Brasileirão Série A

Atlético-MG x Cruzeiro: como foram as estreias nos estádios que receberam o clássico

Uma viagem no tempo do clássico entre Atlético e Cruzeiro e suas estreias em diferentes estádios, que vai ganhar um novo capítulo neste domingo, na Arena MRV

Atlético-MG e Cruzeiro se enfrentam neste domingo (22), às 16h, na Arena MRV, pelo Campeonato Brasileiro. O novo estádio do Galo será mais o 13° a receber o principal clássico de Minas Gerais e um dos maiores do país. A Trivela viajou no tempo e te conta como foram e onde estão/estavam todos os estádios que viram a rivalidade mineira de perto.

O clássico deste domingo é marcante, tem sua festa para as duas torcidas, que querem a primeira vitória para entrarem para a história, mas também tem muita coisa em jogo no campeonato.

O Atlético fará apenas seu quinto jogo na nova. Venceu os três primeiros, mas perdeu o último, o que foi visto até como alívio para muitos torcedores, que não temiam que a primeira derrota saísse justamente para o maior rival. Mas o Galo se recuperou no Brasileirão e teve uma gigante vitória contra o Palmeiras na quinta (19). Com isso, o time está há um ponto do G6/G4 e sonha alto para entrar no grupo que dá vaga para a próxima Libertadores, que é seu principal objetivo. O Alvinegro pode, mais uma vez, ajudar a afundar o Cruzeiro.

Isso porque a situação é completamente diferente do lado azul. O Cruzeiro só venceu dois dos últimos 15 jogos e vem de quatro jogos sem vencer. No último, também na quinta, derrota para o Flamengo no Mineirão e muita revolta da torcida, principalmente após algumas falas de Ronaldo, que vê o time há apenas um ponto do Z4. Ou seja, em caso de nova derrota, a Raposa pode entrar na zona de rebaixamento. Por outro lado, uma vitória contra o maior rival, no primeiro jogo na casa dele, pode ser o combustível ideal para sair dessa situação.

Os estádios que receberam Atlético x Cruzeiro

Prado Mineiro (anos 10/20)

Belo Horizonte já teve alguns campos que serviram de casa para Atlético, Cruzeiro e América, mas o Prado Mineiro foi o primeiro que podemos chamar de estádio. Ele foi a casa dos clubes da capital e da Liga Mineira de Futebol, principal competição da época. Inicialmente um hipódromo, foi transformado em campo de futebol em 1914, antes mesmo da criação do Palestra Itália, hoje Cruzeiro. Mas o estádio viu o clube celeste nascer e foi, inclusive, o palco do primeiro clássico.

Em 17 de abril de 1921, três meses após a fundação do Palestra Itália, o time enfrentou o Atlético em um amistoso preliminar ao jogo entre América e Luzitano, pelo Festival da Associação Mineira dos Cronistas Desportivos (AMCD). As pessoas que foram ao Prado Mineiro não sabiam, mas estavam presenciando o primeiro jogo do maior clássico de Minas Gerais.

O Galo já tinha seus 13 anos de existência e era relativamente consolidado. Mas o Palestra Itália não tomou conhecimento do rival e venceu por 3 a 0, com dois gols de Attílio e um de Nani, segundo relatos do “Diário de Minas”. O primeiro de Attílio, inclusive, saiu com apenas dois minutos de jogo, sendo ele o primeiro da história dos clássicos.

A primeira escalação da história do clássico mineiro foi:

  • Palestra Itália: Scarpelli; Polenta, Ciccio, Quiquino e Américo; Kalim, Lino e Spartaco; Nani, Henriqueto e Attilio.
  • Atlético: Walter; Furtado, Alvim, Fernando e Eduardo; Coutinho, Hernani e Zica; Amaral, Minotti e Márcio.
O hipódromo Prado Mineiro, que recebeu o primeiro clássico da história (Arquivo/Prefeitura de BH)

O local do estádio nos dias de hoje abriga uma Academia da Polícia Militar de Minas Gerais, além de um clube dos PMs e uma das unidades do Colégio Tiradentes, que também pertence à entidade.

