fosse um aposta, caiu por terra em poucas horas.
A ideia de não fazer uma aposta e evitar um treinador estrangeiro, que assumiria o time com a temporada em andamento e teria pouco tempo para conhecer o elenco, também foi por água abaixo rapidamente. Os planos da diretoria celeste foram ‘de 0 a 100’ muito rápido mas, ainda assim, não saíram do lugar até o momento. Resta saber quem será aquele que, de fato, irá assumir o Cruzeiro e se este nome representará ou não uma nova guinada entre o discurso da SAF e o que ela realmente coloca em prática.
O futebol é contexto e em certas ocasiões, mudar a rota passa a ser inevitável. Poucas coisas são, de fato, inegociáveis.