Brasileirão Série A

As coincidências que ligam o primeiro estádio do Atlético-MG e a Arena MRV

Arena MRV e Estádio Antônio Carlos, duas casas do Atlético com quase um século de diferença, mas que tem pontos que as ligam

O Atlético-MG se prepara para inaugurar a sua casa própria, a Arena MRV, no próximo domingo (27), contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro. O que muitos não sabem é que o Galo já teve seu estádio próprio, que trás algumas coincidências com o atual.

Há quase 100 anos, em 1929, o Atlético inaugurou seu primeiro estádio. O clube, até aquele ano, jogava em um campo onde hoje é localizado o Minascentro, em Belo Horizonte. O terreno foi doado pela Prefeitura, que decidiu negociar para pegá-lo de volta, já que a área estava crescendo e se valorizando.

Sem muita opções, o Atlético negociou para devolver o local e pegar uma área em outro. O novo local ficava no então quarteirão 13, da 9ª seção urbana. Esse endereço hoje é onde fica o Diamond Mall, shopping que pertencia ao Atlético até o início deste ano, quando o clube vendeu o resto de sua porcentagem para pagar dívidas e ajudar também na construção da Arena MRV.

No local, o Atlético decidiu construir seu primeiro estádio, que só conseguiu ser erguido por conta do Governador de Minas Gerais na época, Antônio Carlos Ribeira de Andrada. Por conta disso, a primeira casa atleticana recebeu o nome de Estádio Antônio Carlos – que também tinha o apelido de Estadinho da Colina.

O estádio foi construído e atraiu os olhares de todos, se tornando um marco, não só esportivo, como também social de Belo Horizonte: “A inauguração, ontem realizada, com o maior brilho e entusiasmo, do grande e imponente Estádio Presidente Antônio Carlos, do Clube Atlético Mineiro, foi um acontecimento que ficará memorável nos annaes desportivos do nosso Estado”, citou o jornal Minas Geraes na época.

Adversário do Atlético na estreia do estádio

A inauguração do primeiro estádio do Atlético aconteceu em 30 de maio de 1929. Algo nada relacionado com a data deste domingo, da inauguração da Arena MRV. Mas há detalhes que ligam os dois eventos. O adversário de 1929 foi o Corinthians, campeão Paulista da época. Já o rival deste domingo será o também paulista, Santos.

Um outro detalhe, que chama ainda mais atenção, é que a partida de 1929 começou às 16h, segundo relatos da época, mesmo horário do jogo deste domingo na Arena MRV, que estava previamente marcado para 18h30 e teve seu horário alterado.

Público presente

Oficialmente, em seu site ou na sua própria wikipédia, o Atlético informa que o estádio Antônio Carlos tinha capacidade para 5 mil torcedores. Já em alguns jornais da época, como o Minas Geraes, é informado que a capacidade do local é de 15 mil pessoas: “As arquibancadas, circundando o campo em forma de U, e comportando em lotação 15.000 pessoas, são de duas categorias: as gerais, descobertas, e a parte nobre, toda abrigada por uma cobertura”.

Apesar dessa divergências nesse quesito, há algo em que Atlético e os jornais da época concordam: o jogo de inauguração foi o com maior público da história do estádio. E é aí que a coincidência aparece com a Arena MRV. O Minas Geraes informou que cerca de 30 mil pessoas foram acompanhar o jogo contra o Corinthians. 30 mil também é o número de torcedores que estará na Arena para a estreia contra o Santos.

Estádio inovador

Uma das coisas que os gestores do Atlético nunca cansam de falar sobre a Arena MRV é como ela é tecnológica, com cobertura de internet diferente, reconhecimento facial, aplicativo único, entre outros. Eles intitularam o estádio de “mais tecnológico da América Latina”.

Ser inovador também foi algo que o estádio Antônio Carlos fez na década de 30. Em 9 de agosto de 1930, o local foi responsável por receber a primeira partida de futebol noturna da história de Belo Horizonte, já que também foi o primeiro a instalar torres de luzes. O jogo, que o Galo venceu o Sport-MG por 10 a 2, teve a ilustre presença do então presidente da Fifa, Jules Rimet.

O fim da primeira casa do Atlético

O Atlético utilizou o estádio Antônio Carlos como sua primeira casa por quase 40 anos. Mas já a partir de 1950, o clube passou a utilizá-lo cada vez menos, pois o Independência foi construído e passou a receber jogos do Galo. Mesmo assim, o alvinegro ainda seguia mandando alguns jogos em seu estádio.

Nos anos 60, com o Mineirão, o Antônio Carlos foi praticamente deixado de lado, servindo apenas de alojamento, treinos e atividades da base. Jogadores históricos do clube, como Toninho Cerezo e Reinaldo, chegaram a morar na Colina. Em 1968, o estádio recebeu seu último jogo, com o Atlético vencendo a Seleção Industrial por 3 a 0 em um amistoso.

Depois disso, o estádio foi desapropriado, já que o Atlético não o utilizava e nem tinha mais condições de mantê-lo. O local ficou em posse da prefeitura até 1991, quando o Galo conseguiu, na justiça, reaver a posse do local, que hoje já não é mais de sua posse, já que foi vendido, como citado acima.

Além das muitas conquistas que fizeram o Atlético dominar Minas Gerais, o estádio Antônio Carlos também está marcado por ter recebido o pai de Pelé, seu Dondinho, que atuou pelo Atlético no local em 1940. O pai do Rei do Futebol acabou não jogando mais pelo Galo por conta de uma grave lesão no joelho.

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Outros estádios de Belo Horizonte

O Antônio Carlos foi o primeiro estádio do Atlético, mas não o primeiro de Belo Horizonte. O América foi quem construiu a primeira casa de um clube na capital mineira, em 1923, onde hoje se encontra parte do Mercado Central da cidade. Também em 23, o Cruzeiro (então Palestra Itália), inaugurou o Estádio do Barro Preto, onde hoje se encontra o parque esportivo do clube.

Mapa dos campos que não existem mais em Belo Horizonte
Localização de onde já aconteceram partidas de futebol em Belo Horizonte. Os símbolos de bola nos campos preto, azul e verde representam o local do primeiro estádio de Atlético, Cruzeiro e América, respectivamente (Reprodução/CamposInvisíveis)

Em 1928, o América inaugurou sua nova casa, o Estádio Alameda, já que perdeu o local do antigo para o Mercado Central. Principais estádios da capital hoje, o Independência e o Mineirão foram inaugurados em 1950 e 1965, respectivamente. O Indepa, que hoje pertence ao Coelho, foi inicialmente do estado e depois do Sete de Setembro, clube que se fundiu ao alviverde em 1997.

*Com informações do Campos Invisíveis

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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