Estádio do América/Avenida Paraopeba (Anos 20)

O estádio do América, situado na Avenida Paraopeba – hoje Augusto de Lima -, foi o primeiro campo construído para a prática do futebol em Belo Horizonte que prometia ser de boa qualidade. O estádio foi inaugurado em 7 de setembro de 1922, e recebeu seu primeiro clássico entre Atlético e Cruzeiro no ano seguinte.

Em 6 maio de 1923, o então Palestra Itália e o Atlético se enfrentaram em um amistoso no campo do América, que terminou empatado em 1 a 1, com gols de Nello, para os palestrinos, e Mauro, para os atleticanos. Foi nesse local que aconteceu a maior goleada da história do clássico mineiro até os dias de hoje, quando o Galo aplicou 9 a 2 no Palestra, em 1927, pelo Campeonato da Cidade (Mineiro).

O estádio não durou muito tempo e, no mesmo ano da histórica goleada, o terreno foi devolvido para a prefeitura, que precisava expandir o Mercado Central. Hoje, o mercado segue de pé e, em uma das entradas, há uma placa sobre o primeiro estádio do América ter sido no mesmo local.

O América apresentou Martínez recentemente no Mercaod Central, e o jogador posou ao lado da placa sobre o estádio do clube (Divulgação/América)

Estádio do Barro Preto/Juscelino Kubitschek – Cruzeiro (Anos 20-60)

Primeiro estádio do Cruzeiro na história, o Estádio do Barro Preto foi inaugurado no dia 23 de setembro de 1923, data que completou 100 anos recentemente, em bairro homônimo, localizado na região Centro-Sul de Belo Horizonte. O campo era localizado onde hoje é o Parque Esportivo do clube celeste.

Quando o Estádio Juscelino Kubitschek de Oliveira ou Estádio JK, como também era conhecido, começou a ser utilizado, o então jovem Cruzeiro, de apenas dois anos de idade, ainda se chamava Palestra Itália.

Dono da casa, o Palestra Itália recebeu o Atlético pela primeira vez em seus domínios no dia 20 de setembro de 1925, quase dois anos após a inauguração. A partida, válida pela Taça 20 de Setembro, terminou com vitória palestrina por 5 a 3. É difícil encontrar mais informações da partida. Apenas o resultado consta no Almanaque do Cruzeiro.

O Cruzeiro enfrentou o Atlético no Estádio do Barro Preto em 61 oportunidades, vencendo 24 vezes, perdendo também em 24 oportunidades e empatando nas 13 partidas restantes. O primeiro estádio da Raposa foi demolido em 1985.

Estádio Barro Preto do Cruzeiro
Imagem do bairro Barro Preto em 1950, com o estádio do Cruzeiro em destaque (Arquivo/Cruzeiropedia)

Estádio Presidente Antônio Carlos – Atlético (Anos 20-60)

Com América e Palestra Itália tendo seus estádios próprios, o Atlético não ficou para trás e decidiu construir o seu. Em 1929, o Galo inaugurou o Estádio Antônio Carlos, em homenagem ao então Governador de Minas Gerais de mesmo nome. O local é histórico para o clube, pois foi o primeiro estádio do estado a ter iluminação para receber um jogo noturno, além de ter sido o campo que viu o auge do Trio Maldito (Mário de Castro, Said e Jairo de Almeida), a lenda Guará e ainda serviu de casa para craques da história atleticana, como Reinaldo, Éder Aleixo e Toninho Cerezo. Foi nele que o alvinegro disputou várias partidas do Copa dos Campeões de 1937, reconhecido recentemente como Campeonato Brasileiro pela CBF.

Mas não foram só alegrias que o Atlético viveu no Antônio Carlos. No primeiro clássico contra o Cruzeiro, em 09 de junho de 1929, válido pelo Campeonato da Cidade (Mineiro), o alvinegro saiu derrotado por 3 a 1. Jairo marcou o gol atleticano, mas Ninão e Bengala, duas vezes, deram a vitória ao ainda Palestra Itália.

