Governo Saudita está a um passo de reativar o mercado e ‘salvar’ clubes europeus
Após janela modesta em janeiro, futebol saudita promete retomar onda de investimentos 'exorbitantes'

A temporada 2023/24 foi histórica para a Arábia Saudita. Em virtude do investimento pesado para chegada de craques renomados, o campeonato entrou de vez no mapa do futebol mundial e atraiu espectadores espalhados pelo planeta.
Pode-se dizer que a Saudi Pro League passou a ser a salvação para muitos clubes europeus, que não só fizeram caixa com a venda de jogadores, bem como aliviaram a folha salarial.
Os jogadores também se beneficiaram com a ascensão do torneio, especialmente os veteranos. Afinal, tiveram a oportunidade de assinar o seu último grande contrato, com valores exorbitantes.
No começo de 2023/24, a Saudi Pro League foi a segunda liga no mundo que mais gastou em reforços. Entretanto, tal cenário mudou por completo na janela de janeiro. Os clubes se comportaram de maneira bem mais modesta e não realizaram grandes transações.
Mas essa postura tímida não se sustentará por muito tempo.

A importância do Governo Saudita nessa engenharia de mercado
‘Provedor' da liga, o Governo Saudita entrará em ação novamente. É o que explicou um diretor-esportivo espanhol ao Relevo.
— A maioria dos clubes sabe que, até 1 de julho, serão feitos poucos movimentos. A partir daí, quando o dinheiro do governo for atribuído a cada equipe, haverá mais abertura (no mercado).
Na visão europeia do tema, o executivo revelou que os clubes do velho continente aguardam pacientemente a ação do Governo Saudita. Uma vez que contam com a venda de jogadores para equilibrarem as finanças e planejarem movimentações no mercado.
— E muitas das possíveis vendas que nossas equipes vão realizar ficam em espera. Presumivelmente, na data que o governo saudita definiu para alocar e distribuir dinheiro, terá início uma cascata de operações que reativará o mercado europeu.
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Como funciona esse mecanismo de distribuição?
Na Arábia Saudita existem dois tipos de clubes. De um lado, estão os quatro grandes: Al-Nassr, Al-Ittihad, Al-Hilal e Al-Ahli. Todos eles têm o mesmo dono: o Ministério do Esporte — por meio do Fundo de Investimentos Públicos (PIF, na sigla em inglês).
Em cada clube existe uma diretoria imposta por esse PIF. Junto dela, um diretor esportivo e um CEO se fazem presentes. A intenção é debater internamente e chegar a um denominador comum sobre os investimentos que serão realizados no mercado de transferências.
— Esses clubes têm uma certa autonomia, mas, no final, devem seguir uma série de parâmetros e listas de jogadores para obter o ‘ok final' — disse o diretor-esportivo.

Em resumo, os clubes podem rejeitar jogadores sugeridos pelo ministério e vice-versa. Foi o que aconteceu na temporada passada, quando o Al-Nassr, time de Cristiano Ronaldo, rejeitou a contratação de Sergio Ramos e acabou fechando com Luiz Felipe.
— É por isso que, nos últimos tempos, estes clubes recrutaram dirigentes esportivos europeus, capazes de filtrar o mercado. Estes têm peso na hora de decidir qualquer operação de compra ou venda, mas não têm uma decisão tão direta como (acontece) nas ligas europeias – explicou.
O restante dos clubes goza de mais de autonomia. Porém, é verdade que a Liga também controla seus movimentos. Depois que o governo atribui os valores financeiros a cada equipe, o investimento em contratações já poderá ser previsto.
— O projeto de 10 anos visa transformar a Liga numa competição forte e por isso sabem que têm de investir. A reivindicação no final são os jogadores.