O estádio se manteve até a década de 60, quando foi desapropriado pela prefeitura a pedido do Atlético, que vivia situação delicada financeiramente. O clube conseguiu retomar o espaço nos anos 90, construindo ali um dos principais shoppings de Belo Horizonte, o Diamond Mall, que recentemente foi vendido pelo Galo para custear a construção da Arena MRV. Ou seja, um estádio ajudou a construir o outro. Ao lado do shopping, está a sede administrativa do clube.

O shopping que ocupa o lugar do Antônio Carlos e que foi vendido pelo Atlético para ajudar nos custos da Arena MRV. Ao lado, a sede do clube (Divulgação/Atlético)

Estádio Alameda/Otacílio Negrão de Lima – América (Anos 20-60)

Apesar de cada time de Belo Horizonte ter seu próprio estádio, era comum que eles diversificaram os locais das partidas e atuassem nos campos dos adversários. Cruzeiro e Atlético jogaram no Estádio Otacílio Negrão de Lima ou, simplesmente, Estádio da Alameda, pela primeira vez no dia 27 de outubro de 1935. O Galo venceu o ainda chamado Palestra Itália por 2 a 1, com gols de Duda e Paulista, para o Alvinegro, enquanto Alcides marcou para os palestrinos.

O estádio do Alameda foi construído em 1928 com a ajuda da prefeitura de Belo Horizonte, que precisou utilizar o espaço do antigo estádio do América para ampliar o Mercado Central. O local ainda passou por reforma em 1948, mudando o nome para Otacílio Negrão de Lima, prefeito de BH na época que ajudou na reforma. Atualmente, é um espaço que pertence a uma rede de supermercados.

As equipes jogaram assim:

  • Palestra Itália: Geraldo I; Adão (Chiquinho), Gegê, Souza, Ferreira; Mundico, Piorra (Nonô), Orlando; Niginho, Bengala e Alcides. Técnico: Nello Nicolai.
  • Atlético: Clóvis; Hélio, Evandro, Jair, Lola, Bala; Lelo (Pantuzzo), Paulista, Guará; Zezé (Bazzoni) e Duda. Técnico: Floriano Peixoto.

Estádio Independência (Anos 50-)

Em 1950, era inaugurado em Belo Horizonte um dos estádios que seriam palco da Copa do Mundo daquele ano no Brasil. O Estádio Raimundo de Sampaio, que ganhou o apelido de Independência pois pertencia ao time Sete de Setembro, surgiu como o principal da capital mineira naquele momento.

Quatro anos após a inauguração, Atlético e Cruzeiro se encontraram pela primeira vez no Independência. Em 25 de julho de 1954, um dos incríveis 13 confrontos entre os clubes no Campeonato Mineiro daquele ano aconteceu no estádio. Foi válido pelo primeiro turno e terminou com vitória atleticana por 1 a 0, gol da lenda do clube, Ubaldo.

O Independência se tornou o palco dos clássicos em Minas Gerais até o surgimento do Mineirão. Quando o Gigante da Pampulha surgiu, o estádio do Horto ficou 30 anos sem ver um confronto entre Atlético e Cruzeiro (1965-95), quando recebeu um amistoso. De forma oficial, só voltou a ter clássicos em 2012, quando o Mineirão estava em reforma e o Indepa tinha terminado a sua. No primeiro jogo da reesetreia do estádio, empate em 2 a 2 pelo Brasileiro, com direito a um golaço de Ronaldinho Gaúcho.

Os times foram a campo com:

  • Cruzeiro: Fábio; Mateus, Léo e Thiago Carvalho; Everton, Leandro Guerreira, Tinga, Lucas Silva e Montillo; Borges e Fabinho. Técnico: Celso Roth
  • Atlético: Victor; Marcos Rocha, Léo Silva, Réver e Junior César; Pierre, Donizete e Ronaldinho Gaúcho; Bernard, Danilinho e Jô. Técnico: Cuca.

Atualmente o Independência pertence ao América, que manda todos seus jogos como mandante por lá, mas tem Atlético e Cruzeiro como inquilinos em várias situações. Neste ano, por exemplo, o primeiro clássico do ano aconteceu no estádio, e terminou com empate em 1 a 1, gols de Bruno Rodrigues, para a Raposa, e Hulk, para o Galo. Além disso, o estádio também recebeu o primeiro jogo da histórica final de Copa do Brasil de 2014 entre os clubes, que terminou com vitória atleticana por 2 a 0, com gols de Luan e Dátolo.

Estádio Mineirão (60-)

O Mineirão é o grande palco do futebol mineiro e guarda diversas páginas das histórias de Atlético e Cruzeiro. Até então, foram disputados 248 clássicos no Gigante da Pampulha, com vantagem cruzeirense: foram 90 vitórias celestes, 79 triunfos alvinegros e 79 empates.

A estreia do grande clássico das Alterosas no Mineirão ocorreu em 24 de outubro de 1965, 49 dias após a inauguração do estádio. Curiosamente, o clássico deste domingo (22), acontece dois dias antes do aniversário de 58 anos do primeiro Cruzeiro x Atlético no Gigante.

E quando a bola rolou, quem se deu melhor foi o Cruzeiro, que venceu a partida por 1 a 0, com gol do craque Tostão aos 35 minutos da primeira etapa. O jogo foi válido pelo Campeonato Mineiro daquele ano, conquistado pela Raposa. O clássico ainda ficou marcado por uma briga que interrompeu o confronto quando o time celeste já vencia. A Polícia Militar (PM) precisou intervir. A confusão começou quando Décio Teixeira cometeu pênalti sobre Wilson Almeida, aos 34 do segundo tempo.

Revoltados, os atleticanos não aceitaram a marcação da arbitragem e parte dos jogadores alvinegros passaram a agredir o árbitro argentino Juan de la Passion Artez. Com a confusão e o confronto com a PM, a partida precisou ser encerrada, não antes de nove dos jogadores do Atlético serem expulsos. O treinador Marão e do diretor Marcelo Guzela, ambos do Galo, também foram excluídos do jogo.

Naquele dia, 47.530 torcedores acompanharam o jogo. Os rivais foram escalados assim:

  • Cruzeiro: Tonho; Pedro Paulo, William, Vavá e Neco; Hilton Chaves e Dirceu Lopes; Wilson Almeida, Tostão, Marco Antônio e Hilton Oliveira. Técnico: Airton Moreira.
  • Atlético: Luiz Perez; João Batista, Vânder, Bueno e Décio Teixeira; Buglê e Viladônega; Buião, Toninho, Roberto Mauro e Noêmio. Técnico: Marão.

“Novo” Mineirão (2013)

No século atual, o Mineirão passou por uma grande reforma, visando a realização da Copa do Mundo disputada no Brasil em 2014. Com isso, foi proposto um jogo de reinauguração entre Atlético e Cruzeiro, em partida válida pelo Campeonato Mineiro de 2013. E como aconteceu em 1965, a Raposa venceu, dessa vez por 2 a 1.

A partida foi disputada no dia 3 de fevereiro de 2013, com um público de 50/50 no estádio. O primeiro gol do “Novo Mineirão” não demorou a sair quando a bola rolou. E quem abriu o placar aos 22 minutos do primeiro tempo foi o lateral-direito Marcos Rocha, contra. O jogador disputou uma bola pelo alto com o atacante Anselmo Ramon, após cruzamento de Leandro Guerreiro, e mandou contra seu próprio patrimônio.

O gol sofrido não abalou o Atlético que buscou o empate cinco minutos depois. Ronaldinho cruzou para a área, Réver tentou finalizar acrobaticamente e a bola sobrou para o ex-cruzeirense Araújo finalizar, empatando a partida.

Coube ao atacante Dagoberto, que estreava pelo Cruzeiro, marcar o gol que daria a vitória ao time celeste no primeiro clássico do Mineirão reformado. Aos 16 da segunda etapa, o jogador, que havia saído do banco de reservas, completou cruzamento de Anselmo Ramon com uma forte cabeçada, da marca do pênalti, balançando a rede atleticana.

Quase 53 mil pessoas assistiram ao jogo do estádio. Cruzeiro e Atlético entraram em campo assim:

  • Cruzeiro: Fábio; Ceará, Bruno Rodrigo, Paulão e Egídio; Leandro Guerreiro, Nilton, Everton (Alisson), Éverton Ribeiro (Tinga) e Ricardo Goulart (Dagoberto); Anselmo Ramon. Técnico: Marcelo Oliveira.
  • Atlético: Victor; Marcos Rocha, Réver, Leonardo Silva e Junior César; Pierre (Gilberto Silva), Leandro Donizete (Serginho), Bernard e Ronaldinho; Araújo (Alecsandro) e Jô. Técnico: Cuca.

Estádios fora de Belo Horizonte

Arena do Jacaré (Sete Lagoas)

A Arena do Jacaré, localizada em Sete Lagoas, cidade localizada a 78 km de Belo Horizonte, traz boas lembranças ao torcedor do Cruzeiro quando o assunto são os clássicos contra o Atlético. Foi lá que aconteceu o histórico 6 a 1, maior goleada celeste sobre o alvinegro, que aconteceu no ano de 2011. E o primeiro jogo no estádio já entregava que o estádio reservaria boas lembranças para a Raposa.

O primeiro encontro entre Atlético e Cruzeiro aconteceu no dia 1° de agosto de 2010, e foi válido pelo Campeonato Brasileiro daquele ano. Sem o Mineirão, fechado para reformas, a Arena do Jacaré recebeu apenas torcedores atleticanos, mas o ambiente hostil visto no estádio não intimidou o time celeste. O público pagante daquela partida foi de 12.340 pessoas.

Após um início com pressão atleticana, o Cruzeiro se encontrou na partida e marcou logo em sua primeira finalização. Após lançamento de Edcarlos, Fabrício se infiltrou entre a defesa atleticana e escorou, com inteligência, para Wellington Paulista. O camisa 9, conhecido pelos gols sobre o Atlético, cortou um marcador e mandou um chutaço, de fora da área, no ângulo do goleiro Fábio Costa.

No decorrer da partida, o Atlético se afobou e não conseguiu voltar para o jogo. Aos 38 minutos do segundo tempo, o zagueiro Gil, do Cruzeiro, ainda seria expulso por dar uma cotovelada em Diego Tardelli. Apesar da superioridade numérica nos minutos finais, o Galo não conseguiu buscar o empate, saindo de campo derrotado.

Atlético x Cruzeiro na Arena do Jacaré
Registro do primeiro clássico na Arena do Jacaré, estádio que entraria para a história do duelo (Bruno Cantini/Atlético)

Mandante, o Atlético entrou em campo assim: Fábio Costa; Werley (Obina), Cáceres e Jairo Campos; Diego Macedo (Zé Luís), João Pedro, Serginho, Ricardinho (Leandro) e Fernandinho; Diego Tardelli e Diego Souza. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

Já o Cruzeiro, vencedor da noite, foi escalado com: Fábio; Gil, Edcarlos e Fabinho; Jonathan, Fabrício (Elicarlos), Marquinhos Paraná, Everton (Rômulo) e Diego Renan; Wellington Paulista e Thiago Ribeiro (Robert). Técnico: Cuca.

Parque do Sabiá (Uberlândia)

O clássico mineiro foi jogado em Uberlândia por duas vezes na história, sendo a segunda delas no Campeonato Brasileiro de 2023. Em ambas as ocasiões, deu Atlético. Há 13 anos, o Parque do Sabiá recebeu Cruzeiro e Galo e o resultado final da partida, recheada de gols, ajudou a impedir que o time celeste conquistasse o Brasileirão daquele ano.

Obina foi o grande nome daquela partida, marcando três gols e liderando o Atlético para a vitória. O centroavante fez três gols em 30 minutos de jogo e ajudou o Galo, que ocupava a zona de rebaixamento, a bater o então líder Cruzeiro. O público do jogo foi de 18.732 pagantes.

Mesmo mal na tabela, o Galo começou o jogo atacando o Cruzeiro e logo aos seis minutos do primeiro tempo Leandro cruzou para Obina, que ganhou do zagueiro Cláudio Caçapa pelo alto e cabeceou sem chances para Fábio.

Precisando do resultado e com um time melhor, o Cruzeiro foi pra cima mas não conseguiu furar a defesa adversária. E o ímpeto da Raposa durou pouco, porque aos 23 minutos Rafael Cruz fez boa jogada pelo lado direito e cruzou. A bola passou pela defesa celeste e caiu nos pés de Obina, que não perdoou.

O Cruzeiro teve a chance de reduzir logo depois, quando Edcarlos foi empurrado por Werley dentro da área. Sandro Meira Ricci marcou pênalti, mas o craque argentino Walter Montillo exagerou na força da cavadinha e bateu para fora.

O gol, que já faria falta normalmente, fez ainda mais pois no lance seguinte, aos 30 minutos, Obina completou novo cruzamento, agora de Serginho, anotando um improvável 3 a 0.

Cuca então resolveu mexer no Cruzeiro e sacou Diego Renan para colocar Gilberto. No primeiro lance do jogador em campo, ele completou cruzamento de Thiago Ribeiro, mandando de primeira no ângulo de Renan Ribeiro. De volta ao jogo, o time celeste pressionou muito o Atlético no primeiro tempo, mas o goleiro atleticano evitou que a Raposa diminuísse ainda mais o placar na primeira etapa.

No segundo tempo, a expectativa por uma reação celeste foi por água abaixo quando, aos 21 minutos, Serginho bateu escanteio na cabeça de Réver, que anotou o quarto gol atleticano.

Com poucos minutos para reagir, o Cruzeiro ainda foi valente e marcou duas vezes com Thiago Ribeiro, aos 31 e 32 da segunda etapa. Os gols deram novo ânimo aos cruzeirenses, mas o time não conseguiu o empate. No fim do jogo, a torcida celeste reconheceu o esforço dos jogadores e aplaudiu o time.

Ipatingão (Ipatinga)

O primeiro jogo entre Atlético e Cruzeiro no Ipatingão, em Ipatinga, cidade localizada a 211 km de Belo Horizonte, na Região do Vale do Aço, aconteceu no dia 7 de abril de 1996, pelo Campeonato Mineiro daquele ano. E quem se deu melhor foi o Galo.

Apesar do triunfo atleticano, foi o Cruzeiro que abriu o placar. Logo aos 4 minutos de jogo, o lateral-direito Vítor fez bela jogada individual até ser derrubado na área. O árbitro marcou pênalti, convertido por Marcelo Ramos, ídolo da Raposa. Mesmo na frente do placar, o time celeste seguiu atacando, mas parou em Taffarel, que fez ótima partida.

O gol de empate atleticano saiu ainda no primeiro tempo. Dinho avançou pela esquerda e cruzou para a área, onde encontrou Ézio, que dominou e bateu na gaveta de Dida. A virada do Galo sairia no segundo tempo. Após cobrança de escanteio, a defesa do Cruzeiro tirou mal e a bola sobrou na área para Ézio, que livre, matou e finalizou bem para dar números finais ao jogo.

Com a vitória, o Atlético conquistou o primeiro turno do Campeonato Mineiro daquele ano. Sobraram provocações de Paulo Roberto, do Galo, ao time celeste. O jogador afirmou que o time atleticano foi humilhado durante a semana, mas que o Cruzeiro “tremeu”. Ainda assim, no fim das contas, foi o time celeste que levou o título estadual de 1996.

Mandante, o Atlético entrou em campo assim: Taffarel; Paulo Roberto, Ronaldo, Alexandre Souza e Dinho; Carlos, Doriva e Fábio Augusto; Leandro, Renaldo (Canela) e Ézio (Clayton). Técnico: Procópio Cardozo.

O Cruzeiro, por sua vez, foi escalado da seguinte forma: Dida; Vítor, Gélson Baresi, Gilmar e Nonato; Fabinho, Donizetti (Ricardinho) e Palhinha; Aílton (Edmundo), Uéslei (Roberto Gaúcho) e Maurício Ramos.

Estádio Israel Pinheiro (Brasília – 1960)

O primeiro clássico fora de Minas Gerais aconteceu em 16 de junho de 1960, quando Atlético-MG e Cruzeiro se enfrentaram no Estádio Israel Pinheiro, em Brasília. Somente 1.100 torcedores acompanharam o empate, que teve gols de Colete e Beto Pretti para o Galo, enquanto Emerson e Dirceu marcaram para a Raposa. A motivação do clássico no Distrito Federal foi um convite do então presidente Juscelino Kubitschek para que os rivais mineiros abrilhantassem os festejos de inauguração oficial da TV Nacional de Brasília.

As equipes foram escaladas assim:

  • Cruzeiro: Rossi; Benito e Pireco; Massinha, Amauri e Cléver; Raimundinho, Tomazinho (Nelsinho), Dirceu, Emerson e Hilton Oliveira (Iranildo). Técnico: Niginho.
  • Atlético: Adelmar; Bueno e Sálvio; William Bueno, Hilton Chaves e Marcelino; Luís Carlos, Eduardo, Celinho, Colete e Dominguinhos (Beto Pretti). Técnico: Osni Pereira.

Estádio Centenário (Uruguai – 2009)

O primeiro e único clássico mineiro disputado fora do Brasil foi realizado no Estádio Centenário, localizado em Montevidéu, no Uruguai, no dia 17 de janeiro de 2009. Atlético-MG, Cruzeiro, Penãrol (URU) e Nacional (URU) disputaram o Torneio de Verão, competição amistosa de início de temporada. O time celeste se deu melhor na “mini-copa”, levando o troféu para a casa.

A dupla mineira bateu os uruguaios na semifinal e disputaram o título entre si. Mais entrosado e com uma base já estabelecida, o Cruzeiro demoliu o Atlético-MG no primeiro tempo.

Logo aos 17 minutos, o estreante Renan, volante do Atlético-MG, marcou um gol contra, abrindo o placar para a Raposa. Aos 36 minutos, Diego Tardelli, outro estreante e que se tornaria ídolo do Galo, empatou de pênalti.

Três minutos depois, aos 39, foi a vez do Cruzeiro marcar de pênalti, com Fernandinho. O time celeste ampliou o placar ainda na primeira etapa, com Ramires, após boa jogada com o lateral-direito Jonathan.

No segundo tempo, o Atlético-MG melhorou e Diego Tardelli fez mais um, completando cruzamento de Thiago Feltri, quando eram decorridos 23 minutos. Os dois gols na estreia já indicavam que Tardelli seria um carrasco do Cruzeiro, um dos adversários favoritos do atacante. Antes que o Galo buscasse o empate, coube a Ramires fazer boa jogada e deixar Soares na boa para marcar, aos 43 minutos do segundo tempo, e fechar o placar em 4 a 2.

Veja como as equipes entraram em campo:

  • Cruzeiro: Fábio; Jonathan (Jancarlos), Leo Fortunato, Thiago Heleno (Leonardo Silva) e Fernandinho; Henrique, Ramires, Marquinhos Paraná e Wagner (Camilo); Thiago Ribeiro (Soares) e Wellington Paulista (Alessandro). Técnico: Adilson Batista
  • Atlético: Juninho; Marcos (Tchô), Leandro Almeida e Welton Felipe; Carlos Alberto, Renan (Sheslon), Rafael Miranda (Márcio Araújo), Júnior (Lopes) e Thiago Feltri (Raphael Aguiar); Éder Luís e Diego Tardelli. Técnico: Émerson Leão.
Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander Heinrick

Alecsander Heinrick se formou em Jornalismo na PUC Minas em 2021. Antes da Trivela, passou por Esporte News Mundo, EstrelaBet e Hoje em Dia.
Foto de Maic Costa

Maic Costa

Maic Costa nasceu em Ipatinga, mas se radicou na Região dos Inconfidentes mineiros. Formado em Jornalismo na UFOP, em 2019, passou por Estado de Minas, Superesportes, Esporte News Mundo e Mais Minas. Atualmente, escreve para a Trivela e para o Futebol na Veia.
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